Mercado dos heróis: o que espera a Mulher-Maravilha em 2020?

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São Paulo – O sucesso do primeiro filme de “Mulher-Maravilha” (2017), da Warner Bros, foi estrondoso. Com uma arrecadação de 821 milhões de dólares em bilheterias no mundo todo — 412 milhões de dólares somente nos Estados Unidos —, o longa marcou uma forte volta da heroína às telonas e é considerado o primeiro com uma mulher protagonista a atingir a marca.

E as expectativas para a continuação da história são boas

Os fãs da heroína poderão assistir um filme sobre as amazonas que criaram Diana antes de ser a Mulher-Maravilha. Uma coisa é certa: enquanto o primeiro filme mostra a transformação de Diana em Mulher-Maravilha, o segundo aborda com força total a heroína em sua essência — de laço e tudo. Tem tudo para dar certo.

Mas fica a pergunta: a receita do sucesso vai seguir?

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A estreia de “Mulher-Maravilha 1984”, continuação do primeiro filme, estava prevista para acontecer em dezembro deste ano, mas foi adiada por conta de um movimento inteligente da Warner. O mercado dos filmes de heróis foi bem disputado em 2019, com “Coringa”, “Capitã Marvel” e “Vingadores: Ultimato” liderando a lista de lucros.

O adiamento pode ser uma notícia boa, uma vez que a quantidade de filmes sobre heróis lançados no ano que vem é menor do que a dos outros anos — aumentando, assim, a chance de que a franquia bata recordes outra vez.

No ano passado, o colunista Scott Meldenson, da revista Forbes, listou as quatro razões pelas quais a estreia do filme dirigido por Patty Jenkins deveria ser adiada.

Um dos motivos citados por ele era “a lotação de 2019 com filmes de alto potencial”. Não que 2020 não tenha algumas promessas — mas, se comparadas às desse ano, são consideradas menos promissoras.

O calendário confirmado começa em fevereiro com “Aves de Rapina”, único lançamento do mesmo universo de Mulher-Maravilha, e passa pelas produções da Marvel, “Os novos mutantes”, em abril, “Viúva Negra”, em maio, “Morbius”, em julho, “Venom 2”, em outubro e “Os Eternos”, em novembro.

Para ficar no topo no ano que vem, Diana Prince, a Mulher-Maravilha, terá de competir diretamente com três mulheres. Uma delas é Natasha Romanoff, a “Viúva Negra” — travando, novamente, a luta para ver quem ganha mais entre DC Comics e Marvel. As outras duas figuras são Elsa e Anna, em Frozen 2, que estreia no dia 2 de janeiro no Brasil. Mesmo não se tratando de super-heroínas, a animação pode incomodar a Warner Bros.

Mulheres com superpoderes

Na manhã deste domingo (8), a atriz Gal Gadot, que interpreta a Mulher-Maravilha, e Jenkins, diretora dos dois filmes, realizaram uma coletiva na zona Sul de São Paulo.

Gadot afirma que chorou quando assistiu a uma sequência de poder feminino no novo filme — que, sem spoilers, ela não podia descrever com detalhes. “De repente, eu não era a Gal atriz do filme, eu era uma menina israelense, que nunca tinha visto aquilo em um filme com uma mulher protagonista”, conta.

Para Jenkins, o sucesso do primeiro filme não foi uma surpresa. “Sempre me chocou quando as pessoas achavam que um filme sobre uma heroína não ia ter sucesso. Eu tinha certeza de que o filme ia se sair bem”, conta.

A diretora acredita que Mulher-Maravilha foi a propulsora para histórias sobre as origens de heroínas. “De olho no nosso sucesso, as pessoas começaram a ver que filmes sobre mulheres iam bem. Os super heróis são para todos, independente de gênero. Eles são uma metáfora muito necessária para o momento em que vivemos”, diz Jenkins.

De dois anos pra cá, as mulheres passaram a ter mais protagonismo em filmes do gênero — a Marvel, por exemplo, lançou “Capitã Marvel” neste ano e aposta na origem de “Viúva Negra” para o ano que vem, um pedido de muitos fãs que achavam que a heroína havia sido deixada de lado pelo estúdio.

Apesar disso, Jenkins tenta fugir da ideia de que o filme é voltado para mulheres. “Ela luta pelo mundo todo, assim como o Super-Homem, por exemplo”, explica a diretora.

A ideia é transformar a história de Diana Prince em uma trilogia, como o diretor Christopher Nolan fez com Batman (2005-2012).

Poder aos nerds

A CCXP é realizada desde 2014. Entre brigas pelo nome (que não pode ser somente de “Comic Con”, daí vem o “experience”), a relevância do evento nerd para o mercado internacional não é pouca.

Em 2016, a CCXP foi a terceira maior do mundo em público, com 196 mil pessoas presentes— ultrapassando a Comic Con de San Diego, que teve 130 mil participantes. No ano passado, 262 mil fãs do mundo geek participaram dos quatro dias de evento. Atualmente, a versão brasileira é a maior do mundo, pelo menos em público.

E os estúdios gringos levaram isso em conta nos quatro dias oficiais da festa nerd.

Na sexta, a Amazon Prime Video mostrou cenas inéditas da série original “The Boys”. Já a Disney revelou, no sábado, o trailer de “Os Eternos” para os fãs e mostrou imagens exclusivas do mais novo filme da franquia “Star Wars”.

A Netflix entrou na onda e trouxe um painel surpresa com Henry Cavill, o Super-Homem da Warner, para falar sobre sua nova série, “The Witcher”. O serviço de streaming também apostou em conteúdos exclusivos para o público. A HBO, em seu primeiro ano sem Game of Thrones, buscou divulgar sua nova série “His Dark Materials”.

Até a Turma da Mônica, que é brasileira, surfou a onda e aproveitou o público da CCXP para falar sobre novos projetos.

No painel da Warner, que antecedeu o evento sobre a continuação do filme “Mulher-Maravilha”, foi apresentado um vídeo exclusivo do diretor Matt Reeves comentando sobre o aguardado “The Batman”, que estreia em 2021. O diretor anunciou que virá ao Brasil para o evento no ano que vem, mostrando, mais uma vez, a importância do público brasileiro. Outra novidade é que o segundo filme de “Aquaman”, maior lucro da DC, será lançado em 2022.

E é claro que para a Mulher-Maravilha não seria diferente. Em um auditório lotado e barulhento, o trailer do novo filme foi exibido em primeira mão mundialmente, com a ajuda de uma transmissão ao vivo para os outros países — um ato inédito que rendeu aplausos ininterruptos.

Disputa

Na lista de filmes de super-herói que mais lucraram na história, o primeiro “Mulher-Maravilha” ocupa o 21º lugar.

Já entre os longas do universo da DC, é o quarto, atrás de “Aquaman” (US$ 1.148.161.807), “O Cavaleiro das Trevas Ressurge” (US$ 1.084.939.099), “Coringa” (US$ 1.050.891.623) e “O Cavaleiro das Trevas” (US$ 1.004.558.444).

Nesta luta por bilhões, a Marvel leva a melhor: o filme de super-heróis que mais lucrou em bilheterias foi “Vingadores: Ultimato” (US$ 2.797.800.564), lançado neste ano.

Resta saber o que 2020 trará para quem tem superpoderes.

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