O futuro incerto da maior barreira de corais do mundo

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São Paulo – Os ecossistemas da Terra são um exemplo de resiliência. Diante de pertubações, eles são capazes de se recuperar e voltar ao seu estado de equilíbrio. Mas essa capacidade é mais ou menos limitada, depende tanto das características ambientais quanto do grau da destruição, e, principalmente, exige tempo para recuperação. Choques recorrentes desestabilizam esse poder restaurativo da natureza, aumentando o risco de colapso ecológico generalizado.

É justamente isso o que está ocorrendo no maior sistema de corais do mundo — a Grande Barreira de Corais Australiana. Considerada uma espécie de “highlander” do mundo natural por sua alta resiliência frente a alterações drásticas nos oceanos ( já passou cinco vezes por experiências quase-morte nos últimos 30 mil anos), a Barreira dá sinais de exaustão.

O alerta vem de um novo estudo divulgado na revista Nature por pesquisadores do Centro de Excelência para Estudos de Recifes de Coral da Austrália. A constatação? O declínio atual dos corais, provocado pelo aumento das temperaturas globais, simplesmente não dá trégua, o que impede a plena recuperação deste habitat considerado patrimônio mundial da humanidade pela Unesco. 

Desde 1998, a Grande Barreira de Corais passou por quatro branqueamentos em massa, fenômeno que ocorre quando as condições ambientais se tornam anormais e levam os corais a “expelir” as pequenas algas fotossintéticas, chamadas “zooxantelas”, que vivem sobre sua superfície e lhe dão a cor característica.

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Os dois piores foram entre 2016 e 2017, quando o aquecimento das águas acima do normal provocou um branqueamento que matou mais de um terço das partes central e norte da barreira.

Não só muitos dos corais adultos morreram, mas pela primeira vez, os pesquisadores observaram um declínio significativo em novos corais se instalando no recife, comprometendo a capacidade de recuperação do ecossistema.

Eles concluíram que os episódios repetidos de branqueamento afetaram a capacidade de recuperação dos estoques de corais reprodutores adultos, o que, por tabela, prejudicou a produção de novos corais — o assentamento de “corais bebês” no recife declinou 89% no ano passado.

Até onde os corais suportarão estresses térmicos associados às mudanças climáticas é uma questão incerta, dado a estimativa de  aumento da frequência de eventos extremos nas próximas duas décadas. 

Se as emissões de carbono continuarem no ritmo atual em um cenário sem mudanças (business as usual), o branqueamento ocorrerá duas vezes a cada década a partir de 2035, e anualmente após 2044, de acordo com os modelos climáticos da Unesco.

Segundo os cientistas, os corais branqueados podem se recuperar se a temperatura voltar ao normal, mas esse processo pode levar uma década ou mais. Sem uma redução drástica de emissões, o destino desse ecossistema ganha contornos sombrios. E de tudo aquilo que ele suporta também.

Estendendo-se por mais de 2.000 quilômetros ao longo da costa do estado de Queensland, a Grande Barreira de Corais é composta por quase três mil pequenos recifes e mais de 900 ilhas no oceano Pacífico.

O paraíso natural é lar de 400 espécies de corais, 1.500 espécies de peixes, 4.000 espécies de moluscos e de animais em risco de extinção, como o peixe-boi e a tartaruga verde.



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