Erick Jacquin perdeu as estribeiras com um participante do reality show Pesadelo na Cozinha que desligava o freezer durante o dia, com a intenção de economizar energia. A reação do jurado, mais conhecido por sua participação no MasterChef Brasil, foi impagável no episódio que foi ao ar, justamente na estreia da segunda temporada do programa, em 27 de agosto. Teve direito a vômito e gritos de “cala a boca”.
Após a situação, a internet ficou em polvorosa e ousou a criatividade em memes, além de comentar nas redes sociais do restaurante Pé de Fava, palco de todo o bafafá. O proprietário, Fábio Lima, aparece nas imagens visivelmente transtornado e desesperado com a atuação do francês em seu estabelecimento, localizado na cidade de Guarulhos.
À Vejinha, ele contou que chegou a se arrepender de ter participado da atração da Band, mas agora até planeja expansão surfando na onda da visita de Jacquin. Confira:
Fez alguma mudança no restaurante depois da exibição do programa?
Aumentou o movimento bastante, foi um divisor de águas. Existe um Pé de Fava antes e um Pé de Fava depois. Para quem assistiu ao programa, ficou claro que nem tínhamos um nome, uma identidade. Agora temos método de trabalho, as pessoas enxergam um restaurante que antes passava despercebido.
Houve aumento no movimento de clientes?
Para ser sincero, nos sete primeiros dias não aumentou nada. Com o tempo, após uns dez dias, aumentou mais de 100%. O meu público ficou mais seleto. Antes cobrava 13 reais no self-service, agora cobro 15 reais e instalei um grill para churrasco. Churrasco e bufê à vontade sai por 20 reais. Vou até reformar porque não estou conseguindo dar conta da demanda.
Como foi a passagem do Jacquin pela cozinha de vocês?
Ele mudou nosso método. Algumas comidas que levavam quatro horas, agora saem em 20 minutos. Cada pessoa na cozinha tem uma estação de trabalho. A cozinheira é responsável por cozinhar, tem a saladeira e quem lave a louça. Antes a cozinheira lavava prato, fazia salada… Era a maior bagunça. E como o caixa era próximo eu acompanhava tudo e me estressava.
Você teve muitos momentos de stress no programa. Está mais calmo?
Eu tenho me estressado menos. Depois que eu conversei com o Jacquin, ele me ensinou que não era pelo grito que iria resolver as coisas, mais sim pelo exemplo. A cozinha aqui é “a milhão”, se algo não foi bem, eu espero até o fim do dia e falo onde errou, mas as pessoas têm consciência. Tudo é aprendizado.
Como lidou com a repercussão?
Eu não gosto de ficar olhando os comentários na internet. Me ameaçaram de morte, tudo o que você imaginar de coisa truculenta. Eu não tinha Facebook, Instagram, criaram contas falsas. Se fosse há duas semanas, eu ia falar que tinha me arrependido. O pessoal é terrível, ataca demais, é malvado. Falando que sou nordestino, mas que não representava os nordestinos. Eu fiquei bem nervoso no programa, acima da minha média. Teve gente que disse que eu não merecia a reforma porque não me arrependi, ficou uma imagem ruim. Faltou focar um pouco na gravação na resolução dos problemas. Me senti um pouco injustiçado, todos os outros participantes tinham problemas, enfatizavam a dificuldade e depois ficava tudo bem. Aqui mostraram mais os problemas.
Mas, afinal, você voltou a desligar o freezer durante longos períodos?
Quase não deixo mais carne estocada aqui, tenho só um freezer, que fica ligado. Todos os dias o rapaz do açougue traz carne para mim. As pessoas ficam tirando onda, mas é igual apelido, se você der muita ênfase, as pessoas não param de te apelidar. Essa semana os memes voltaram com toda a força, ficam perguntando se meu freezer está ligado. Então, eu respondo que só desligo à noite, para brincar. Até porque gente que trabalha na Vigilância Sanitária almoça aqui, eu tenho todos os laudos, estou bem tranquilo.
Após a exibição, recebeu novos clientes?
Veio gente de Minas Gerais, Paraná, Mato Grosso, Amazonas… Tem gente que viaja para São Paulo para algum evento e acaba vindo até aqui. Hoje, recebi um casal de São José do Rio Preto. Apareceram algumas pessoas aqui interessadas em alta gastronomia. Pediram maître, carta de vinhos, queriam garçom exclusivo. Era gente com expectativa de ir ao restaurante do Jacquin, mas saía reclamando, me xingando. Eu avisava: “Pessoal, não tem como fazer esse nível”. Eles queriam cachaça cara, 25 reais cada dose – que aqui sai duas doses ao ano. Agora, Velho Barreiro e 51 saem uma garrafa por dia, com dose a 3 reais.
Tem planos de expansão?
Vou conversar com um corretor aqui para abrir um ponto onde o pessoal tem o poder aquisitivo maior. Vamos fazer um Pé de Fava 2. Voltado pra esse público que pode pagar mais. A previsão é entre sessenta ou noventa dias. Vamos convidar todo mundo, críticos gastronômicos… Já tem grupos de investidores interessado, mas quero fazer algo com meu próprio capital.
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