Preso por associação ao tráfico, prefeito de Japeri deixa cadeia, mas não pode entrar na prefeitura

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Preso preventivamente desde julho do ano passado por associação ao tráfico, o prefeito de Japeri, Carlos Moraes (PP), deixou a cadeia nesta terça-feira após uma decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ). O STJ informou ao GLOBO que, ao soltar Moraes, determinou a proibição de contato com testemunhas e partes envolvidas na ação penal, o recolhimento do passaporte de Moraes, bem como comparecimento mensal ao juiz para informar o que tem feito.

Apesar da soltura, Moraes não poderá retomar as atividades como prefeito e deverá ficar afastado tanto da sede do Executivo de Japeri quanto da Câmara Municipal, uma vez que foi expressamente proibida a frequência ou mesmo o acesso a esses locais. Carlos Moraes também não poderá deixar a Japeri por mais de sete dias.

Carlos Moraes Costa foi preso em julho do ano passado acusado de ter ligação com o tráfico de drogas. Em investigação conjunta, o Ministério Público do Rio e a Divisão de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF) afirmam que uma das maiores facções criminosas do estado se instalou na Prefeitura de Japeri. Na casa do prefeito, a polícia encontrou munição e uma pistola sem registro. Em janeiro deste ano, Moraes foi condenado por posse ilegal de arma de fogo de uso restrito, mas essa pena foi convertida em pagamento de multa de R$ 5 mil e prestação de serviço à comunidade.

Em Japeri, prefeito e presidente da câmara se aliaram ao tráfico para criar curral eleitoral

As prisões dos então prefeito de Japeri, Carlos Moraes, e do presidente da Câmara de Vereadores do município, Wesley George de Oliveira, o Miga, ambos do PP, em julho deste ano, escancararam uma aliança dos políticos com o tráfico de drogas na cidade da Baixada Fluminense. Para o Ministério Público estadual do Rio, os dois colocaram seus mandatos a serviço do crime, aproveitando-se do prestígio de seus cargos, com o objetivo de formar um curral eleitoral e se perpetuar no poder. E, apesar de estarem na mira da Justiça, os planos do grupo não foram interrompidos: Miga, mesmo preso, é candidato a deputado estadual no Rio.

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A candidatura do ex-presidente da Câmara foi deferida pelo Tribunal Regional Eleitoral do Rio (TRE) no último dia 10, com parecer favorável da Procuradoria Regional Eleitoral. Não houve qualquer impugnação à candidatura de Miga. Em seu Facebook, no último dia 1º, foi publicada uma carta que teria sido escrita na cadeia pelo candidato, na qual ele garante que estará de volta “em breve” e provará que tudo não passou de um “mal entendido”.

Escutas telefônicas indicam a estreita ligação do grupo político com Breno da Silva de Souza, chefe do tráfico no Complexo do Guandu. O vereador do município Cláudio José da Silva, o Cacau, também foi preso, acusado de fazer parte do “núcleo político” da quadrilha de Breno. Os três foram denunciados pelo Grupo de Atribuição Originária em Matéria Criminal (GAOCRIM) do MP estadual do Rio pelo crime de associação para o tráfico de drogas e permanecem presos.

ENCONTRO MARCADO

Uma das conversas interceptadas que mais impressionaram os envolvidos nas investigações aconteceu em novembro de 2017, entre Breno e Jenifer Aparecida, apontada como uma espécie de mediadora entre os políticos e o traficante. No diálogo, a mulher afirma que Miga quer marcar um encontro com o traficante na Câmara de Japeri.

À época, Breno já tinha 14 mandados de prisão por crimes como homicídio qualificado, tráfico de drogas e associação para o tráfico, e era o criminoso mais procurado da cidade. O traficante se recusa a ir até a Casa Legislativa, e Jenifer diz que sugeriu a Miga ir até o Guandu conversar com ele. As investigações ainda não concluíram se a conversa aconteceu pessoalmente.

O encontro é sugerido pela mediadora diante da insatisfação de Breno com a participação de Miga e o prefeito Moraes numa audiência pública na qual foi debatida a violência em Japeri. “Falaram vários bagulhos, dizendo que a gente está no domínio aqui, com 50 fuzis. Só faltou falar meu nome”, reclamou o traficante. “Pode abortar aquela missão que eu não vou ajudar mais ninguém não. Eu faço o meu, e eles fazem o deles”, disse.

Em outra escuta, durante um baile funk, Breno liga para Moraes para tentar fazer cessar uma operação da Polícia Militar na região. O traficante se mostra irritado com a ação policial, uma vez que o irmão de Miga, policial militar lotado no batalhão da área, estava de plantão. O prefeito diz que tentou falar com o irmão de Miga e com o próprio parlamentar, mas não consegue impedir a operação e chega a se desculpar. Moraes ainda avisa que os PMs voltarão ao Guandu mais tarde, antecipando a operação policial.

Revoltado com a atuação da PM em seu reduto, Breno, em conversa com o vereador Cacau, diz que Miga sofrerá retaliações por causa da atuação do irmão.

PARCERIA ATÉ NO CARNAVAL

No dia seguinte ao baile funk, Moraes e Breno se falam novamente por telefone, e o prefeito promete ao traficante que conversará, junto com Miga, com o comandante do batalhão da área para “alinhar” a atuação policial e evitar problemas para a organização criminosa. Moraes também promete ao criminoso investimentos em sua área.

“Esse comandante que está aí agora, dizem que ele não quer se meter com mais nada não. Quer paz. Vou lá conversar com ele esta semana. Vamos eu e o presidente da Câmara. Nós vamos lá conversar pra ajustar. Foi um negócio isolado, entendeu? Não me envolvo com vocês. Quero paz. Minha função é começar a arrumar um dinheiro dos royalties do petróleo para meter obra nisso aí”, afirma.

As trocas de favor entre os grupos também ficam evidentes em diálogo no qual Jenifer conta para o vereador Cacau que o traficante disse a ela que pedirá ajuda ao “prefeito ou deputado” para arrumar alguma atração artística na favela durante o carnaval.

Já com vistas às eleições, em uma das conversas, o grupo planeja a expansão de seu “núcleo político”, de acordo com o MP. No diálogo, Jenifer e Cacau falam sobre um deputado estadual que estaria em busca de apoio em ano eleitoral e querem apresentá-lo ao traficante. “Tal tratativa demonstra os planos de expansão da influência da organização criminosa em esferas mais elevadas do poder político, circunstância que alavancaria ainda mais seu potencial lesivo”, diz o MP na denúncia.

Um dos interesses dos políticos na troca de favores, para o MP, está no uso do poderio bélico “estruturado na forma de aparato de guerra disponibilizado pelo tráfico legal”, tornando-os imunes à atuação de adversários políticos.

Jenifer, que também foi denunciada pelo MP e presa, obteve um habeas corpus e foi solta no mês passado. O GLOBO tentou contato com as defesas dos acusados, mas não recebeu respostas dos advogados.





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