RIO – “Eles ficaram de deboche”. Essa teria sido a reação dos militares que atiraram no músico Evaldo dos Santos Rosa, de 51 anos, quando a esposa da vítima, Luciana dos Santos Nogueira, pediu socorro. Luciana, que estava no carro com Evaldo, chegou há pouco ao Instituto Médico Legal (IML), onde foi cuidar da liberação do corpo, amparada por amigos e parentes. Ela contou que ainda tentou tranquilizar o marido.
– Por que o quartel fez isso? Eu falei para ele: “calma, amor, é o quartel”. Ele só tinha levado um tiro. Vizinhos começaram a socorrer. Mas eles continuaram atirando e vieram com arma em punho. Fui botando a mão na cabeça e gritando: moço socorre meu marido. E eles ficaram de deboche. Eu perdi meu melhor amigo. Estou com ele há 27 anos – disse Luciana.
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Ela afirmou ainda que não havia confronto algum no local naquele momento.
Segundo Débora Lúcia dos Santos Araújo, cunhada de Evaldo, a família ainda não teve coragem de contar sobre a morte para o filho dele, de 7 anos, que estava no carro e chegou a ficar as roupas sujas com o sangue do pai. Segundo ela, ele pensa que o pai está no hospital, apenas ferido.
– Uma covardia, um pesadelo, uma maldade (o que fizeram com o Evaldo). A gente estava confiando no Exército – disse Débora.
Segundo a Polícia Civil, nove militares do Exército dispararam mais de 80 tiros contra o carro em que Evaldo estava com a mulher, o filho de 7 anos, além de uma afilhada do casal, de 13, e o sogro dele, Sérgio Gonçalves de Araújo, de 59 anos. A família estava indo para um chá de bebê.
Evaldo, que além de músico, trabalhava como segurança, morreu na hora. Baleado nos glúteos, Sérgio está internado no Hospital Municipal Albert Schweitzer, em Realengo, na Zona Oeste do Rio. Parentes e amigos dizem que as vítimas foram confundidas com bandidos.