Após um empate eletrizante no clássico com o Flamengo na última quarta-feira, o Vasco deu chegou a dar a impressão de que conseguiria uma vitória tranquila sobre o Goiás em São Januário, pela 33ª rodada do Campeonato Brasileiro. Mas a queda de rendimento do time a partir dos 15 minutos do segundo tempo custou caro, e o Cruz-maltino acabou castigado com uma lambança coletiva de sua defesa aos 51 minutos do segundo tempo.
Com o empate em 1 a 1, a equipe do técnico Vanderlei Luxemburgo permanece estagnada na 10ª posição, a uma distância segura do Z4, mas cada vez mais distante da briga por uma vaga na pré-Libertadores.
Nos primeiros minutos de jogo, foi o Goiás quem começou melhor no jogo. Chegando com facilidade à meta vascaína, o Esmeraldino forçou o goleiro Fernando Miguel a fazer pelo menos três boas defesas nos primeiros 15 minutos. Na sequência, o Gigante da Colina contou com uma atuação inspirada de Guarín, que organizava o time e aos 36 minutos, no talento e na raça, abriu o placar após boa trama com Cáceres e Marrony.
Na volta do intervalo, o Vasco continuou melhor na partida e parecia prestes a ampliar o placar, mas a dificuldade de matar o jogo cobrou seu preço. A partir dos 15 minutos, o Goiás começou a pressionar os donos da casa, e poderia ter chegado ao empate se não fosse uma decisão polêmica da arbitragem.
Aos 24 minutos, Fábio Sanches deixou tudo igual após falha de Fernando Miguel, mas o juiz, com auxílio do VAR, viu falta de Rafael Moura em Guarín. No apagar das luzes, a pressão esmeraldina foi recompensada com uma falha coletiva que culminou no gol contra de Henríquez.
Fazer apresentações em vídeo pode consumir muita energia, ainda mais se for preciso abrir diferentes telas para ver os recursos que podem ser inseridos. Para facilitar esse tipo de produção, a Prezi, empresa de comunicação visual, anunciou o lançamento do primeiro produto de produção de vídeo que insere a pessoa e os conteúdos audiovisuais na mesma tela e em tempo real.
O Prezi Video integra os recursos visuais à tela principal da mesma maneira que uma transmissão de notícias, eliminando a necessidade do usuário mudar para outra tela quando desejar ver os conteúdos. Segundo a startup, “o Prezi Video foi criado para indivíduos e clientes em uma ampla gama de setores – incluindo profissionais e educadores”.
“O Face-to-screen, em que o rosto do apresentador está presente, se tornou o principal tipo de comunicação por vídeo e acreditamos que ele mereça ferramentas visuais mais imersivas”, explicou Peter Arvai, cofundador e CEO da Prezi. “Quando as informações visuais estão ao lado do seu rosto na tela – ou em suas mãos – você pode apostar que parece mais real e atraente tanto para o interlocutor quanto para o público.”
O software de gravação de vídeo permite às pessoas criar tutoriais, webinars, treinamentos e planos de aula em tempo real. Além disso, os usuários podem importar e converter suas apresentações anteriores do Prezi e do PowerPoint para o novo recurso. A startup trabalha com alguns serviços de webconferência, incluindo o Webex.
A presidente e gerente da Webex Teams, Lorissa Horton, comunicou a parceria com a Prezi e disse que as empresas buscam oferecer às pessoas uma comunicação visual melhor. “Em parceria com a Prezi, nossos clientes em comum agora serão capazes de entregar seus conteúdos em um único ambiente integrado, permitindo que façam apresentações mais envolventes e com maior repercussão em seus públicos. Prezi Video e Webex Teams, juntos, oferecem o futuro da comunicação visual.”
Terry Schussler, diretor sênior de computação espacial da Deutsche Telekom, afirmou que a ferramenta o ajudou a economizar tempo na hora de fazer apresentações. “O Prezi Video vem com diversos modelos de design muito bons que permitem a disposição espacial adequada tanto do apresentador como do conteúdo para uma ótima experiência de visualização. Além das apresentações ao vivo, eu posso facilmente gravar e compartilhar vídeos em menos de uma hora.”
