CAMBRIDGE, EUA – Respondendo a críticas de que estaria tentando se ser um contraponto ao presidente
Jair Bolsonaro
, o vice-presidente
Hamilton Mourão
negou neste sábado que queira antagonizar o presidente.
– Jamais. Eu sou complementar ao presidente. Eu complemento ele – declarou Mourão, que cumpre agenda nos EUA.
Em entrevistas nesta semana,
Steve Bannon
, ex-estrategista de campanha do presidente dos Estados Unidos
Donald Trump
, havia criticado a visita de Mourão ao país. Em entrevista ao GLOBO, Bannon defendeu o escritor Olavo de Carvalho que disse ser “um pensador independente e um filósofo”, mas criticou o vice-presidente Mourão:
– Eu acho que, para mim, muito pior é o vice-presidente, que é um político, que se comprometeu com uma agenda programática quando concorreu. E ele está dentro do governo, tendo sua própria opinião e tentando se tornar um novo centro de poder e vindo aqui para os Estados Unidos, mandando esses sinais muito conflitantes – criticou Bannon; – Você tem que ser responsável por isso, porque você está de fato no governo, em um programa específico, ao contrário do Olavo, que é um filósofo e um professor apenas.
Reunião com guru de Ciro
Pela manhã, neste sábado, Mourão se reuniu por quase uma hora com o ex-ministro do presidente Lula e guru ideológico de Ciro Gomes, Roberto Mangabeira Unger. O vice-presidente disse que a conversa foi sobre sua proposta de “economia do conhecimento”. “É uma visão que ele tem do mundo moderno. A produção industrial começa a atingir seu limite, e o conhecimento passa a ser algo que vale muito dinheiro”, disse ele.
Sobre as críticas por ter se reunido com pensadores da esquerda, o presidente disse que isso não é um problema.
– A crítica faz parte do jogo político, eu não me importo com crítica – afirmou Mourão.
As declarações foram feitas na cidade de Cambridge, nos Estados Unidos, onde Mourão participa da Brazil Conference, evento organizado por estudantes brasileiros das universidades de Harvard e do MIT. Em seu primeiro dia de compromissos em Cambridge, o vice-presidente também se reuniu com estudantes brasileiros, com o professor Frank McCann, especialista em Exército brasileiro, e com o bilionário Jorge Paulo Lemann.