Vinte anos após massacre em Columbine, pais temem novas tragédias e confiam pouco nas escolas

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Vinte anos após o tiroteio em Columbine High School,  em 20 de abril de 2019, uma visita à escola pode ter a sensação de ir ao aeroporto.

Autoridades armadas são comuns no campus. Assim como treinamentos de “correr, se esconder, lutar”, repletos de dicas sobre como sobreviver a um atirador. É comum que, em algus dias, os alunos, sem aviso prévio, passem por ensaios sobre como devem se defender. E, em alguns raros episódios, os adultos que ensinam álgebra ou estudos sociais podem estar armados.

Centenas de milhões de dólares foram gastos “endurecendo” as escolas contra o pesadelo de todos os pais: algo como o tiroteio de 1999, em que dois estudantes mataram 12 de seus colegas e um professor em uma escola de ensino médio no estado do Colorado, desencadeando um debate sobre violência armada e segurança nas escolas do país.

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Mas o aumento da segurança nunca aliviou a ansiedade. Os americanos acreditam que as escolas estejam mais inseguras hoje do que há duas décadas, de acordo com uma nova pesquisa — mesmo que estudos feitos em todo o país mostrem que, segundo a maioria das medidas adotadas, as escolas ficaram mais seguras.

De certa forma, o pânico e o legado sombrio de Columbine levaram para as escolas dos subúrbios e rurais alguns dos medos e pressões que os estudantes negros da cidade já vivenciam.

Lugar central no medo dos pais

Uma pesquisa realizada em março com 1.063 adultos pela Associated Press e pela Universidade de Chicago descobriu que 74% dos pais de crianças em idade escolar e 64% de não-pais acreditavam que as escolas eram mais inseguras hoje do que em 1999. Apenas 35% dos pais disseram que se sentiam “muito confiantes” de que seu filho estava seguro na escola.

A sequência aparentemente interminável de tiroteios em massa certamente não ajudou: houve tragédias semelhantes em cidades como Newtown, Parkland e Santa Fe.

Nesta semana, centenas de escolas em todo o Colorado foram fechadas, enquanto autoridades procuravam freneticamente por uma mulher armada que, segundo eles, havia feito ameaças e estava “apaixonada” por Columbine.

Metade dos entrevistados na pesquisa disse que a prática de bullying tinha uma ligação “muita clara” com tiroteios em escolas, e 48% disseram que a disponibilidade de armas também era um fator “muito considerável”.

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Estudante passa em frente à escola Columbine, em Littleton, no Colorado, palco de massacre há 20 anos. O medo de tiroteiros em escolas provocou um aumento nos esforços para segurança em sala de aula. Foto: DANIEL BRENNER / NYT

Este temor vai contra os dados apresentados em um relatório federal divulgado nesta semana. Segundo o documento, a escola ainda está entre os lugares mais seguros em que uma criança americana pode estar.

O homicídio é uma das principais causas de morte para os jovens americanos, mas a grande maioria dessas mortes ocorre em casa ou em sua vizinhança. Entre 1992 e 2016, apenas 3% dos homicídios de jovens e 1% dos suicídios de jovens ocorreram na escola, de acordo com o relatório.

Os níveis de criminalidade escolar diminuíram entre 2001 e 2017. O número de alunos entre 12 e 18 anos que relataram terem sido vítimas de um crime violento na escola durante os últimos seis meses caiu de 2% para 1%. Incidentes de roubo, brigas físicas, a disponibilidade de drogas ilegais e a prática de bullying também diminuíram.

Nos últimos anos, os tiroteios nas escolas eram tipicamente resultado de brigas pessoais, relacionamentos violentos ou roubos, de acordo com uma pesquisa da Everytown for Gun Safety, uma organização anti-armas.

O horror aos tiroteios em massa significa que estes episódios ocupam um lugar central no medo dos pais e no debate político sobre o acesso às armas e à segurança da escola, embora permaneçam raros. Houve 37 incidentes de tiro nas escolas dos EUA entre 2000 e 2017, uma média de dois a três por ano. Esses eventos resultaram em 67 pessoas mortas e 86 feridas, segundo os dados federais.

Os tiroteios mais notórios ocorreram em escolas suburbanas, predominantemente brancas. Mas os estudantes negros são desproporcionalmente afetados pela violência armada mais típica. Quatorze por cento dos estudantes nativos americanos e 8% dos estudantes negros relataram ter sido ameaçados ou feridos por uma arma na escola em 2017, em comparação com 5% dos estudantes brancos, de acordo com o relatório federal.

Os especialistas alertam que as escolas devem evitar a preparação excessiva de tiroteios em massa e, ao invés disso, se concentrar nas ameaças mais comuns à segurança dos alunos. Entre elas, problemas de saúde mental, trauma familiar, acidentes de trânsito e raptos de crianças devido a disputas de custódia.



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