A Polícia Civil de Minas Gerais está analisando o conteúdo de um vídeo entregue pela cervejaria mineira Backer e que pode reforçar a hipótese de que a empresa tenha sido alvo de sabotagem.
A corporação disse que não pode dar detalhes sobre o vídeo para não atrapalhar as investigações sobre a contaminação de 22 lotes de oito diferentes rótulos de cervejas produzidas pelas Backer: Belorizontina, Capixaba, Capitão Senra, Pele Vermelha, Fargo 46, Backer Pilsen, Brown e Backer D2.
A cervejaria, no entanto, confirma que teve acesso e repassou imediatamente à Polícia Civil “um vídeo cujo conteúdo pode estar relacionado com as investigações em curso”. O vídeo, de acordo com a empresa, foi entregue às autoridades nesta quinta-feira (16).
Ontem, policiais mineiros cumpriram mandados de busca e apreensão em uma empresa distribuidora que fornece a Backer insumos usados na produção de cerveja. A distribuidora, cujo nome não foi divulgado, fica em Contagem, na região metropolitana da capital mineira.
Depoimentos
Na quinta mais duas pessoas prestaram depoimento na 4ª Delegacia de Polícia, em Belo Horizonte, onde um inquérito policial foi instaurado para apurar a suposta contaminação das cervejas da Backer por duas substâncias tóxicas usadas em sistemas de refrigeração por suas propriedades anticongelantes, o monoetilenoglicol e o dietilenoglicol.
De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, exames periciais demonstram a presença das duas substâncias nos 22 lotes dos oito rótulos de cerveja considerados contaminados. No último dia 13, quando a contaminação pelos anticongelantes ainda era uma suspeita, o ministério intimou a empresa a recolher dos estabelecimentos comerciais toda a bebida produzida a partir de outubro de 2019. Além disso, lacrou tanques e demais equipamentos de produção e determinou a apreensão de 139 mil litros de cerveja engarrafada e 8.480 litros de chope.
Até o momento, quatro mortes estão sendo atribuídas à intoxicação pelo consumo da cerveja Backer, particularmente da Belorizontina. A primeira morte, de uma mulher, ocorreu em Pompéu, a cerca de 170 quilômetros da capital mineira. Embora a vítima tenha falecido em 28 de dezembro, só ontem (16) a Secretaria estadual de Saúde confirmou que o caso pode estar associado à síndrome nefroneural provocado pela intoxicação. As outras três vítimas fatais são do sexo masculino e vieram a óbito em 7, 15 e 16 de janeiro, em Juiz de Fora e Belo Horizonte, respectivamente.
Outros 14 pacientes continuam internados em estabelecimentos de saúde mineiros. Dos 18 casos registrados até hoje, apenas quatro já têm laudos atestando a presença de dietilenoglicol no sangue, incluído o homem que faleceu no último dia 7. Doze das vítimas residem ou residiam em Belo Horizonte e seis moram ou moravam em Nova Lima, Pompéu, São João Del Rei, São Lourenço, Ubá e Viçosa.
Todas as pessoas internadas devido à suspeita de terem desenvolvido a síndrome nefroneural apresentaram sintomas semelhantes – insuficiência renal aguda de evolução rápida (ou seja, que levou a pessoa a ser internada em até 72 horas após o surgimento dos primeiros sintomas) e alterações neurológicas centrais e periféricas que podem ter provocado paralisia facial, embaçamento ou perda da visão, alteração sensório, paralisia, entre outros sintomas.
Em nota, a Backer diz que contribui com as autoridades sem restrições e reforça que é a principal interessada na apuração e elucidação dos fatos.
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