O MercadoPago, meio de pagamento do Mercado Livre, vai lançar até o começo de fevereiro uma ferramenta para pagamento de uma série de impostos por meio de sua carteira digital, segundo a empresa informou em evento nesta sexta-feira.
A lista de impostos a ser paga pela ferramenta será divulgada pela empresa na próxima semana, mas incluirá impostos estaduais, federais e municipais.
A ferramenta fará parte de outras opções da carteira, que já incluem recarga de bilhetes de ônibus e metrô ou recarga de celular, além de pagamentos com QR Code (uma espécie de código de barra).
A empresa também anunciou que, nas próximas semanas, passará a permitir que usuários façam saques com QR Code em caixas eletrônicos. Em vez de inserir o cartão, bastará usar o celular.
Crescimento da carteira
Essas novas funcionalidades estão entre as apostas do MercadoPago para popularizar sua carteira digital. Em todo o ecossistema do MercadoLivre, foram 25,6 milhões de pagadores únicos na América Latina até setembro de 2019, últimos dados públicos divulgados.
O terceiro trimestre de 2019 foi especialmente importante para a empresa, quando o montante de pagamentos fora do Mercado Livre ultrapassou o volume feito dentro da plataforma de comércio eletrônico. O MercadoPago nasceu em 2004 justamente para proporcionar a transação de dinheiro nas compras e vendas da plataforma.
Futuro está no QR
Executivos do MercadoPago também afirmaram que mais de 170.000 pontos de venda no Brasil já aceitam QR Code do MercadoPago. Contando as maquininhas da empresa, são 1,5 milhão de pontos.
Mais de seis milhões de usuários no Brasil já usaram QR Code na America Latina, segundo os números do terceiro trimestre. A empresa não divulga número de usuários ativos no Brasil. A maior parte (70%) dos estabelecimentos participantes são do setor de alimentação. Outros 16% são farmácias e 5% são salas de cinema.
Tulio de Oliveira, vice-presidente do MercadoPago, afirma que ao longo de 2020 deve haver uma maior diversificação dos parceiros, para além do setor de alimentação. A empresa negocia com grandes redes e com pequenos negócios o uso de QR Code. Pelo próprio celular o pequeno empreendedor também pode aceitar pagamento QR.
“Se você for na Argentina, encontra nosso código QR em qualquer canto. No Brasil é mais difícil porque já existe um sistema de pagamento estabelecido”, diz Oliveira.
O uso da tecnologia de QR Code no Brasil ainda está majoritariamente concentrado na região Sudeste, onde a empresa tem mais concentração. A parceria com grandes players de aceitação nacional, como Burger King e McDonald’s, pode ajudar a carteira digital do MercadoPago a intensificar a operação no resto do país, segundo os executivos. “É tudo muito novo, inclusive para o vendedor. Tem um esforço de educação em todas as pontas da cadeia”, diz Oliveira.
Para atrair consumidores para esse meio de pagamento, a central de descontos do aplicativo do MercadoPago, lançada no fim do ano passado e que tem parcerias com grandes varejistas para oferecer descontos ao usuário, é um dos focos da empresa. Os descontos têm um custo misto, ocasionalmente bancado pelo MercadoPago e também pela varejista, diz Oliveira.
Nas próximas semanas, se juntarão à central de descontos nomes como as redes Petz, Giraffas, Outback, Madero e 5aSec.
Apesar da aposta no QR Code, o braço de maquininhas é um dos mais fortes do MercadoPago no Brasil: são 3,3 milhões de maquininhas ativas na América Latina, a maior parte no Brasil.
Quanto aos pequenos comerciantes, o executivo acredita que o MercadoPago está bem posicionado e tem espaço para seguir crescendo. “Ainda tem muita gente no Brasil fazendo pagamento em dinheiro”, diz Oliveira.
O executivo acredita que o futuro está no QR Code. “Vamos começar a ver cada vez mais competição, principalmente nos clientes maiores”, diz Oliveira. “É um sistema barato e altamente escalável.”
O executivo aposta que, com a regularização do mercado de pagamento instantâneo pelo Banco Central, muitas pessoas ingressão na plataforma. Quando a regulação vier, o que deve acontecer ainda neste ano e nos próximos, também deve começar a ser estabelecida a chamada interoperabilidade — tal como aconteceu com as maquininhas, que aceitam várias bandeiras de cartão, um terminal de QR Code conseguiria aceitar pagamentos de várias carteiras digitais.
Os executivos avaliam que o open banking deve aumentar a competitividade. O Brasil viveu no ano passado uma alta no número de fintechs, carteiras digitais e empresas de outros segmentos (como varejo) buscando atuar no setor financeiro.
“A gente já viu essa desconcentração no mercado de maquininhas. Isso deve acontecer também em outras frentes”, diz Oliveira.
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