Startup cria aplicativo que simplifica e organiza processo de delivery

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Ernesto Bitran, 44, é diretor de operações de uma rede de restaurantes japoneses chamada Sushi Chic. Em dado momento, precisou de uma solução para organizar e sustentar as vendas por delivery. Para seu patamar de vendas, nem tão volumoso quanto o das maiores franquias, nem tão conciso quanto o das pequenas casas, não havia um sistema capaz de atender às suas necessidades.

Dono de uma empresa de softwares, Leandro Rossi, 44, trabalhava em um escritório no mesmo prédio de Bitran. As muitas conversas de elevador construíram uma afinidade que se tornou uma parceria profissional. O trabalho em conjunto da dupla resultou em uma ferramenta que não só resolvia os problemas da Sushi Chic, mas tinha potencial de crescimento. A ideia se tornou independente quando o consultor de franquias, André Giglio, 50, percebeu que ela atenderia a dificuldades recorrentes em diversos outros negócios. “Nós encontramos aqui uma solução de problemas que eu tenho ouvido todo dia, toda hora. Até agora não tinha encontrado ela no mercado”, conta Giglio.

Assim surgiu a startup Go2Go. Fundado em São Paulo, em outubro de 2018, o aplicativo organiza e direciona os pedidos de marketplaces, como iFood, Uber Eats e Rappi, em uma interface única, simplificando o processo de delivery e também devolvendo aos estabelecimentos informações estratégicas que vinham se perdendo com o uso de aplicativos.

“A Go2Go resolve a dor do balcão”, explica Bitran, que é CEO da startup. “Ela tem dois papéis muito importantes: o primeiro é trazer gestão, entender quanto cada restaurante vende e onde. O outro é levar a conexão entre diversos serviços: motoboy, gestor, garçom, cozinha. Organizar essa vida toda em lugar só.” “É uma conexão fácil. É uma ferramenta com interface amigável para colocar todos os marketplaces e canais de vendas externas”, explica Rossi, diretor técnico da empresa.

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Além da centralização dos pedidos, otimizando os processos e reduzindo o tempo gasto neles, a relação entre cliente e estabelecimento deixa de ter um intermediário que omite informações. Ter esses dados é importante para diminuir a dependência dos aplicativos de fora e conhecer as necessidades do público-alvo, entender seu comportamento. “Oferecemos o canal para os estabelecimentos terem suas próprias ferramentas de captura e pedido. Hoje, você não vai fazer o cliente se direcionar para um formato, ele que resolve como e onde ele vai comprar. Cabe estar preparado para estar presente onde ele quiser”, explica Giglio, diretor comercial do empreendimento.

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Devido à pandemia da Covid-19, o serviço de entrega em casa praticamente se tornou imprescindível para os restaurantes, forçando o desenvolvimento desse serviço e contribuindo para o crescimento da Go2Go. “Estávamos no lugar certo, na hora certa”, explica Bitran. “O processo de digitalização do mercado acontece desde o início dos anos 2010. A gente se posicionou para atender a isso, mas a pandemia obviamente acelerou.”

No início de 2020, antes da pandemia, a Go2Go trabalhava com oitenta marcas, que somavam um pouco mais de 300 lojas. No fim do ano, chegou a 396 marcas, resultando em cerca de 2 000 lojas. O faturamento cresceu seis vezes no período.

Os produtos da prateleira de serviços digitais oferecidos variam de 99 a 499 reais. O público da startup é diverso: desde pequenos empreendedores até redes consolidadas de fast food. Esses pacotes oferecem especificações de acordo com a necessidade do comprador, com taxações seguindo a quantidade de marketplaces operados.

Em São Paulo, são 328 clientes e 1 842 lojas. Entre eles está a Olga.ri, um restaurante de saladas que nasceu já direcionado para o delivery. “Tínhamos um sistema, até pouco tempo atrás, que era muito old school. Ele não contemplava coisas que eram importantes para nós, principalmente a questão de integração com o nosso sistema”, conta Cristina Sindcic, 30, diretora de marketing do empreendimento gastronômico. Ela diz que em grande parte das vendas pelo menos metade dos pedidos vinha pela plataforma própria, que não era compatível com o aplicativo anterior. “A gente conseguiu integrar todas as fontes de canais de recebimento de pedido em um único sistema, e isso era um grande gargalo nosso.”

Eduardo Brodsky, 38, é dono do Sweet Point, confeitaria que funciona desde 1984. Empresa familiar criada por seu pai, tinha como ponto forte o atendimento a redes de supermercados. No entanto, em 2020 a pandemia pegou o negócio de surpresa. Por sorte, ele tinha começado a testar o delivery para o consumidor final em fevereiro. “Em março conhecemos a plataforma. Colocamos no sistema porque simplificava a integração dos pedidos”, explica. Com a mudança de público, atendendo agora clientes finais, na ponta, ele afirma que o aplicativo da startup melhorou a performance da Sweet Point ”Centralizamos tudo em um painel só. Isso facilitou para os funcionários.”

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Publicado em VEJA São Paulo de 17 de fevereiro de 2021, edição nº 2725

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