Rio de Janeiro — O governador do Rio, Wilson Witzel, afirmou que mortes de civis causadas durante operações da Polícia Militar, como foi o caso da menina Ágatha, cuja família ainda não conseguiu voltar para a casa onde morava com ela, “são erros que têm que ser investigados”.
A declaração foi feita em entrevista à TV Globo, nesta segunda-feira (30), em que ele ressaltou que a Segurança Pública foi “um dos itens mais importantes na pauta” de seu governo ao longo de 2019.
“Não é só essa política (de enfrentamento) que estamos trabalhando. O estado do Rio de Janeiro não tinha um departamento de investigação de lavagem de dinheiro e nem de tráfico de armas. Nós iniciamos esse departamento. A Polícia Civil foi reestruturada para isso. Nós trouxemos mais de 300 concursados na papiloscopia”, disse Witzel.
Entre janeiro e outubro deste ano, 1.546 pessoas foram mortas por agentes da segurança, o que dá uma média de cinco por dia, o maior índice desde 1998 (início da série histórica), segundo dados do Instituto de Segurança Pública (ISP).
Questionado sobre o medo que os moradores sentem nas ações policiais, Witzel afirmou que “eles têm que ter medo do bandido que está de fuzil e pistola na rua”.
“A Polícia Militar não atira em civis, não atira nas pessoas. E, se acontece esse tipo de coisa, são erros que têm que ser investigados, como foi o caso da menina Ágatha. Foi investigado. Tem aí a denúncia do Ministério Público e a Justiça vai seguir seu caminho”, destacou.
O cabo da Polícia Militar Rodrigo José de Matos Soares foi denunciado pelo Ministério Público estadual pelo crime de homicídio duplamente qualificado (por motivo torpe e mediante recurso que dificultou a defesa da vítima) pela morte de Ágatha Vitória Sales Felix, de 8 anos, no Complexo do Alemão, no dia 20 de setembro.
A Polícia Civil concluiu no inquérito que não houve tiroteio na comunidade naquele momento.
“São milhares de operações que foram realizadas. Ninguém aqui deseja que qualquer pessoa venha a sofrer qualquer tipo de violência por conta das operações da polícia. Mas se a polícia não agisse, em relação ao ano passado, nós teríamos hoje mais de mil pessoas mortas, talvez mais de mil pessoas mortas”, disse Witzel.
Segundo o governador, o crime organizado “que estava no asfalto e nas comunidades”, atualmente usa “as comunidades como escudo”. Para combatê-lo, ele defendeu mitigar os crimes de lavagem de dinheiro e tráfico de armas. Em 2020, prometeu que será iniciada uma segunda fase voltada justamente para isso.
“Nós tivemos um pequeno atraso (nessa nova etapa). As operações eram para ser iniciadas no final do ano, mas em razão daquela decisão do Supremo dos relatórios de inteligência do Coaf serem represados essas operações foram um pouco prejudicadas, mas agora voltaram a acontecer”.
Witzel destacou também os pontos positivos na área da Segurança Pública em seu primeiro ano de governo, como a formação de mil policiais, redução de 20% nos homicídios, apreensão de 500 fuzis e 8 mil outras armas de fogo, prisões de 25 mil pessoas, sendo destas 500 milicianos, cujos bens avaliados em R$ 80 milhões foram bloqueados.
Ainda durante a entrevista, Witzel reforçou que pretende seguir adiante com a proposta para escalonar o início do pagamento da dívida do Rio com a União pelos próximos dez anos, assim como o pedido de alteração no prazo para a venda da Cedae.
“É preciso que apresentemos essa proposta no início de fevereiro no congresso nacional”, frisou. “O próprio Mistério da Economia tem sido sensível”.
Pelo Regime de Recuperação Fiscal, o estado teria que voltar a pagar o que deve em setembro do ano que vem, após três anos de alívio financeiro, mas, segundo Witzel, o Rio não terá dinheiro em caixa para arcar com os cerca de R$ 6 bilhões previstos para 2020 sem que isso comprometa a oferta de políticas públicas.
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