Ascensão e queda: como a Microsoft 'rebaixou' a assistente Cortana em 6 anos

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20200302054605_860_645_-_cortana__satya_nadella Ascensão e queda: como a Microsoft 'rebaixou' a assistente Cortana em 6 anos

A tendência já está clara há alguns anos. Depois da corrida dos smartphones, as empresas de tecnologia começaram a criar um mercado completamente novo, mirando tornar-se parte das casas das pessoas com assistentes virtuais presentes em caixas de som conectadas e outros dispositivos. Alexa, da Amazon, e o Google Assistente assumiram a liderança, com a Siri, da Apple, em um terceiro lugar distante. Percebendo esse cenário, a Microsoft decidiu rebaixar definitivamente a sua própria assistente, a Cortana.

A companhia anunciou que vai remover as funções da assistente voltadas para o público consumidor. Isso significa eliminar recursos como a capacidade de controle de reprodução de músicas, gerenciamento de casas inteligentes e integração com serviços de terceiros. Quem usa uma conta local no Windows sequer verá a Cortana em seu computador a partir das próximas atualizações. O foco a partir de agora é produtividade, mirando usuários que utilizam o Windows 10 para trabalho ou estudo.

Nascida em 2014, a assistente foi a resposta da Microsoft ao boom das assistentes em um momento em que ainda não estava muito clara qual seria a direção para a qual a tecnologia seguiria. Naquela época, a tecnologia ainda estava restrita aos smartphones, então fazia sentido para a Microsoft ter sua resposta ao Google Now e à Siri no Windows Phone. Aos poucos, a empresa decidiu que seria uma boa ideia levar a Cortana para outros dispositivos.

Foi quando a Cortana passou a ser parte integral da experiência do Windows 10, o sistema que foi pensado para estar presente em todo e qualquer dispositivo da Microsoft. Celulares, tablets, HoloLens, PCs e, claro, o Xbox One. Até mesmo caixas de som equipadas com a Cortana chegaram ao mercado, o que deixa bem claro o objetivo de chegar até as pessoas, e não necessariamente apenas para empresas. O aplicativo Microsoft Launcher, que visava dar uma cara da empresa ao Android também contava com a assistente, o que também deixa de acontecer a partir de agora.

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No entanto, o tempo passou e aos poucos a Microsoft começou a perceber que a Cortana tinha pouco futuro, mesmo com um empurrãozinho mais agressivo. A assistente tornou-se totalmente unificada com a ferramenta de buscas do Windows 10, mas, mesmo assim, ela foi pouco usada e pouco abraçada pelos desenvolvedores, tornando suas capacidades limitadas. A própria Microsoft nunca chegou a lançar sua caixa de som própria equipada com a Cortana, o que demonstra certa falta de confiança em colocá-la em uma disputa mais acirrada contra as concorrentes mais estabelecidas.

Aos poucos, a estratégia foi minguando. O sistema de buscas do Windows passou a ser separado da Cortana no Windows 10. A empresa decidiu eliminar a assistente do Xbox de forma definitiva, orientando usuários que desejassem utilizar comandos de voz a recorrer à Alexa ou ao Google Assistente, efetivamente direcionando o público consumidor mais leal à marca para o concorrente.

A própria Microsoft chegou a declarar que não entendia mais a Cortana como uma assistente virtual que competiria com as opções da concorrência. Na visão da empresa, seria mais interessante que a Cortana funcionasse como uma “skill” capaz de trabalhar em conjunto com serviços de Amazon e Google, mas não de forma independente. No fim das contas, nem mesmo esse destino lhe foi reservado.

Com a mudança anunciada pela Microsoft, você só vai encontrar como parte de experiências de aplicativos como o Office. Não é o fim dos mais dignos para a assistente, mas é uma forma de a Microsoft mantê-la viva para algum propósito em que ela pode fazer alguma diferença. Claramente enfrentar os grandes não deu certo, mas o fim da Cortana para consumidores é mais um sinal de uma nova fase da Microsoft, que mira cada vez mais empresas e menos o público convencional. E não há como negar que está funcionando: os lucros estão batendo recordes e a empresa tem valor de mercado de mais de quase US$ 1,3 trilhão, então há pouco incentivo para mudar de rota neste momento.



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