O hotel George V, nos Jardins, bairro nobre de São Paulo, tapou na semana passada uma cratera aberta pela queda de uma árvore após um temporal em São Paulo, no dia 25 de janeiro. Naquela data, outras 51 árvores caíram na cidade. A direção do hotel decidiu fechar o buraco 41 dias depois do acidente.
A árvore caiu na direção da rua e deixou parte do bairro sem energia elétrica por horas. A tubulação de gás também foi afetada. Responsável pela gestão da região, a prefeitura regional de Pinheiros informou não ter recebido do hotel nenhum pedido formal para o fechamento do buraco. O gerente geral do George V, Renan Salomão, porém, diz o contrário.
Salomão afirmou que a administração do hotel procurou a prefeitura poucos dias depois da queda da árvore. Segundo o gerente, o pedido foi para que o poder público resolvesse o problema do buraco na calçada plantando uma nova árvore, ou tapando a cratera. “A resposta que nos deram foi que não tinham equipe nem para consertar a calçada, nem para plantar uma nova árvore”, afirma Salomão.
Um decreto editado em fevereiro de 1999 obriga a prefeitura a “recuperar e promover a preservação e ampliação das áreas verdes” da cidade. A direção do hotel resolveu esperar. Sem respostas da prefeitura, a administração do empreendimento voltou a procurar a regional de Pinheiros. “O buraco ficou aberto na calçada mais de um mês. Ele tinha 70 centímetros por 70 centímetros. Muitos pedestres daqui do bairro foram obrigados a andar pela rua. Estava muito perigoso”, diz Salomão. “Dessa vez, nossa equipe conversou com funcionários superiores de lá. E eles autorizaram a gente a tapar o buraco enquanto outra árvore não fosse plantada. A gente não tinha como deixar a cratera lá”.
Após a reportagem questionar a Prefeitura Regional de Pinheiros sobre o assunto, uma equipe de técnicos foi até o endereço do hotel para estudar a possibilidade do plantio de uma nova árvore. A visita foi confirmada pela assessoria de imprensa das prefeituras regionais e também pelo gerente do hotel.
“No dia que eu tapo o buraco, aí a prefeitura vem aqui dizendo que tem que plantar uma árvore nova. Por que não fizeram isso logo depois do dia 25 de janeiro?”, questionou o gerente geral do George V.
Salomão disse que a preferência do George V era o plantio de uma nova árvore. “Era uma árvore centenária. Trazia muitos benefícios para o empreendimento. Valorizava os quartos da frente, com varandas que davam para a copa da antiga árvore”, diz o gerente. “Proporcionava sombra, tinha passarinho. Muitos clientes procuravam esses quartos justamente por causa da árvore”.
O gerente informou que o hotel gastou cerca de 7 000 reais para tapar a cratera na calçada. Segundo Salomão, a queda da árvore deu prejuízos ao George V na casa de 18 000 reais. “Como ficamos sem luz, sem sinal de TV a cabo, sem gás, fomos obrigados a dar desconto a quem estava hospedado lá no dia 25 de janeiro”, relata.
Em nota, a Secretaria de Subprefeituras informou que o plantio da árvore foi adiado em função de problemas na tubulação de gás na rua. No texto, a pasta afirma ainda que, quando retornou ao local para fazer o replantio, “o canteiro havia sido tapado”. “A Subprefeitura avalia a possibilidade de replantio da árvore”, diz a nota.