Uma das maiores empresas de alimentação do mundo diz estar preocupada com os reflexos das medidas anunciadas de combate ao novo coronavírus no Brasil. A BRF, dona das marcas Sadia e Perdigão, enviou uma carta ao ministro da Economia, Paulo Guedes, pedindo que o setor seja considerado como atividade essencial e em regime de exceção. “Manifestamos nossa preocupação em relação ao período crítico do coronavírus (COVID-19) e sobre os possíveis impactos para nossa cadeia de produção de alimentos, que abrange seus colaboradores, produtores integrados, consumidores, fornecedores e do setor de avicultura e suinocultura do país”, escreveu o presidente global da companhia, Lorival Nogueira Luz Junior, que teve uma reunião com Guedes, por telefone, na última sexta-feira, 20.
Com uma produção de mais de 5 milhões de toneladas de alimentos, entre industrializados, aves e suínos, a BRF tem mais de 30 fábricas espalhadas por quatro regiões do país e uma rede de 90 000 colaboradores. Essa estrutura corre o risco de ser afetada com o avanço do coronavírus no país e diversas medidas restritivas adotadas pelo governo, por estados e municípios. A companhia está discutindo uma forma de preservar a saúde dos seus funcionários e prestadores de serviços ao mesmo tempo em que tenta manter as suas atividades para evitar que a pandemia também afete o abastecimento de alimentos do Brasil.
Além do ministério da Economia, a empresa está em contato com a Agricultura, para tratar da importância do funcionamento do serviço de inspeção agropecuária, e com a Infraestrutura, para discutir alternativas para preservar o transporte das pessoas que precisam trabalhar nas unidades de produção e distribuir os produtos no país. “Solicitamos que as medidas governamentais resguardem a cadeia da agroindústria de alimentos e toda sua cadeia produtiva, visto que se trata de uma atividade econômica essencial para toda sociedade”, escreveu Lorival Luz, que se colocou à disposição de Guedes para integrar um comitê de crise em Brasília.
A manifestação da BRF está em linha com a atuação do governo de manter atividades consideradas fundamentais para a sociedade. “Não adianta parar tudo e não ter alimento para os outros estados”, afirmou o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. “São medidas que quando adotadas afetam agricultura, segurança, logística nacional, uma série de outros ministérios que têm de fazer parte desse tipo de solução”, disse. A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, tem reforçado em entrevistas que não há risco de desabastecimento. No sábado passado, o presidente Jair Bolsonaro assinou uma Medida Provisória em que regulamenta os serviços essenciais para a sociedade, dentre os quais está a produção e distribuição de produtos de saúde, higiene, alimentos e bebidas.
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