Cumprindo o que havia anunciado no último mês de abril, a gigante de alimentos Kraft Heinz, do fundo brasileiro 3G capital, tem novo comando a partir desta segunda-feira, primeiro de julho. Em um cenário de queda nos lucros e no valor de mercado da companhia, que encolheu em 44% apenas este ano, assume o posto o português Miguel Patrício, ex-diretor de marketing da cervejaria ABInBev, no lugar do executivo brasileiro Bernardo Hees.
A substituição de Hess por Patrício, que já vem sendo preparada há um mês, é a mais emblemática de uma série de mudanças recentes do grupo 3G. Jorge Paulo Lemann e outros sócios do grupo vêm deixando cadeiras no conselho de empresas do conglomerado. Em meio às transições, o novo diretor da Kraft Heinz terá o desafio de ir além da tradicional fórmula do 3G que deu certo por quatro décadas, baseada na aquisição de grandes marcas de consumo e no corte de custos.
Com marcas tidas como envelhecidas, voltadas para o padrão de consumo do século 20 e pouco procuradas por novas gerações que buscam sempre novidades, a Kraft Heinz deverá promover novos produtos e negócios que os consumidores do século 21 demandam. Em entrevista a EXAME logo após ser anunciado no cargo, Patrício antecipou o que deve ser o rosto da nova gestão: mais inovação e menos aquisições. “Precisamos ser mais centrados no consumidor e mirar o longo prazo. Temos de pensar em aquisições, mas minha maior preocupação não é essa, e sim o crescimento orgânico”, diz.
Com a troca, espera-se que a nova frente promova uma virada na companhia que vem registrando resultados financeiros frustrantes nos últimos trimestres. Em 2018, a Kraft Heinz anunciou uma receita global de 26,2 bilhões de dólares, praticamente estável em relação ao ano anterior. Mas teve que anunciar uma sofrida baixa contábil de 15 bilhões de dólares pela perda de valor de algumas de suas marcas.
Desde o anúncio do novo presidente, a empresa perdeu mais 6% de valor de mercado. As ações de Patrício podem até mirar o longo prazo, mas investidores demandam reação para já.