São Paulo — A Polícia Federal deflagrou na manhã desta quarta, 21, a 63ª fase da Operação Lava Jato, chamada Carbonara Chimica, para investigar a suspeita de pagamentos periódicos indevidos a dois ex-Ministros de Estado por parte da Odebrecht. A ação apura crimes de corrupção ativa e passiva, além de lavagem de capitais.
Agentes cumprem dois mandados de prisão temporária contra Maurício Ferro, ex-diretor jurídico do grupo e cunhado de Marcelo Odebrecht, e Newton de Souza, também ex-executivo da empreiteira.
Cerca de 40 Policiais Federais participam da ação e cumprem ainda 11 mandados de busca e apreensão em São Paulo e na Bahia. As ordens foram expedidas pela 13ª Vara Federal de Curitiba, no Paraná.
A Justiça Federal determinou ainda o bloqueio de R$ 555 milhões dos investigados.
A Polícia Federal indicou que o nome da operação remete aos codinomes dos investigados na planilha da Odebrecht – “Italiano” e “Pós-Itália”.
O primeiro se referia a Antonio Palocci e o segundo a Guido Mantega, ex-ministros dos governos Lula e Dilma ao fato de que os investigados eram identificados como “Italiano” e “Pós-Itália”, havendo ainda correlação com a atividade desenvolvida por uma das empresas envolvida no esquema.
Segundo a PF, o pagamento da propina tinha como objetivo, entre outras coisas, a aprovação de Medidas Provisórias que instituiriam um novo refinanciamento de dívidas fiscais e permitiriam a utilização de prejuízos fiscais das empresas como forma de pagamento (Refis da Crise – MPs 470/2009 e 472/2009).
Os valores eram contabilizados em uma planilha denominada “Programa Especial Italiano”.
De acordo com a PF, há indícios de que parte dos valores indevidos teria sido entregue a um casal de publicitários como forma de dissimulação da origem do dinheiro.
Os presos serão levados para a sede da PF em São Paulo, e posteriormente transferidos para a Superintendência do Paraná, onde serão interrogados, indicou a corporação.
A Logitech criou uma caneta para tornar mais fácil de desenhar e esculpir imagens em realidade virtual. A VR Ink Pilot Edition, possui uma ponta sensível à pressão para desenhar em superfícies, a caneta também possui botões adicionais, controles de aderência e uma faixa de toque 2D para permitir a manipulação de objetos em realidade virtual.
Depois de desenhar em 2D, o design pode ser “puxado” para uma forma 3D, o que ajudará a reduzir os tempos de produção. A empresa ainda está decidindo para quem o produto será direcionado.
Pelo vídeo de divulgação, a caneta está sendo usada principalmente para trabalhos 3D de designers de automóveis e aviões.
A empresa afirma que a caneta estará disponível até o final do ano para parceiros da marca e não há informações de preços e a data que o produto poderá chegar o público.
Uma rede sofisticada de ciberespionagem chamada “TajMahal” estava ativa desde 2013 para invadir, roubar dados e corromper sistemas de tráfego de informação. No final de 2018, a plataforma maliciosa foi descoberta por uma empresa russa de cibersegurança, a Kaspersky Lab. A companhia divulgou nesta quarta-feira, 10, os resultados da investigação, bem como detalhes sobre a infraestrutura e os métodos de ataques da ameaça.
De acordo com a Kaspersky Lab, a “TajMahal” é uma ameaça persistente avançada (APT) e atuava com 80 módulos maliciosos e funcionalidades nunca vistas em APTs. Essas ameaças são redes sofisticadas e avançadas de ciberataques, usadas por hackers em campanhas longas e com alvos específicos.
Com o “TajMahal”, hackers são capazes de invadir e roubar cookies do navegador, coletar a lista de backup de aparelhos móveis da Apple, roubar dados de CDs, bem como documentos que estão na fila de uma impressora. Podem também solicitar o roubo de um arquivo em específico, visto anteriormente em pen drives, o que fará o malware roubar dados do dispositivo na próxima vez que for conectado à entrada USB de um computador.
“A infraestrutura TajMahal é uma descoberta muito interessante e intrigante. A sua sofisticação técnica é incontestável e inclui funcionalidades que nunca vimos em grupos especializados em APTs”, afirmou o especialista em lead malware da Kaspersky Lab, Alexey Shulmin.
