Trump vincula deputada muçulmana a 11 de Setembro e revolta democratas

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WASHINGTON – Uma das duas mulheres muçulmanas eleitas pela primeira vez para o Congresso americano, a deputada
Ilhan Omar
foi alvo de
Donald Trump
no Twitter na última sexta-feira. O presidente vinculou a imagem da congressista aos atentatos terroristas de
11 de Setembro
de 2001, insinuando que ela estaria minimizando a gravidade dos ataques, o que, em seguida, provocou revolta entre os democratas.

Na postagem de Trump, Omar aparece apenas dizendo a frase: “Algumas pessoas fizeram algo”, num vídeo de menos de um minuto. A edição foi feita de forma que a declaração da deputada é repetida e alternada com cenas dos atentados, como imagens dos aviões atingindo as Torres Gêmeas em Manhattan e o vozerio de pessoas em pânico no momento do ataque terrorista. No post do vídeo, Trump escreveu: “Nós nunca esqueceremos”.

A frase de Omar foi tirada de contexto, como alertaram seus correligionários. Os democratas também acusam o presidente de incitar a violência contra muçulmanos com a postagem.

O trecho em que ela diz “Algumas pessoas fizeram algo” foi pinçado de um discurso de 20 minutos feito pela deputada no dia 23 de março. Na fala completa, ela discutia justamente a discriminação sofrida por muçulmanos e o recente ataque a uma mesquita na Nova Zelândia.

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“Aqui está a verdade. Por muito tempo nós vivemos com o desconforto de sermos (considerados) cidadãos de segunda classe e, francamente, estou cansada disso, e todo muçulmano neste país deveria estar cansado disso. O Cair (Conselho de Relações Americano-Islâmicas) foi fundado depois do 11 de Setembro porque eles reconheceram que algumas pessoas fizeram alguma coisa e que todos nós estávamos começando a perder o acesso às nossas liberdades civis”, disse a deputada no trecho que foi editado e reduzido a única frase, no vídeo compartilhado por Trump.  

O Cair, na verdade, foi criado em 1994, como revelou o “Washington Post”. Ao jornal a deputada afirmou que cometeu um erro e que sua intenção era dizer que a comissão havia dobrado  de tamanho depois do 11 de Setembro.

Em resposta ao vídeo postado por Trump (e compartilhado milhares de vezes), democratas — muitos já pré-candidados às eleições presidenciais de 2020 — saíram em defesa de Omar e lançaram críticas ao chefe da Casa Branca.

Elizabeth Warren, por exemplo, acusou Trump de “incitar a violência”. No Twitter, ela escreceu: “O presidente está incitando a violência contra uma congressista eleita — e contra um grupo inteiro de americanos por causa de sua religião. É nojento. É vergonhoso. E qualquer líder eleito que se recuse a condená-lo compartilha a responsabilidade por isso”.

Bernie Sanders também comentou: “Ilhan Omar é uma líder com força e coragem. Ela não vai se curvar ao racismo e ao ódio de Trump, e nem nós vamos. Os ataques repugnantes e perigosos contra ela devem terminar”.

No sábado, Omar respondeu diretamente a uma série de tuítes, agradecendo ao apoio que recebeu na rede social, e afirmou que “não concorreu ao Congresso para ficar em silêncio”. Ela escreveu: “Obrigada por ficarem ao meu lado — contra uma administração que trabalhou para banir os muçulmanos deste país — para lutar pela América que todos nós merecemos”.

Em fevereiro passado, a deputada esteve no centro de outra polêmica
, quando fez postadens consideradas antissemitas, escrevendo contra o lobby pró-Israel no Twitter. À época, ela insinuou que o apoio americano a Israel é alimentado pelo dinheiro de um grupo de lobby favorável ao Estado judeu e que tem apoio de parte da comunidade judaica. Foi, então, alvo de um comunicado conjunto dos líderes democratas na Câmara.

No texto, o grupo condenou a postura de Omar: “A crítica legítima às políticas de Israel é protegida pelos valores da liberdade de expressão e do debate democrático que os Estados Unidos e Israel compartilham. Mas o uso de retórica antissemita e acusações preliminares sobre apoiadores de Israel [feitas por Omar] é profundamente ofensivo”, escreveram num comunicado os líderes democratas da Casa.



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