O reitor da Universidade Nacional de Rosário na Argentina, Franco Bartolacci, usou sua conta oficial do Twitter nesta sexta-feira, 26, para desmentir que o novo ministro da Educação do Brasil, Carlos Alberto Decotelli, obteve o título de doutor na faculdade argentina.
“Nos vemos na necessidade de esclarecer que Carlos Alberto Decotelli da Silva não obteve na @unroficial o título de doutor que se menciona nesta comunicação”, escreveu Bartolacci, citando uma publicação do presidente Jair Bolsonaro em que consta a titulação do novo chefe do MEC.
Nos vemos en la necesidad de aclarar que Carlos Alberto Decotelli da Silva no ha obtenido en @unroficial la titulación de Doctor que se menciona en esta comunicación. https://t.co/s4cipmc7Ur
— Franco Bartolacci (@fbartolacci) June 26, 2020
A informação de que Decotelli fez doutorado na universidade está em seu currículo lattes, um documento eletrônico que reúne todas as experiências de um profissional e que é usado principalmente no meio acadêmico.
Em seu currículo ele informa, ainda, que é formado em Ciências Econômicas pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, é mestre em Administração pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e tem pós-doutorado na Bergische Universitãt Wuppertal, universidade que fica na Alemanha.
Essa titulação de Decotelli também está divulgada no site do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). Anteriormente, o atual chefe do MEC ocupava o cargo de presidente do FNDE.
A reportagem procurou o MEC, que enviou um documento da Universidade de Rosário mostrando que Decotelli cursou todos os créditos do curso. Não foi esclarecido se isso basta para lhe conferir o título de doutor.
“Ele [Decotelli] cursou o doutorado, mas não finalizou, portanto não completou os requisitos exigidos para obter a titulação de doutor na Universidade Nacional de Rosario”, disse Bartolacci à coluna de Mônica Bergamo na Folha de São Paulo.
Decotelli no MEC
Nomeado nesta quinta-feira, 25, o novo chefe do MEC tem 67 anos, é economista e a maior parte da sua carreira esteve ligada aos temas da educação executiva e ao mundo das finanças.
Sua escolha foi vista como um gesto aos militares, já que ele é reservista da Marinha e atuou como professor e coordenador na Escola de Guerra Naval (EGN).
Ele é o terceiro ministro da Educação do governo Bolsonaro e entra no lugar de Abraham Weintraub, que foi exonerado na semana passada e deixou o país em meio a um controverso processo de nomeação para o Banco Mundial e processos em andamento no Supremo Tribunal Federal (STF).
Antes disso, Ricardo Veléz também teve uma passagem turbulenta à frente do MEC, uma das pastas onde há mais disputa de influência pelos defensores das ideias do filósofo Olavo de Carvalho. Tanto Vélez quanto Weintraub também mentiram no currículo.
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