As origens e autores da distribuição e infecção do “TajMahal” continuam desconhecidos. Shulmin informou que não foram encontradas “pistas que possamos seguir, nem quaisquer links que nos levam a grupos que criaram esta ameaças”.
Apesar da sofisticação da rede, ela parece estar desconectada de hackers conhecidos, informou a empresa. Além disso, a Kaspersky Lab identificou, até agora, uma única vítima do grupo de malware, uma embaixada na Ásia Central, que teve seus sistemas infectados em 2014.
Para a empresa, a infraestrutura da rede foi desenhada com a intenção de uma vasta ação de ciberespionagem. A análise do Kaspersky Lab mostrou que a plataforma foi desenvolvida e utilizada, pelo menos, durante os últimos cinco anos, sendo que a data da amostra mais antiga é de abril de 2013 e a mais recente de agosto de 2018.
Por isso, a descoberta de um único alvo é intrigante para Shulmin, que considera que ainda há muitas questões sem respostas. “Nos parece muito pouco provável que este investimento tenha apenas uma vítima como alvo. Isto sugere que há vítimas que ainda não foram identificadas ou que há versões atualizadas deste malware em ação– ou possivelmente ambas as opções”, ponderou.
“TajMahal” foi inspirado no arquivo de mesmo nome utilizado pelos hackers da rede para extrair a informação roubada. A empresa de segurança estima que a infraestrutura se divida em dois pacotes principais de ciberespionagem: “Tokyo” e “Yokohama”.
O primeiro é menor e ataca em cerca três módulos. Contém a funcionalidade principal de backdoor (método de ultrapassar acessos e autenticações não autorizados) e conecta-se periodicamente com os servidores de comando e controle. “Tokyo” aproveita o PowerShell – ferramenta do Windows e outros sistemas operacionais para a automação de tarefas e execução de scripts no sistema – e permanece na rede mesmo depois da invasão ter evoluído para o nível dois, o “Yokohama”.
Este é mais complexo: uma infraestrutura repleta de ferramentas de espionagem. Inclui um Sistema Virtual de Arquivos (VFS) com plugins, open source, bibliotecas de terceiros e arquivos de configuração. O pacote abrange cerca de 80 módulos que incluem carregadores, orquestradores, comunicadores de comando e controle, gravadores de áudio, keyloggers, grabbers de webcam e tela, documentos e ferramentas para roubar chaves de criptografia.
Os sistemas-alvo identificados pela Kaspersky Lab foram infectados tanto pelo “Tokyo” quanto pelo “Yokohama”. Segundo a empresa, isso sugere que o “Tokyo” foi utilizado no primeiro nível da infeção e, o “Yokohama”, inserido em ataques às vítimas em que os hackers tinham mais interesse e deixado no sistema para realizar backups.
A cidade de São Paulo informou que vai reduzir o intervalo de aplicação entre a segunda e a terceira dose de vacinas da Covid-19. A medida foi divulgada nesta quinta-feira (2) pelo governo de São Paulo, com a confirmação dos primeiros casos da variante Ômicron.
Até então, o intervalo entre a segunda e a terceira dose adotado era de 5 meses. Com a mudança, passa a ser de 4 meses. A medida já é válida em todos os pontos de aplicação de imunizantes da capital paulista. Com a mudança, a estimativa da gestão Ricardo Nunes (MDB) é que cerca de 1,2 milhão de paulistanos passem a estar aptos a receber a dose adicional.
“As estratégias adotadas fazem parte de um esforço para que não haja uma aceleração do número de casos e internações no município, após o surgimento da variante Ômicron”, disse Edson Aparecido, secretário municipal da Saúde.
Durante o sábado (4) os megapostos e as UBSs estarão abertas para vacinação. Também nesta quinta, a prefeitura anunciou a manutenção da obrigatoriedade do uso de máscaras em locais abertos por tempo indeterminado e a suspensão da festa de Réveillon na Avenida Paulista.
Um cachorro acompanhou o velório de sua tutora e chamou atenção dos presentes porque chorava bastante e não saía do local. Luzinete Lopes Diniz foi vítima de um infarto e foi velada em sua casa, em Camaçari, na região metropolitana de Salvador, na quarta-feira (28).
