O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central manteve a sua política monetária de trajetória descendente dos juros e reduziu pela oitava vez consecutiva a Selic, a taxa básica da economia brasileira. O corte anunciado nesta quarta-feira, 17, foi de 0,75 ponto percentual, em linha com o esperado pelo mercado financeiro. A Selic está agora no nível de 2,25% ao ano, a nova mínima histórica. Mesmo com a retomada, em partes, da economia mundial no último mês, paralisada diante da pandemia de coronavírus, ainda há indícios de que a recuperação possa ser mais lenta do que o imaginado. Como o nível de inflação no Brasil está sob controle, o Banco Central tenta, por meio dos cortes na Selic, estimular a economia brasileira. Em comunicado, membros do colegiado indicam que a fase de grandes cortes se encerra nesta última decisão, mas não descarta outros pequenos ajustes. “Neste momento, o Comitê considera que a magnitude do estímulo monetário já implementado parece compatível com os impactos econômicos da pandemia da Covid-19. Para as próximas reuniões, o Comitê vê como apropriado avaliar os impactos da pandemia e do conjunto de medidas de incentivo ao crédito e recomposição de renda, e antevê que um eventual ajuste futuro no atual grau de estímulo monetário será residual”, afirma o comunicado da decisão.
A decisão do Copom foi baseada no impacto recessivo da Covid-19 sobre a economia, o que tem reduzido os índices de inflação neste momento. Em abril e maio, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do Brasil, apresentou deflação, em grande parte pela queda da demanda. Economistas já preveem a alta dos preços este ano a menos de 2%, bem abaixo do centro da meta definida pelo Conselho Monetário Nacional, que é de 4%.
Segundo o BC, a decisão unânime leva em consideração o elevado nível de ociosidade, que pode levar a inflação abaixo do esperado. Antes da pandemia de coronavírus, a autoridade monetária enxergava uma inflação estável, convergente a meta, mas a crise de caráter deflacionário tornou os ajustes necessários. O Copom pondera que, entretanto, programas de estímulo de crédito e recomposição de renda, implementados no combate à pandemia, podem fazer com que a redução da demanda agregada seja menor do que a estimada, adicionando uma assimetria ao balanço de riscos.
No entanto, membros do Comitê enfatizam a necessidade de uma continuidade na agenda de reformas no período pós crise. “Perseverar no processo de reformas e ajustes necessários na economia brasileira é essencial para permitir a recuperação sustentável da economia. O Comitê ressalta, ainda, que questionamentos sobre a continuidade das reformas e alterações de caráter permanente no processo de ajuste das contas públicas podem elevar a taxa de juros estrutural da economia.
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