Muzema: polícia busca responsável pela construção de prédios ilegais, que pode ter fugido para o Nordeste

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RIO — A Polícia Civil está à procura de José Bezerra de Lira, conhecido na comunidade da Muzema como Zé do Rolo, de 42 anos. Ele é apontado por investigadores como o responsável pela construção dos dois prédios da comunidade que desabaram na última sexta-feira, provocando a morte de pelo menos 19 pessoas. Agentes de outros estados brasileiros foram alertados sobre as buscas: há a suspeita de que Zé do Rolo tenha fugido para a divisa entre Paraíba e Pernambuco, onde nasceu e tem parentes.

Zé do Rolo, de acordo com a investigação, contratou pessoal e comprou material para erguer os edifícios irregulares, e vinha lucrando com a venda dos apartamentos. Segundo moradores da Muzema, o Condomínio Figueiras do Itanhangá, onde ficavam os prédios, era uma espécie de “empreendimento fechado” dentro da comunidade, já que teria um esquema de administração independente do restante da favela, controlada por uma milícia.

Além de Zé do Rolo, dois corretores de imóveis são procurados pela polícia. Identificados nos anúncios de venda dos apartamentos, eles não foram encontrados, na quarta-feira, em seus endereços comerciais e residenciais, em Jacarepaguá.

Mais três corpos

O número de mortos da tragédia chegou, até a noite desta quarta-feira, a 19 — três corpos foram retirados dos escombros por bombeiros. As vítimas não haviam sido identificadas até o fim da noite: sabe-se apenas que eram dois homens e uma mulher. As buscas continuam nesta quinta, em ritmo mais lento, pois as equipes de resgate já chegaram aos níveis inferiores dos edifícios, que são propensos a novos desmoronamentos. Ainda são procuradas três pessoas, e a expectativa é de que os trabalhos terminem até sexta. 

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Enquanto as buscas se aproximam da etapa final, a prefeitura estuda demolir 13 prédios do condomínio. Dez são avaliados pela Secretaria municipal de Urbanismo e Infraestrutura. Esses edifícios, construídos em encostas, numa área de solo instável, foram interditados pela Defesa Civil. Segundo o órgão, todos apresentam risco iminente de desabamento. Outros três, que ficavam escorados aos dois que ruíram, já foram condenados e serão colocados abaixo assim que os bombeiros encerrarem seus trabalhos.

De acordo com a prefeitura, 189 pessoas desabrigadas foram atendidas pela Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos. Elas formam 61 famílias, e nenhuma aceitou propostas de acolhimento, preferindo ficar em casas de parentes.

Em busca dos responsáveis pela tragédia para conseguir indenizações às famílias das vítimas, o Ministério Público estadual informou nesta quarta que a empresa Gaúcha New, pelas provas recolhidas até agora, teve participação na origem do empreendimento irregular, por meio da venda de lotes. Outras duas companhias são investigadas.

— Do ponto de vista da responsabilidade civil e ambiental, todos aqueles que contribuíram direta ou indiretamente para o resultado danoso responderão pelo dano. Portanto, por ter participado comprovadamente do empreendimento irregular na sua origem, a Gaúcha New se torna parte do processo — afirmou o promotor Carlos Frederico Saturnino, acrescentando que o nome da empresa aparece “no material publicitário da época”.

Na última segunda-feira, o desembargador Caetano Ernesto da Fonseca Costa, da 7ª Câmara Cível do Rio, determinou a suspensão de qualquer obra no Condomínio Figueiras do Itanhangá. A prefeitura também é responsável pelo cumprimento da decisão, e pagará multa de R$ 10 mil por dia se falhar na fiscalização.



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