O cachorro Toy, como é chamado, não deixava ninguém se aproximar do caixão no início do funeral. “Ele ficava do lado, sempre chamando ela, arranhando o caixão. Queria entrar no caixão quando estávamos colocando o corpo dela “, contou ao G1 Jailson Santos, amigo da família de Luzinete Diniz e dono da funerária Almeida Camaçari, que trabalhou no velório.
Jailson conta que Toy chegou filhote na casa da idosa e era tratado como membro da família. Segundo ele, o animal acompanhava a dona para ir ao salão e ao supermercado. “Ele estava com ela desde bebezinho. Ela tinha ele como filho, tratava como filho”, contou o amigo da família.
O enterro de Luzinete aconteceu no Cemitério do distrito de Parafuso, na cidade de Camaçari. Horas depois, Jailson escreveu um texto nas redes sociais contando como foi presenciar a despedida de Toy a Luzinete.
“O dia hoje amanheceu triste com o falecimento de dona Luzinete, Testemunha de Jeová, como era conhecida, pessoa muito querida. E o que mais estou impressionado é com o desespero desse cachorro da família, parecendo que estava entendendo que a dona estava falecida, chorando como se fosse uma pessoa quando perde um ente querido, não queria deixar ninguém chegar próximo ao caixão”, registrou o amigo da família nas redes sociais.
Responsável pela divisão de Avaliação da Educação Básica do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), o general da reserva Carlos Roberto Pinto de Souza, 59, morreu nesta segunda-feira (11). Ele, que comandava a diretoria responsável pela elaboração do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), estava em Curitiba, Paraná.
O Instituto divulgou uma nota de pesar sobre o falecimento. “A presidência do Inep, em nome de todos os seus colaboradores agradece o trabalho desempenhado com dedicação, entusiasmo, responsabilidade e senso ético pelo diretor Carlos Roberto. Seu nome estará registrado na história do Inep”, diz o texto.
De acordo com o jornal Folha de S.Paulo, Carlos morreu em decorrência de complicações da Covid-19. O Inep afirmou que o general participou da concepção do Enem Digital. Ele foi nomeado em agosto de 2019 para o cargo.
O general era doutor em altos estudos militares e mestre em estratégia, sem formação na área de avaliação escolar. Anteriormente Carlos trabalhou como assessor no Ministério da Ciência e também como comandante do Centro de Comunicações e Guerra Eletrônica do Exército.
ADIAMENTO DO ENEM
A Defensoria Pública da União (DPU) recorreu à Justiça Federal para tentar adiar a realização das provas do Enem, agendadas pelo Ministério da Educação (MEC) para começar no próximo domingo (17).
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Entidades científicas como a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), além de organizações como a União Nacional dos Estudantes (UNE) e a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes) também defendem o adiamento do exame.
Em comum, as iniciativas favoráveis à suspensão temporária sustentam que as aglomerações nos locais de prova favorecerão a disseminação do novo coronavírus e o aumento do número de casos da Covid-19 em um momento em que a incidência da doença está aumentando em quase todo o país.
Em redes sociais, o Ministério da Educação afirmou que tem sido “diligente” [cuidadoso] na aplicação dos recursos públicos para garantir a segurança dos candidatos do Enem. Em nota divulgada em seu site, o ministério afirma que o Inep destinou 64 milhões de reais apenas para as medidas de prevenção contra a Covid-19 na aplicação do Enem (aquisição de equipamentos de proteção individual, álcool em gel e mais locais para aplicação de provas) e detalhou as principais ações que o instituto vem adotando.
“Foram estabelecidas regras específicas para reduzir aglomerações nos locais de prova, durante a aplicação”, destaca a pasta, explicando que tais normas foram definidos em conjunto com as empresas contratadas para aplicar o exame, com base nas principais diretrizes do Ministério da Saúde e “de outros órgãos e entidades de referência”.
O pedido ainda de adiamento ainda não foi julgado pela Justiça.
Nascido e criado entre Pinheiros e a Pompeia, na Zona Oeste, Guilherme Boulos trocou a casa dos pais e a abastança da classe média alta, em 2002, para viver em um acampamento do MTST em Osasco. Dormiu em ocupações por dois anos e se tornou o principal líder do movimento. Há sete anos mora no Campo Limpo com a esposa e as duas filhas em um sobrado de 100 metros quadrados no nome do pai.
