Imagine alugar um apartamento em que não é preciso se preocupar com conta de luz, água, internet e condomínio: vem tudo no pacote pago mensalmente. Também não é preciso pensar na manutenção. Se uma lâmpada queimou, você chama a administração que cuidará da reposição. O imóvel também já vem equipado com os principais móveis e eletrodomésticos. Se você quiser mudar de bairro, haverá outro semelhante te esperando no novo endereço.
Essa é a proposta da Vila 11, empresa que inaugura no mês que vem seu primeiro prédio de apartamentos para aluguel em São Paulo. O empreendimento fica na Vila Madalena, perto do metrô, e tem apartamentos de 32 a 66 metros quadrados. Todos os apartamentos serão voltados para locação, que custa entre 3.500 e 3.800 reais (sem contar as outras despesas). A administração de tudo fica por conta da Vila 11.
“Nosso objetivo é oferecer solução de locação profissionalizada, para que o cliente tenha uma moradia livre de aborrecimentos. Há uma série de dores no mercado de aluguel, que ainda é muito amador e pulverizado. Uma delas é a quantidade de boletos que se recebe”, afirma o presidente da empresa, Ricardo Laham.
A empresa tem 1 bilhão de reais iniciais para investir no projeto, e já usou 60% do dinheiro. No modelo de negócio, a empresa compra o terreno, constrói o prédio e faz a administração do aluguel dos apartamentos. Além do prédio prestes a inaugurar, tem outros três já em construção nos bairros de Pinheiros, Paraíso e Bela Vista, e mais seis projetos em fase de desenvolvimento.
A expectativa é chegar a 15 a 20 prédios na cidade e ter 3.000 apartamentos para alugar no prazo de cinco anos. A cada ano, a Vila 11 espera comprar de três a quatro ativos, que devem se tornar prédios após três anos.
A Vila 11 é do fundo de investimento privado Evergreen, que já tem projetos do tipo em outros países como Estados Unidos, Reio Unidos, Austrália e Holanda. No Brasil, o fundo é dono da empresa de armazenamento Goodstorge. O projeto da Vila 11 está em gestação desde 2017, quando a companhia começou a aquisição de terrenos pela cidade.
A premissa que guia a Vila 11 é de que muitas vezes vale mais a pena alugar do que comprar um imóvel para moradia. Um dos argumentos é que, com os juros do financiamento, muitas vezes o imóvel sai pelo triplo do valor inicial.
“É claro que o mercado de venda de imóveis sempre vai existir. Mas, para uma parte das pessoas, em vez de imobilizar o investimento em um apartamento, o melhor talvez seja usar sua renda pra morar e a outra parte para viajar, por exemplo”, diz Laham.
Quando tiver mais empreendimentos na cidade, a ideia é que a empresa possa oferecer opções rápidas para o morador que precisa mudar de bairro. “Se ele mora na Vila Madalena e de repente a vida dele mudou, ele tem portabilidade. Teremos um prédio do mesmo padrão para oferecer e podemos desplugar ele de um lugar e plugar em outro de forma rápida, de acordo com o momento da vida dele” afirma o executivo.
Como ainda não estava em operação, a empresa sentiu pouco os efeitos da pandemia. Mas a crise econômica pode afetar a procura pelos imóveis, cujo aluguel não é exametamente barato. No entanto, Laham afirma que o foco da companhia é o longo prazo e que, passada a tempestade, os legados do momento atual podem até mesmo ajudar o modelo de negócio.
“Acredito que a pandemia vai acelerar a tendência da busca pelo bem-estar, por gastar menos tempo no deslocamento e ter tempo para o que importa”, afirma.
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