Era 5 de julho de 1994 e apenas 0,45% da população mundial tinha acesso à rede. Mesmo assim, o engenheiro Jeffrey Preston Bezos, criou um site para vender livros. Essa loja é a Amazon, que acaba de completar 25 anos: hoje, ela comercializa praticamente qualquer item e vale US$ 1 trilhão. Esse feito faz de Bezos um dos maiores visionários da internet.
Ao longo dos anos, a empresa inovou em diferentes áreas. Uma de suas grandes sacadas foi a criação do leitor digital Kindle, em 2007, que popularizou enormemente os e-books (em 2010, por exemplo, a loja vendeu mais Kindles que livros físicos). Outro tiro certeiro foi o desenvolvimento da Alexa, uma assistente com inteligência artificial, em 2014. Poucas organizações fizeram mais do que a Amazon no cenário online — a lista de inovações da companhia é extensa. E uma delas é bastante intrigante: suas lojas físicas Amazon Go. Quem, afinal, transportaria uma operação lucrativa da internet para o mundo real e seus custos tão mais altos?
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Ao Brasil, ela chegou somente em 2012. Inicialmente, trouxe apenas o Kindle e o catálogo de livros, mas, neste ano, abriu seu primeiro centro de distribuição na América do Sul, em Cajamar (SP), e agora já oferece outras categorias de produtos. A organização continua a inovar e, nesta semana, afirmou que a Alexa pode, em breve, ser até capaz de prever infartos: a partir da coleta de dados dos usuários e da integração com a internet das coisas.
É bom, entretanto, que ela corra para realizar tudo no tempo que ainda lhe resta. O próprio Bezos já previu que grandes companhias — e a Amazon é, hoje, uma das maiores do planeta! — tendem a ir à falência depois que atingem três décadas de operação. Apesar disso, os resultados da empresa mostram o contrário: no ano passado, ela foi considerada a mais valiosa do mundo.
Na internet, na sala, nos ares
O sucesso do Kindle levou a companhia a apostar em outros itens de hardware, como a Fire TV e os tablets Fire. Basicamente, hoje, a Amazon extrapolou a internet e entrou definitivamente na sala de estar. Além da conveniência proporcionada pelas compras online, sua Alexa escuta conversas e seus sistemas de olho mágico sabem quem visita a casa. E todas essas informações são observadas por colaboradores da empresa em seus escritórios.
A linha de produtos da organização deve continuar a crescer, assim como as outras frentes em que ela já atua, como a logística. Uma das provas disso é que, até 2021, a companhia espera ter 70 Boeings em operação para distribuir seus produtos e isso sem contar os drones de entrega, que já estão em testes há algum tempo. O lado negativo é que os veículos que fazem essa tarefa aumentam as emissões de calor — o que não é nada bom para o meio ambiente.
Muitas dessas novidades podem ser assustadoras para alguns. É comum que as pessoas se espantem quando percebem que todos os seus dados estão nas mãos de empresas como a Amazon — e isso, normalmente, acontece quando elas recebem sugestões de produtos com base em conversas que tiveram informalmente com amigos, por exemplo. Isso porque, cada vez mais, o mundo digital está entrelaçado com as vidas offline dos indivíduos.
No meio de todo esse ambiente, há as acusações de trabalhadores da companhia. Muitos dizem que são tratados como robôs e desumanizados pela empresa. Em alguns casos, todos os processos de recursos humanos são feitos por algoritmos especialmente desenvolvidos para isso. Todas essas facetas fazem da Amazon uma das empresas mais influentes da atualidade, mas a colocam também no papel de uma das mais controversas.
Pioneira no segmento de lojas de departamento online (hoje, é possível comprar praticamente qualquer item nos sites internacionais da Amazon), a empresa tornou o envio bastante rápido — e afetou muitos pequenos vendedores virtuais, além de atingir os estabelecimentos físicos tradicionais. Sua opção Prime, em que uma assinatura garante entregas rápidas gratuitas, foi até copiada por outras lojas: no Brasil, os sites da B2W (Americanas, Shoptime e Submarino) oferecem a facilidade. Com esse serviço, mais uma crítica à atuação da empresa: a quantidade de caixas de papelão que acabam nos aterros aumentou bastante.
E até mesmo na nuvem
Outro movimento importante da Amazon foi o Amazon Web Services (AWS). Ele tornou a companhia quase onipresente. Hoje, tantas empresas — dos mais diferentes portes e até concorrentes — usam o serviço que ele é uma unanimidade. O impacto dos data centers do AWS no meio ambiente é igualmente criticado, mas a corporação garante que tem buscado diminuir o impacto das pegadas de carbono produzidas pela operação.
A entrada da companhia em tantas áreas a transformou em uma gigante: de 2014 a 2018, sua receita quase triplicou, indo de US$ 89 bilhões a US$ 233 bilhões. O lucro da companhia não deixou a desejar e, em 2018, atingiu US$ 10,1 bilhões. Bezos, então, ganhou o posto de homem mais rico do mundo, com uma fortuna de US$ 159,2 bilhões — Bill Gates, o segundo da lista, tem US$ 50 bilhões a menos.
Isso tudo aconteceu às custas de muitas polêmicas. Além de atrapalhar a operação de pequenos comerciantes, afetar o meio ambiente e ser considerada nociva para os trabalhadores, foi criticada por desenvolver tecnologia de reconhecimento facial e vendê-la para órgãos que a usaram na identificação de suspeitos. Por isso, as chances de a companhia ser questionada a respeito de práticas anticompetitivas e invasão de privacidade aumentam a cada dia.
É difícil prever como a corporação estará daqui a cinco anos — e se vai ser capaz de sobreviver à previsão de seu próprio fundador. Um fato que não se pode negar, entretanto, é que a Amazon é uma das maiores representantes do sucesso na internet e evoca tanto os bons quanto os maus aspectos relacionados a ela.