Na segunda empreitada eleitoral da vida (em 2018 obteve 617 000 votos para a Presidência), Boulos diz que o meio ambiente é um dos pilares de sua candidatura. Porém, precisa explicar por que, no passado recente, seu MTST invadiu terrenos em área de proteção ambiental, como no Jardim Ângela, às margens da Represa Guarapiranga. Chamado de Ocupação Nova Palestina, o espaço, que deveria virar um parque, tem 1 milhão de metros quadrados (maior que os parques Villa-Lobos e Aclimação juntos) e abriga desde 2014 cerca de 2 000 famílias, que vivem de forma precária.
A ideia era construir moradias para mais de 20 000 pessoas, mas o dinheiro do governo federal, via Minha Casa Minha Vida, nunca veio. Já o chamado Copa do Povo, um terreno de 155 000 metros quadrados (maior que o Parque Burle Marx), em Itaquera, foi invadido a um mês da Copa. Em 2015, acabou comprado pelo governo federal por 53 milhões de reais (valor atualizado), mas o dinheiro para a obra nunca saiu. Em outros casos, o desfecho foi ainda pior, como em 2012, no bairro Pinheirinho, em São José dos Campos. Após uma violenta ação de reintegração de posse, Boulos se tornou réu por vandalismo.
Para compensar sua inexperiência em gestão, o líder do MTST escalou a deputada e ex-prefeita Luiza Erundina como vice. Como prefeita (1989-1992), saiu com apenas 20% de aprovação, ganhando só de Celso Pitta. Entre pontos que geraram críticas, a mudança da prefeitura para o Palácio das Indústrias (que em nada mudou o abandono do vizinho Parque Dom Pedro) e milionárias obras entregues incompletas, como o Sambódromo do Anhembi e o Anhangabaú.
Se eleito, Boulos vai enfrentar os mesmos problemas que ela na Câmara. Assegura até ressuscitar algumas propostas que naufragaram por falta de apoio dos vereadores, incluindo muitos do PT, seu então partido, como o IPTU progressivo e a tarifa zero no transporte. Para isso, promete diálogo, o que se traduz na mudança de seu estereótipo de radical (até adotou a barba aparada), como fez o então candidato Lula em 2002. Aliás, Boulos era o preferido do petista na capital. Ambos se tornaram próximos quando o ex-presidente foi preso, há dois anos. Nos últimos dias, o candidato do PSOL precisou explicar diversas vezes a ideia de que contratar mais servidores concursados faria o déficit previdenciário municipal retroceder.
Herdeiro da prefeitura após a renúncia de João Doria, em 2018, Bruno Covas bem que tentou, mas não conseguiu deixar uma marca na cidade que tivesse seu nome e sobrenome. Pretendeu transformar em parque o Elevado Presidente João Goulart, o Minhocão, mas a empreitada esbarrou em questionamentos da Justiça e de vereadores. As obras foram iniciadas neste ano, com a elevação dos gradis, mas a conclusão (ou não) ficará para o próximo prefeito. Também objetivou angariar louros com a reforma do Vale do Anhangabaú, mas por ora, com as obras em andamento, ficaram as críticas pela aridez e por não ser exatamente prioritária. Quando a construção ficar pronta, diz que o local renderá 1 bilhão de reais, em quatro anos, graças a eventos.
No campo da habitação, embora tenha prometido construir 21 000 moradias, entregou 14 000. Diz que mais 14 000 foram construídas para a iniciativa privada graças a isenções de taxas e tributos (veja mais na pág. 29). Covas também terceiriza, desta vez aos vereadores, a responsabilidade pelo não andamento de cinco planos de intervenção urbana, como Vila Leopoldina e Água Branca.
Enquanto trabalha para se reeleger, o prefeito passa boa parte da campanha precisando responder pelos atos de seu vice, Ricardo Nunes (MDB), que chegou a ser acusado pela esposa, em 2011, de violência doméstica. Na última terça (24), à Rádio CBN, o prefeito disse que a imprensa persegue o atual vereador, investigado pelo Ministério Público por suposto favorecimento a uma ONG ligada a creches conveniadas. O próprio prefeito afirmou, no Roda Viva, que preferia uma mulher para vice. Marta Suplicy, que apoia pessoalmente o tucano, chegou a ser cotada, mas o prefeito avaliou que isso lhe traria mais ônus que bônus.
