#UberOff: motoristas param um dia antes de IPO, incluindo no Brasil

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A Uber deve arrecadar 9 bilhões de dólares com a abertura de seu capital na bolsa nesta semana, mas os mais de três milhões de motoristas da empresa de transporte por aplicativo no mundo não vão assistir em silêncio. Os motoristas parceiros da Uber e de outras empresas do setor realizam nesta quarta-feira, 7, uma paralisação geral em muitos dos 63 países onde a empresa opera, incluindo o Brasil.

Por aqui, onde a Uber tem mais de 600.000 motoristas, a orientação das associações que organizam o movimento é para que os motoristas matenham aplicativos desligados até 23h59 desta quarta-feira. Em São Paulo, os motoristas também realizam, às 8h, um ato que começa no Vale do Anhangabaú e partirá rumo à B3, a bolsa de valores da cidade, em referência à abertura de capital da Uber na bolsa dos Estados Unidos, programada para a sexta-feira, 10.

Eduardo Lima de Souza, presidente da Associação dos Motoristas de Aplicativos de São Paulo, disse à EXAME que os motoristas pedem um reajuste de 30 a 35% no valor das corridas para que, consequentemente, o valor repassado a eles aumente. Souza afirma que os motoristas não têm reajuste no valor ganho com as corridas há três anos, enquanto insumos como a gasolina têm alta no preço com frequência.

A greve desta quarta-feira foi batizada de #UberOff, mas também tem a participação de colaboradores das concorrentes, como, no caso do Brasil, a brasileira 99 e a espanhola Cabify. Nos Estados Unidos, também participam motoristas da Lyft, principal concorrente da Uber no país e que fez seu IPO em 1º de abril, atingindo valor de mercado de 24 bilhões de dólares na ocasião (as ações caíram 32% desde então). Com os movimentos grevistas, as ações da Lyft fecharam a terça-feira com queda de 2,03%.

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A paralisação mundial é apenas uma prévia dos desafios que o modelo da Uber terá após o IPO, que deve avaliar a empresa entre 80,5 e 91,5 bilhões de dólares. Além da relação com os motoristas — com a Justiça podendo exigir que a empresa os trate como funcionários e não como “parceiros” —, a empresa também vem enfrentando uma série de regulações mundo afora, que a levaram, inclusive, a processar a prefeitura de Nova York. Em São Paulo, a maioria das mudanças impostas em decreto pelo ex-prefeito João Doria (PSDB) foram bloqueadas por liminares na Justiça.

Investidores questionam também a rentabilidade da empresa, com mais de 7 bilhões de dólares de prejuízo em seus primeiros anos de vida e crescimento que vem diminuindo — no primeiro trimestre de 2019, o faturamento subiu “apenas” na casa dos 20%, ante 70% em 2018. Para provar que o céu é o limite, a Uber aponta que seu competidor não é o transporte público, mas os carros pessoais, e que ainda tem somente 1% de penetração neste potencial mercado consumidor.

O co-fundador e ex-presidente da empresa, Travis Kalanick, que deixou a companhia em 2017 após denúncias de assédio e táticas ilícitas, costumava dizer aos investidores que gostava de manter sua empresa entre a ordem e o caos. Para chegar perto dos outros 99% de seu potencial mercado, entre regulações, demandas dos motoristas e atração de passageiros, a Uber ainda deve enfrentar uma boa dose desse caos.



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