Rio — O presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, afirmou que o lucro não é o fator mais importante no balanço da empresa. O mais relevante, em sua opinião, é a geração de caixa, disse, em coletiva de imprensa que acontece nesta quarta-feira, 8, para analisar o resultado financeiro do primeiro trimestre deste ano.
“Lucro é variável contábil, não é relevante. O relevante é a geração de caixa, o mercado de capitais gostou do balanço”, afirmou o executivo, acrescentando, em seguida, que “contabilidade é importante, mas não para decisões econômicas”.
Nesta terça à noite, a empresa divulgou seu lucro, tamanho da dívida, produção do trimestre de 2018. O lucro líquido foi de R$ 4,03 bilhões no primeiro trimestre, queda de 42% ante o mesmo período do ano passado, mas um aumento de 92% comparado ao trimestre anterior.
Durante a coletiva, Castello Branco ainda destacou que, em sua posse, antecipou que, em sua gestão, a empresa abandonaria monopólios do refino e do gás natural. “Avançaremos nessa posição de abandonar monopólio”, disse.
Ele ainda informou que a empresa vai passar a divulgar os dados de produção a cada três meses, em linha com o modelo do mercado internacional.
Segundo a empresa, na comparação com o trimestre imediatamente anterior, além das variações nas receitas, custos e despesas, o aumento decorreu principalmente do maior resultado de participação em investimentos no setor petroquímico e da redução de R$ 1,1 bilhão nas despesas com imposto de renda e contribuição social, em razão da baixa de créditos de prejuízos fiscais registrados no trimestre anterior. Questões cambiais também influenciaram os números.
Política de preço
Confrontado por jornalistas após a polêmica suspensão de um ajuste no diesel da estatal por causa de um pedido do presidente Jair Bolsonaro, Castello Branco voltou a defender que a companhia mantém a sua política de preços independente. “A política de preços está clara. Subsidiar combustíveis já se revelou extremamente danoso, para Petrobras e Brasil”, disse. Ele defendeu também que uma mudança na política seria danosa ao setor, que está passando por um momento de forte atração de investimentos. “Existe apetite das companhias do Brasil em disputar leilões”. Defendeu também o preço do diesel, que estaria em patamares baixos mesmo com diversos “penduricalhos”, como impostos elevados.
Ainda sobre o diesel, o executivo retomou às críticas ao que apontou ser responsável pelo confronto com os caminhoneiros: os incentivos elevados para a compra de caminhões. “Problemas do Brasil com caminhoneiros foi expansão de crédito para frota, que se expandiu a taxas muito mais elevadas do que o crescimento do PIB. O tabelamento dos fretes acabou estimulando a integração, verticalização, do agro e isso piorou a situação. Muitas empresas criaram suas frotas de caminhões”, disse.
Desmonte da Petrobras
O presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, chamou de “chavão” as afirmações de que sua administração estaria fazendo algum tipo de desmonte na companhia. “Nós queremos que a Petrobras seja mais forte e saudável. Tem pessoas que dizem que estamos fazendo desmonte da Petrobras. É chavão. Companhia vai se tornar maior em bases mais fortes e saudáveis”.
O executivo voltou a defender o processo de desinvestimento e negou que empresas como a BR Distribuidora sejam uma joia para a Petrobras – cujo foco seria a exploração em águas profundas. “A Petrobras não é a empresa que pode tirar o melhor proveito da BR. Explorar e produzir petróleo é diferente de vender combustível”, afirmou, destacando que para vencer no segmento de distribuição é preciso ter uma série de habilidades no varejo que a petroleira não tem. Segundo Castello Branco, o retorno da BR à Petrobras é baixo.
Capex
Castello Branco voltou a falar sobre as dificuldades da empresa em formular um capex (investimento) que seja mais consistente. “Existe de fato uma história de anunciar um dado valor e entregar menos. Olhei os números (do capex do início do ano) e fiquei surpreso. É previsto um investimento de US$ 16 bi e entregamos US$ 2 bi”, disse. Ele argumentou, entretanto, que as projeções da empresa não são feitas por meio de “achismo”.