Prêmio Faz Diferência: Carlos Eduardo Prazeres, criador da Orquestra Maré do Amanhã, comemora ‘reconhecimento fantástico’

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RIO — Vencedor do Prêmio Faz diferença na categoria Rio na noite desta quarta-feira, o criador da Orquestra Maré do Amanhã, Carlos Eduardo Prazeres, definiu sua vitória como “um reconhecimento fantástico ao projeto”. Ele dedicou a estatueta aos seus alunos.

— Este prêmio não é só meu, mas de um grupo de pessoas que se dedica a ele. Inclui, por exemplo, jovens de 16 a 19 anos, que participam do projeto, que hoje dá aulas em 23 unidades pré-escolares da Maré e em duas unidades do ensino fundamental — comemorou.

O maestro destacou, também, o quanto a iniciativa do GLOBO ajuda a colocar em evidência estes adolescentes, que encontram dificuldades na busca por oportunidades.

— Muitas vezes os moradores de favela ficam invisíveis à sociedade, mas são pessoas dedicadas, que buscam seu lugar ao sol — acrescentou.

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Prazeres lembrou, por fim, a importância dos patrocinadores num projeto como da Orquestra.

— Temos planos para expandir o projeto para todas as escolas da Maré, mas, dependemos da entrada de patrocínios. Este ano, por exemplo, passamos por dificuldades e tivemos que adiar uma oficina no Instituto Dom Bosco, para menores infratores, na Ilha do Governador, por limitações de orçamento. Lá, atenderíamos entre 30 e 40 adolescentes. Após a mudança de governo, perdemos três patrocínios, um deles master — concluiu.

Tragédia pessoal se transformou em motivação

Em 14 de janeiro de 1999, uma tragédia marcou a música clássica brasileira. Após um sequestro relâmpago em Laranjeiras, o maestro Armando Prazeres, fundador da Orquestra Petrobras Sinfônica, acabou assassinado com um tiro. As investigações concluíram que o autor do crime era morador da Maré.

Foi justamente o complexo de favelas que margeiam a Linha Vermelha e a Avenida Brasil que Carlos Eduardo Prazeres, filho do maestro, escolheu para transformar o luto em acordes, que, desde 2010, vêm mudando as perspectivas de crianças e jovens de uma área regida pela violência.

Oito anos depois de criada por Carlos Eduardo, a Orquestra Maré do Amanhã atende 3.500 meninos da comunidade. Do currículo da orquestra principal — com 40 instrumentistas, entre 13 e 19 anos — consta a emoção de ter se apresentado para o Papa Francisco, no Vaticano. O projeto conta ainda com duas orquestras infantis e oferece aulas de musicalização às crianças das 23 creches e Espaços de Desenvolvimento Infantil (EDIs) da Maré.

E são tantas as histórias de vida dos meninos da Maré do Amanhã que elas viraram o documentário “Contramaré”, produzido pelo GLOBO e lançado em 2018.

— Ganhamos uma sede. E, agora, o Faz Diferença. Tudo isso nos estimula ainda mais. Queremos multiplicar o número de alunos, chegar a quatro mil este ano. Estamos correndo atrás de patrocínio — diz Carlos Eduardo.



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