Ministro da Educação repete que há plantações de maconha nas universidades

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São Paulo – O ministro da Educação Abraham Weintraub reafirmou que há plantações de maconha nas universidades brasileiras durante debate na Comissão de Educação na Câmara dos Deputados, na manhã desta quarta-feira (11). Weintraub também reiterou que os laboratórios de química das universidades são usados para a produção de drogas sintéticas.

O ministro foi convocado pela Comissão de Educação por 22 votos a oito para explicar a acusação que havia feito de que haveria plantações de maconha e produção de drogas sintéticas nas universidades federais.

As afirmações foram feitas em entrevista ao Jornal Cidade Online, publicada em 21 de novembro deste ano. Weintraub não apresentou provas.

“Você tem plantações de maconha, mas não são três pés de maconha, são plantações extensivas de algumas universidades, a ponto de ter borrifador de agrotóxico. Porque orgânico é bom contra a soja para não ter agroindústria no Brasil, mas na maconha deles eles querem toda tecnologia a disposição”, disse ao jornal.

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Na comissão, o ministro reproduziu como prova uma reportagem veiculada na TV Record que apresentou uma plantação de maconha encontrada pela polícia no campus da Universidade de Brasília (UnB). Na ocasião, os policiais recolheram mudas, ainda em vasos, que eram manipuladas por três alunos da universidade.

O vídeo causou indignação e aplausos entre os deputados presentes. A pedido da deputada Rosa Neide (PT-MT), a reitora da UnB, Márcia Abrahão Moura, passou então a participar da reunião.

Uma segunda reportagem veiculada pela Rede Globo também foi reproduzida. O ministro a apresenta como prova de que havia produção de drogas sintéticas na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). De acordo com a reportagem, os traficantes processavam as drogas no interior do laboratório de química.

Ele ainda apresentou outras reportagens que indicavam o consumo e venda de drogas dentro de universidades.”As provas encontram-se em material acessível na internet”, disse o ministro. O requerimento para o comparecimento de Weintraub foi feito por 16 deputados do PT, PSOL e Podemos.

Questionado pelos deputados sobre os 39 quilos de cocaína encontrados no avião da Força Aérea Brasileira (FAB), durante uma viagem presidencial a Espanha para reunião do G-20, o ministro não respondeu aos questionamentos. “Eu não vim aqui pra ficar de palhaçada”, disse. “O assunto é sério, é a vida de jovens”.

Após a exposição do ministro, os autores dos requerimentos tiveram prioridade na fala, de acordo com o regimento interno da Câmara.

Margarida Salomão (PT-MG), uma das requerentes, afirmou que o ministro desconhece as universidades brasileiras e seu impacto na pesquisa no Brasil e no mundo, se referindo às instituições citadas por Weintraub.

“O que nós vimos aqui apresentado é uma sequência de telejornais, uma sequência de apresentações sensacionalistas que tratam de uma forma indevida eventos que já foram apurados tanto na UnB como na UFMG”, declarou. No caso da UFMG, a deputada lembrou que o delegado Rodolfo Machado, responsável pelo caso, identificou que os suspeitos não eram alunos da universidade.

“Além disso, o juiz de direto responsável pela ação afirma que não existe nenhuma prova que a direção das faculdades serviram de palco para o delito ou tenham de alguma forma concorrido para o fato criminoso, ou mesmo oficialmente classificado como ocorrência”, disse Salomão.

O deputado Bacelar (Pode-BA), também autor de um dos requerimentos e vice-líder do Podemos, afirmou que caso seguisse a mesma linha de raciocínio do ministro – que defende o domínio do fato no caso das universidades – ele poderia afirmar que o presidente Jair Bolsonaro tem responsabilidade nas drogas encontradas no avião da FAB.

“Ou ele [deveria ser responsabilizado] ou o gabinete institucional. Porque é um espaço muito menor, ministro, do que um campus de uma universidade. Porque tinham muito menos pessoas nesse avião do que 50 mil alunos de uma instituição de ensino”, declarou.

Bacelar disse também que não acredita que Weintraub tenha cometido crimes ao fazer tais declarações, mas que vai oficializar à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) um pedido de intimação ao ministro para que esclareça as acusações. “Não são as universidades brasileiras ministro, são casos isolados, fruto de uma sociedade doente”, conclui.

 

 

 



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