Greta Van Fleet: rock é rock mesmo na noite que uniu gerações da Lapa

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RIO – O Rio de Janeiro, que leva a fama de túmulo do rock, conseguiu milagrosamente reunir numa noite de sexta-feira um público de cinco mil pessoas na Fundição Progresso para ver um show. E não era nenhum medalhão do estilo que lotava a casa, juntando grisalhos e adolescentes, mas uma banda formada em 2012, por meninos que hoje estão entre os 20 e 22 anos de idade. O nome do santo: Greta Van Fleet. Atração deste domingo do festival Lollapalooza, em São Paulo, os americanos fizeram justiça à toda a fama amealhada em redes sociais com um show daqueles que não se vê há um bom tempo – há uns 35 anos pelo menos, poderia se dizer.

São três irmãos: Josh Kiszka (vocais) e seu gêmeo Jake (guitarra), de 22, mais Sam (baixo e teclados), de 20. Juntamente ao baterista Danny Wagner, 20, eles criaram mais do que uma emulação do Led Zeppelin em sua fase mais esplendorosa – eles são o Led e todas as bandas por ele influenciadas até os anos 1980. Com dois discos apenas – o condensado de dois EPs “From the fires”(2017) e “Anthem of the peaceful army” (2018) – eles chegaram o Brasil com status de salvação do rock em tempos de artificialismo. “Gre-tá, gret-tá, olê, olê, olê, olê!”, cantava a turba antes mesmo de o show começar. Quando os quatro entraram no palco sem telões de LED ou cenário, foi com a disposição de virar o jogo com música. E sem demora sacaram suas armas, numa noite em que nenhum excesso – nem mesmo em forma de solo de bateria – merecia ser alvo de crítica.

Com os agudos de rachar cristaleiras de Josh, as peripécias guitarrísticas de Jake e a cozinha muito bem azeitada de Sam e Danny, o início do show deu à plateia exatamente o que ela esperava – diante dos mais aplicados estudantes da Escola de Rock, as reações foram óbvias (braços para o alto etc), mesmo que as canções não fossem exatamente as mais memoráveis. À base de violão e piano elétrico, “You’re the one” se destacou no repertório por trazer uma outra dinâmica a um show que ameaçou em vários momentos se perder no alongamento de instrumentais, de um Led Zep mais blueseiro que psicodélico. Uma execução precisa e vibrante e uma perfeita mimese de gestos e movimentos clássicos do rock foi, muitas vezes, o que livrou o quarteto, com sua pinta de banda de sarau de colégio, de perder o fio da meada.

No bis, com as potentes “Curtain falls”e “Highway tune”, o Greta Van Fleet já não tinha nada mais a provar, seja em termos de eficiência musical ou de interação com o público. Eles eram os Deuses Júnior que desceram à Terra em uma noite particularmente inspirada, na qual a própria carência do público carioca de um show de rock – rock mesmo – colaborava para insuflar os espíritos. Ficará, em quem foi à Fundição na iluminada noite, a memória de um grupo em sua juventude mais gloriosa, a ser confrontada com as próximas apresentações, das quais se esperam transformações e o desenvolvimento de uma voz própria.

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Cotação:
 Bom



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