Com o dinheiro que será obtido com a capitalização e a emissão de dívida, a Gafisa quer se reerguer
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15 abr 2019, 13h25
Os acionistas que participaram da assembleia geral extraordinária da construtora Gafisa aprovaram hoje a proposta para aumentar o capital da companhia dentro do limite atualmente autorizado pelo estatuto, de até 26 milhões de ações. Uma segunda assembleia foi marcada para o dia 23 de abril para votar um segundo aumento.
O preço a ser pago pelos acionistas que subscreverem ano a emissão aprovada hoje vai ser decidido pelo conselho de administração e anunciado até amanhã.
A gestora Planner Redwood, que atualmente tem uma participação de 18,5% na Gafisa, pode vender parte da sua fatia para o investidor Nelson Tanure, que atualmente possui 500 ações da construtora mas quer aumentar sua participação, segundo Roberto Luz Portella, presidente da empresa. A Gafisa também foi autorizada, pelos acionistas, a emitir até 150 milhões de dólares em debêntures conversíveis em ações nos mercados interno e externo.
Com o dinheiro que será obtido com a capitalização e a emissão de dívida, a Gafisa quer se reerguer.
Até há muito pouco tempo, a construtora era uma das maiores empresas do setor, com capital listado na bolsa de valores e uma referência no nicho de média e alta renda na Região Sudeste do país. Mas passou recentemente por reviravoltas na gestão que deixaram cicatrizes.
Na assembleia de hoje, os acionistas aprovaram também a análise de medidas judiciais para rever as decisões tomadas pelo coreano Mu Hak You, que tomou o poder na companhia e virou o negócio de cabeça para baixo no último trimestre de 2018.
O investidor ordenou a suspensão dos pagamentos a fornecedores e determinou a revisão de contratos no valor de quase 80 milhões de reais nas áreas de marketing e tecnologia da informação. Demitiu aproximadamente 20 funcionários no início de 2019.
A Gafisa se tornou a ação de pior retorno do país, com retorno negativo de 54,7% desde o começo do ano.
A construtora vem há quatro anos tentando melhorar sua situação financeira. Com uma dívida de 1,9 bilhão de reais em 2015, tomou a decisão de encolher drasticamente as atividades para voltar a parar de pé. Desde então, diminuiu seus lançamentos de prédios em um terço e separou as operações da Tenda, incorporadora voltada para a baixa renda adquirida em 2008.
A empresa trocou o CEO em março deste ano. O conselho de administração da Gafisa elegeu Portella para ocupar as posições de diretor presidente, financeiro e de relações com investidores, em substituição a Ana Maria Recart, que era diretora do GWI e renunciou aos cargos após uma nova troca de controle da empresa.
Portella já atuava desde 15 de março como membro do conselho. A GWI não tem mais nenhuma ação na Gafisa, segundo o presidente da companhia.