Morto neste sábado, aos 82 anos, o cineasta, autor e ator Domingos Oliveira produziu até os últimos momentos de vida.
Além da série “Mulheres de 50” — sequência de “Confissões das mulheres de 30” e “Confissões das mulheres de 40” — para o Canal Brasil
, o artista estava trabalhando em um filme, uma peça e um livro.
— A peça era uma remontagem de “História de muitos amores”, seu primeiro texto autoral como dramaturgo. Nossa intenção era fazer uma estreia privada em maio, na sua casa. Se a Priscilla (Rozenbaum, viúva do artista) deixar, vamos levar o projeto adiante — diz Renata Paschoal, produtora de dez dos 18 filmes de Oliveira, com quem trabalhou por 16 anos.
De acordo com Kaio Caiazzo, assistente de direção de Oliveira nos últimos três anos, Domingos foi muito ativo até o último minuto:
— Nós ensaiamos com ele até as 21h da última sexta-feira. Ele estava sorridente, feliz, trabalhando com afinco. Ele e a Renata eram muito amigos, acredito que ela vá assumir essas produções. Ele ficaria puto se a gente não fizesse isso — afirma.
Autor da autobiografia “Vida minha”, publicada em 2016, e do romance “Antônio: o primeiro dia da morte de um homem”, no antor anterior, ambos pela editora Redord, Oliveira deixou em rascunho escritos para um novo livro, ainda sem título definido.
— Ele estava escrevendo uma mescla de memória e crônica, com reflexões sobre seu momento atual. Vamos ler esse material para decidir o que fazer com ele — conta Paschoal.
Já o longa que o cineasta preparava era “Todo mundo ainda tem problemas sexuais”, sequência da comédia “Todo mundo tem problemas sexuais”, de 2008.
— Não se trata de uma continuação. É um novo filme, com novo elenco, tratando de temas da sexualidade de hoje. O debate e os costumes sexuais mudaram muito nos últimos dez anos. O Domingos, com toda a gaiatice dele, era muito antenado. Ele era o mais jovem da gente — comenta Caiazzo, de 26 anos.