Na reta final do mandato, conseguiu mudar uma fama que gerou desconfortos a ele e a seu ex-chefe e hoje governador de São Paulo: a de baladeiro. Tão logo emagreceu 20 quilos, viajou de férias para a Croácia, com três amigos, apenas sete meses depois da posse, em 2017. Entre praias, piscinas e muita agitação no verão europeu, raspou a cabeça e deixou a barba crescer. Em março de 2019, estava em Lisboa quando um temporal deixou a cidade debaixo d’água. Neste ano, em meio à pandemia e ao tratamento contra um câncer agressivo, o neto de Mario Covas se mudou para a sede da prefeitura, onde ficou por dois meses. É esse Bruno que aparece no programa eleitoral.
Seu programa prevê aumento de impostos, tanto de ISS quanto de IPTU. No caso do ISS, um efeito possível, dada a disputa fiscal existente entre municípios, é que prestadores de serviço transfiram sua sede da capital para outras cidades. Como lidaria com essa possível perda de receita? No caso do IPTU, o que o senhor considera “mansões”, que seriam mais tributadas conforme escrito em seu programa de governo?
A pergunta parte de uma premissa equivocada. Nosso programa prevê apenas o aumento do ISS dos bancos — e não de prestadores de serviço, ou seja, não há nenhum motivo para que eles saiam da cidade. Pelo contrário: nosso programa econômico implementará mecanismos para aumentar a demanda, como a Renda Solidária, o que ajudará na retomada econômica no pós-pandemia, beneficiando inclusive o setor de serviços. Mansões, para nós, são megamansões como a do governador João Doria. Esse reajuste de alíquota segue o princípio de progressividade do IPTU já previsto na legislação municipal e terá um efeito pedagógico, de justiça social.
O programa de governo propõe “garantir o cumprimento da função social da propriedade nos imóveis ociosos”. Quantos imóveis nessas condições o seu governo pretende desapropriar?
Segundo dados da gestão Covas, existem 2 824 imóveis com indícios de ociosidade na cidade. Esse número, porém, tem grandes chances de estar subdimensionado pela própria falta de vontade política do PSDB em enfrentar a especulação imobiliária, já que Covas tem sua campanha financiada pelo setor. Nós faremos um mapeamento detalhado a partir de 1º de janeiro de 2021 para verificar a quantidade real de imóveis ociosos em toda a cidade.
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Movimentos reivindicatórios às vezes fazem uso de atos violentos para se fazer ouvir. Como o senhor atuaria, sendo prefeito, em caso de acontecer, por exemplo, a invasão de um prédio que estivesse pronto para ser habitado e prejudicasse as famílias que estavam aguardando na fila por aquelas moradias?
A criminalização dos movimentos sociais promovida pelo PSDB não resolve o problema da desigualdade social. Esses atos poderiam ser evitados com diálogo, já que são fruto do desespero de setores sociais que não são escutados e recorrem a esse tipo de manifestação como último recurso para ser ouvidos. Nossa prefeitura governará junto com o povo, num processo de diálogo permanente com conselhos populares nas subprefeituras e no orçamento participativo, ouvindo as reivindicações de todos os movimentos sociais e buscando atender às demandas que expressam diferentes carências da cidade.
Fizemos a reforma administrativa, enxugamos a máquina, cortamos 6 800 cargos, privatizamos e fizemos concessões de vários equipamentos para economizar recursos da sociedade. O senhor pretende criar alguma estatal ou autarquia nova? Extinguiria alguma existente?
Nós pretendemos fazer concursos e valorizar a gestão direta e o serviço público, começando pela contratação de 500 novos médicos para atuar na periferia já no ano que vem. A gestão Covas vai terminar 2020 com 19 bilhões de reais em caixa, parados, no meio de uma pandemia. Esses recursos têm de ser utilizados em benefício da população, e o governo existe para governar, não para se omitir e terceirizar responsabilidades. Como explicar, por exemplo, que depois de gastar quase 100 milhões de reais na reforma do Vale do Anhangabaú, a prefeitura tenha concedido o espaço por apenas 6 milhões de reais à iniciativa privada?
