Divisão e falta de recursos marcam resposta do governo à crise da covid-19

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A quinta-feira era para ser de alívio para uma parcela de até 43 milhões de brasileiros que começariam a receber hoje a segunda parcela do auxílio emergencial de 600 reais pagos pela Caixa. O dinheiro é parte do pacote de auxílio do governo aos mais atingidos pela crise econômica provocada pela pandemia de coronavírus.

Mas na noite de ontem o Ministério da Cidadania informou que faltam recursos no orçamento para pagar o benefício, previsto inicialmente para o dia 27 de abril. Além disso, 12 milhões de pessoas ainda não receberam a primeira parcela. Cada uma das três parcelas do auxílio devem custar 32,7 bilhões de reais para a União.

O vaivém do pagamento de benefícios é um reflexo de dois contratempos que têm, segundo especialistas, marcado as respostas do governo federal à pandemia do coronavírus. Faltam recursos e sobra divisão interna ( como ficou escancarado, por exemplo, na demissão do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, na semana passada).

Outro episódio, ontem, mostrou as dificuldades de respostas à crise. Uma entrevista chamada pelos ministérios da Casa Civil e da Infraestrutura anunciou o programa Pró-Brasil, com investimentos de até 30 bilhões de reais do governo em grandes obras até 2022. Os recursos viriam, num primeiro momento, do caixa do Tesouro. Chamou a atenção o fato de nenhum representante da equipe econômica estar presente.

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O próprio presidente Jair Bolsonaro se manifestou nas redes sociais para sinalizar que o ministro da Economia, Paulo Guedes, se envolverá no projeto mais para a frente. Fato é que o ministro tem cobrado respostas à crise que envolvam recursos privados, uma vez que o orçamento federal está no limite.

O secretário de Desestatização, Salim Mattar, um dos maiores defensores da abertura do governo à iniciativa privada, vociferou as divisões. Comparou o projeto da Casa Civil ao Plano Marshall, que impulsionou os EUA no pós-guerra, e disse que faltam recursos para executá-lo. Também reconheceu que “não há clima” para executar a agenda de privatizações este ano.

Faltam recursos públicos, e falta também disposição de investimento privado. É um dilema que o governo vai precisar resolver o quanto antes.



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