O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), negou nesta terça-feira, 26, qualquer tipo de envolvimento no esquema de desvios de recursos públicos destinados ao atendimento do estado de emergência de saúde pública por conta do novo coronavírus no estado.
Witzel foi alvo nesta manhã de uma operação da Polícia Federal, a Operação Placebo. Os agentes estiveram no Palácio das Laranjeiras, residência oficial do governador, para apurar os indícios de desvio de dinheiro.
Em nota, o governador criticou a ação, negou irregularidades e disse, ainda, que “a interferência anunciada pelo presidente da república está devidamente oficializada”.
A acusação foi feita num contexto em que a deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP), por exemplo, deu a entender que sabia que a PF preparava operações contra governadores.
“Estranha-me e indigna-me sobremaneira o fato absolutamente claro de que deputados bolsonaristas tenham anunciado em redes sociais nos últimos dias uma operação da Polícia Federal direcionada a mim, o que demonstra limpidamente que houve vazamento, com a construção de uma narrativa que jamais se confirmará. A interferência anunciada pelo presidente da república está devidamente oficializada”, afirmou o governador (leia a nota na íntegra no fim da reportagem).
Segundo o jornal O Globo, Witzel acompanhou as buscas o tempo todo na residência oficial. Na casa, estavam a mulher e os três filhos — que não presenciaram as buscas. Depois de cerca de três horas, três viaturas da PF e uma da MPF deixaram o local.
Os agentes recolheram dezenas de papéis que estavam na sede do governo (Palácio Guanabara) e também na residência oficial.
Os primeiros indícios de problemas nas contratações de emergência, sem licitação, feitas pela Secretaria estadual de Saúde, no início da pandemia, surgiram na dificuldade de acesso a dados públicos. O fato ocorreu no dia 9 do mês passado.
Detectado o problema, a pasta informou que um servidor teria bloqueado o acesso por erro e teria instaurado uma sindicância para apurar as responsabilidades.
Carla Zambelli
Nesta segunda-feira, 25, em entrevista à Rádio Gaúcha, a deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP), aliada de Bolsonaro, falou de um suposto represamento de operações contra governadores, que passariam a ser deflagradas a partir de agora.
“A gente já teve algumas operações da PF que estavam na agulha para sair, mas não saíam. A gente deve ter nos próximos meses o que a gente vai chamar de ‘covidão’ ou não sei qual vai ser o nome que eles vão dar. Mas já tem alguns governadores sendo investigados pela PF”, comentou.
Quando um jornalista, de longe, questionou hoje Bolsonaro se Zambelli tinha informações sobre as investigações da PF, ele respondeu: “Pergunta para ela, pergunta para ela”.
Na semana passada, perguntado em entrevista à youtuber Bárbara Destefani sobre uma possível ‘covidão’, Bolsonaro disse: “já começou a estourar acusações da Polícia Federal no Rio de Janeiro. Dando minha opinião, porque eu nunca procurei saber inquéritos na Polícia Federal. Nunca procurei saber de inquéritos na Polícia Federal. Acho que tem metástase: vai pegar um Estado vizinho e mais gente pelo Brasil, tá? É isso que está parecendo.”
Leia na íntegra a nota oficial de Wilson Witzel:
“Não há absolutamente nenhuma participação ou autoria minha em nenhum tipo de irregularidade nas questões que envolvem as denúncias apresentadas pelo Ministério Público Federal. Estranha-me e indigna-me sobremaneira o fato absolutamente claro de que deputados bolsonaristas tenham anunciado em redes sociais nos últimos dias uma operação da Polícia Federal direcionada a mim, o que demonstra limpidamente que houve vazamento, com a construção de uma narrativa que jamais se confirmará. A interferência anunciada pelo presidente da república está devidamente oficializada. Estou à disposição da Justiça, meus sigilos abertos e estou tranquilo sobre o desdobramento dos fatos. Sigo em alinhamento com a Justiça para que se apure rapidamente os fatos. Não abandonarei meus princípios e muito menos o Estado do Rio de Janeiro”.
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