Cerca de metade dos paulistanos tem pets. O cuidado com animais de estimação é uma demanda legítima que a sociedade colocou ao poder público e, por isso, foi absorvida pelos mais diversos governos. Abrimos o terceiro hospital veterinário da cidade, gerido por uma organização social, e na próxima gestão faremos mais um. Por que seu programa não propõe nada para atendimento veterinário na cidade?
Temos compromisso com a ampliação da rede pública de atendimento veterinário. Também vamos investir em programas de conscientização sobre bem-estar animal, com promoção de campanhas de castração de animais domésticos e de rua, além de vacinação, incentivando as adoções conscientes. Além disso, vamos criar um programa de animais domésticos que vivem em situação de rua. Toda essa política será construída com participação popular e em diálogo com entidades de proteção dos animais.
Como explicar, por exemplo, que depois de gastar quase 100 milhões de reais na reforma do Vale do Anhangabaú, a prefeitura tenha concedido o espaço por apenas 6 milhões de reais à iniciativa privada?
Boulos
Vejinha pergunta:
Boulos, o PT e o MTST participarão da sua gestão? Se sim, de que forma? Integrantes do partido e do movimento teriam quais espaços no seu mandato?
Nenhum prefeito governa sozinho. Nossa gestão será uma gestão plural, com a participação de todos os partidos que tenham compromisso com o nosso programa. Já o MTST é um movimento social e, como tal, seguirá autônomo e independente, como sempre foi, na luta pelo cumprimento da lei e da garantia do direito à moradia previsto pela Constituição. O que não aceitaremos é o toma lá dá cá para governar, com o aparelhamento das subprefeituras, que na gestão do PSDB viraram cabide de emprego, com subprefeitos que nem conhecem os bairros onde atuam.
O que o seu governo faria do atual plano de desestatização? Pretende rever a concessão do Pacaembu e da Zona Azul? E os outras? Se sim, de que forma?
Nossa gestão irá valorizar a gestão direta. Ao mesmo tempo, vamos respeitar os contratos já firmados. O que não faremos, porém, é vista grossa a irregularidades que lesem a população e os cofres públicos.
A população acha suspeito que o governo do estado, que o apoia, tenha parado de divulgar os dados relacionados às mortes por Covid no meio da campanha eleitoral. O que o senhor acha disso?
A Secretaria Municipal de Saúde divulga boletins diários com dados da pandemia. Inclusive, São Paulo é uma das poucas cidades que divulga não apenas o número de óbitos por data de notificação como também por data de ocorrência. Já foram publicados mais de 240 boletins. Causa surpresa que a candidatura do PSOL conteste os dados do Comitê de Crise e da Vigilância Sanitária da cidade, engrossando as fileiras do negacionismo.
Gostaria de fazer novamente uma pergunta que ainda não me respondeu: o senhor bota a mão no fogo pelo seu vice?
Ricardo Nunes já fez mais pela cidade do que muitos daqueles que o criticam neste momento eleitoral. São oito anos de atuação correta como vereador, quando, inclusive, liderou, junto com outros parlamentares, uma CPI que enfrentou grandes bancos e recuperou 1,2 bilhão de reais para a cidade, investidos na melhoria da vida dos paulistanos. Ele não responde a nenhum processo judicial, nem há denúncia alguma apresentada contra ele. Assim como outros vereadores de vários partidos e orientações ideológicas, dedica parte de sua atuação a ampliar a oferta de creches na cidade, o que é legítimo e desejável. E é bom lembrar: todos os contratos citados nas notícias que tentam fazer ilações a meu vice foram firmados pela administração anterior. Agora, faço um desafio ao candidato adversário: oriente a bancada de seu partido, o PSOL, a investigar a fundo e a sério os contratos que acusam de irregularidades. Se acharem alguma coisa, eu descredencio a creche na hora. Se não acharem nada, assumam o compromisso de ir à tribuna e dizer que os contratos são regulares, legais e corretos.
