O ministro da Educação, Abraham Weintraub, compareceu à sede da Polícia Federal na tarde desta quinta-feira para prestar depoimento sobre a acusação de racismo em uma manifestação sobre chineses, mas se negou a responder às perguntas da PF e entregou suas declarações por escrito.
O inquérito tramita no Supremo Tribunal Federal (STF), sob relatoria do ministro Celso de Mello, e foi aberto a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR). A defesa tentou suspender junto ao STF a realização do depoimento, mas não obteve sucesso. Com isso, Weintraub teve que comparecer pessoalmente à PF hoje.
No início do mês, em meio à pandemia do coronavírus, Weintraub publicou em seu Twitter um post satirizando o modo de falar dos chineses, que provocou dura reação da embaixada da China no Brasil. O ministro da Educação insinuou que os chineses poderiam se beneficiar da crise decorrente do coronavírus ee chegou a usar a forma de o personagem Cebolinha, de Maurício de Sousa, falar trocando o “r” pelo “l”, em uma referência ao sotaque de chineses que falam português. O embaixador da China, Yang Wanming, chamou Weintraub de racista e o ministro apagou a publicação.
Em uma rede social, Weintraub fez hoje uma postagem defendendo sua “liberdade de expressão”, horas antes de ter que ir à PF prestar depoimento. “Enriquecimento ilícito, servidor público bilionário e roubar o dinheiro do cidadão, do pagador de impostos, deveria ser o principal crime a constar na Lei de Segurança Nacional. A LIBERDADE de expressão não pode ser violada, sob nenhum pretexto”, escreveu o ministro. O ministro também já havia afirmado que não foi racista nessas declarações.
A prática de ato considerado como preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional é punível com reclusão de um a três anos e multa, de acordo com o artigo 20 da lei 7.716/1989. Um agravante, o fato de realizar esse ato usando publicações em meios de comunicação, torna o crime punível com reclusão de dois a cinco anos.
Após o depoimento, Weintraub também fez uma manifestação em rede social dizendo que foi “muito bem recebido” pelo novo diretor-geral da PF Rolando Alexandre de Souza, escolhido por Bolsonaro após a saída do diretor Maurício Valeixo, que era nome de confiança do ex-ministro da Justiça Sergio Moro. “Prestei depoimento à PF, em respeito à polícia. Fui muito bem recebido pelo diretor-geral Rolando e por toda sua equipe. Agradeço especialmente a você, que me apoia na luta pela liberdade”, escreveu.
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