Vacinação é essencial para o controle da Covid-19 e suas consequências

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Ainda falta muito para que toda a população brasileira – e nem se fale da mundial – seja vacinada e fique imune contra o novo coronavírus. Hoje, não há doses suficientes de imunizante (nem quando são consideradas as diferentes fórmulas e seus respectivos desenvolvedores) e as fabricantes correm para atender a todos os países do mundo.

As vacinas são usadas com sucesso há décadas. Já foram responsáveis por erradicar muitas doenças – algumas delas tão poderosas que dizimaram populações inteiras antes de serem extintas. Se hoje muitos passam a barreira dos 70, 80 e 90 anos, os imunizantes têm grande mérito: especialmente no Brasil que, apesar de não ter condições sanitárias ideais em muitas áreas, tem um calendário vacinal completo que garante que muitos cidadãos não sejam mortos por doenças infecciosas evitáveis.

Infelizmente, muitas fake news sobre os imunizantes foram espalhadas nos últimos anos e, hoje, há quem não se sinta seguro de recebê-los – mesmo tendo tomado tantos deles ao longo da vida. Com a vacina contra a Covid-19 não é diferente.

Por isso, a aprovação de duas fórmulas contra a doença para uso emergencial no Brasil trouxe alívio para uns e dúvidas para outros. “As vacinas são muito seguras, não há motivo para ter medo”, diz Gonzalo Vecina Neto, professor da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP) e fundador da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

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Em meio a tudo isso, o país sofre há semanas com a morte diária de mais de mil pessoas infectadas pelo novo coronavírus. Então, é de se supor que a imunização seja essencial nesse cenário – afinal, não será possível voltar a ter uma vida normal sem que boa parte da população esteja imunizada. O normal, inclusive, deve passar a ter outro significado depois da pandemia.

Vacina pelo bem coletivo

Além de ser essencial em termos individuais, a importância dos imunizantes deve ser compreendida em termos coletivos. Um vírus só deixa de circular em uma população quando se alcança a imunidade de rebanho — quer dizer, quando a quantidade de indivíduos imunes a ele é tão grande que não há mais hospedeiros viáveis a serem infectados.

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É essa imunidade coletiva, inclusive, que garante que mesmo aqueles que não estão imunizados sejam protegidos. Só por meio da vacinação da população em geral a proteção está garantida para quem não pode ser vacinado, como gestantes, crianças, alérgicos e imunodeprimidos, por exemplo. A imunização dos demais forma uma barreira de proteção em torno deles. É um pacto coletivo para controlar a doença.

Ou seja, a vacinação deve ser compreendida como uma necessidade da sociedade. Por isso, dizer que se vacina quem quer é perigoso – a ideia de que ‘quem se vacina está imunizado e eu não me vacino porque não ligo de correr o risco’ é uma grande falácia. Ainda mais em um momento de pandemia global.

Circulação do vírus só é controlada com vacinação

O que acontece, então, se uma grande parcela da população não for vacinada? A resposta é simples: o vírus vai continuar a circular, já que haverá muitos indivíduos ainda suscetíveis a ele, e a doença a se desenvolver. O volume de internações ainda será alto, os sistemas de saúde continuarão sobrecarregados e as mortes virão inevitavelmente.

Isso sem contar no esgotamento físico e mental imposto aos profissionais de saúde que atuam diretamente no combate à doença. Há um ano, eles trabalham em condições extremas e, sem a diminuição da quantidade de pessoas desprotegidas, isso não vai mudar tão cedo.

Outro perigo é a possibilidade de o vírus se tornar endêmico. Se isso acontecer, ele vai se manifestar com frequência em determinadas regiões, a doença não será controlada e a população dessas localidades terá de conviver constantemente com ele. A malária, por exemplo, é considerada endêmica no Brasil – atinge, principalmente, a região amazônica.

Desenvolvimento de mais variantes

Sem vacinação e com a circulação descontrolada do vírus por aí, também haverá mais mutações do microrganismo. Isso porque as novas cepas surgem de erros genéticos que ocorrem quando o agente infeccioso se replica. Então, se ele está livre para circular e se replicar, mais erros vão ocorrer e mais variantes vão surgir. “Alguns desses erros podem se tornar versões mais virulentas e resistentes do vírus”, explica Vecina.

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Com todas essas dificuldades, sem a vacinação de parte significativa da população, não haverá volta à vida normal – aquela de ir ao shopping, ao cinema e a shows. Neste momento, em que a Covid-19 ainda parece incontrolável no país, o primeiro impacto que os especialistas esperam com a vacinação é a redução de mortes pela doença.

Em uma segunda etapa, vai ser possível voltar a se reunir com familiares e amigos, tirar as máscaras e até ir a aglomerações maiores. No momento atual, entretanto, é essencial que todos os indivíduos aptos a serem vacinados o façam quando chegar a sua vez. Pelo bem de todos, não apenas de si próprio.

Via: Uol

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