Qual a urgência de gastar quase 100 milhões de reais na reforma do Vale do Anhangabaú enquanto quase 25 000 pessoas dormem todos os dias na rua em São Paulo, muitas delas no próprio Anhangabaú?
Essa pergunta ilustra a diferença entre quem só olha o curto prazo e quem busca um horizonte mais amplo. A obra vinha desde a gestão passada e obra inacabada é o que de pior existe para o orçamento público. A verba destinada no orçamento era para a reforma do Anhangabaú e não para outros fins. A obra gerará empregos e oportunidades inclusive para muitas dessas pessoas que hoje, infelizmente, estão nas ruas e, com os eventos promovidos na região, poderão ter uma vida nova, com dignidade e trabalho. Será a nova Avenida Paulista da cidade.
Por que o senhor insiste em dizer que pegou a cidade quebrada, com um rombo em caixa, sendo que todas as agências de checagem já o desmentiram?
Agência de checagem não é autoridade fiscal nem orçamentária. De qualquer maneira, não é de estranhar que quem não tem nenhuma experiência administrativa, quem nunca ocupou um cargo público, não tenha conhecimento da gestão orçamentária do município. O orçamento herdado da gestão do PT estava totalmente desequilibrado, maquiado. Tinha 5 bilhões de reais em receitas superestimadas e 2,5 bilhões em despesas subestimadas. Previa, por exemplo, 2,7 bilhões de transferência de capital da União, quando somente 642 milhões chegaram aos cofres municipais. É o velho jeito do PT de lidar com o orçamento público, o que, pelo visto, o candidato do PSOL endossa. No plano federal, a irresponsabilidade fiscal da Dilma resultou na maior recessão da história, cujos efeitos o país sofre até hoje.
Por que o senhor diz ter feito um recorde de 25 000 unidades habitacionais, sendo que as agências de checagem já desmentiram essa informação e mostraram que apenas 14 300 foram entregues?
De novo, a velha mania de achar que só vale o que o poder público executa. Para resolver o sério e amplo problema de moradia na cidade, temos de lançar mão de todo e qualquer instrumento, em especial a parceria com o setor privado, que consegue executar obras rápido. A prefeitura não apenas entregou mais de 14 000 casas e apartamentos como incentivou, com a isenção de taxas e do pagamento da outorga onerosa, a construção de outras 28 700 habitações de interesse social pela iniciativa privada. Dessas, mais de 14 000 já foram entregues. É o mesmo que tivéssemos aportado diretamente o dinheiro, só que mais rápido e efetivo. A diferença é que as famílias contempladas pela nossa política de isenções já estão morando nas unidades e não ainda esperando na fila, como parece preferir o adversário.
É o velho jeito do PT de lidar com o orçamento público, o que, pelo visto, o candidato do PSOL endossa. No plano federal, a irresponsabilidade fiscal da Dilma resultou na maior recessão da história, cujos efeitos o país sofre até hoje
Covas
VEJINHA PERGUNTA:
Covas, o senhor vai cumprir o próximo mandato na íntegra? Se compromete a não sair candidato em 2022 a governador ou a presidente?
Primeiro é preciso ter do eleitor a confiança do seu voto. Se eu for reeleito no próximo dia 29, só voltarei a disputar eleição em 2026.
O Programa de Metas prevê a requalificação da Avenida Santo Amaro, o que não houve. O mesmo ocorreu na Estrada do M’Boi Mirim, em parceria com o governo do estado. O senhor tem planos de qualificações de outras avenidas? Se sim, quais?
Algumas das obras previstas não andaram na velocidade de que gostaríamos porque tivemos de refazer contratos defeituosos herdados da gestão do PT. Defeituosos e, em alguns casos, irregulares, que estão sob investigação dos órgãos competentes. A estrada do M’Boi Mirim já teve convênio assinado entre prefeitura e Der para ser executada junto com o governo do estado. Ainda na área de mobilidade na Zona Sul, além da nova ponte graúna-gaivotas, vamos inovar implantando o Aquático, transporte por barcas do Cantinho do Céu até a Pedreira, integrado ao Bilhete Único. Na Zona Leste, vamos concluir o Corredor Leste Itaquera e tirar o BrT da Avenida Aricanduva do papel. O Complexo Pitiruba-Lapa, aguardado há décadas, será concluído.