Times cariocas não terminavam o 100º dia do ano sem demitir um treinador desde 1992

109
Anúncio Patrocinado


Quatro técnicos diferentes a cada temporada, e um só destino há quase três décadas. Desde 1992, Botafogo, Flamengo, Fluminense e Vasco não conseguiam, juntos, manter os técnicos que começaram a temporada até o fim do 100º dia do ano. Em 2019, o recorde foi batido. Zé Ricardo, do Botafogo, foi o primeiro a ser demitido, desta vez, no 101º dia do calendário.

O dia a mais parece pouco, mas o recorde dos 100 primeiros dias do ano sem demissões significa muito na duração dos trabalhos dos time do Rio. Nos últimos 27 anos, não foram poucas as vezes que três ou até todos os grandes trocaram de técnico nos cem primeiros dias de trabalho. Em mais da metade de todas as temporadas desde 1993, um técnico caiu no Rio até o fim de fevereiro, ou seja, antes mesmo do 60º dia do ano.


A primeira troca de treinador entre os grandes times do RJ

Há 27 anos as equipes do Rio não chegavam a 100 dias sem nenhuma demissão de técnico. O recorde foi batido: em 2019, a primeira troca de comando veio no 101º dia. Cada ponto do gráfico representa o primeiro treinador demitido naquele ano. Quanto mais à direita, mais tempo ele durou na temporada:

Anúncio PatrocinadoGestor de Tráfego - Do Mil ao Milhão: Torne-se um Especialista em Tráfego Pago

 

Se o Estadual, competição com maior número de jogos nos primeiros meses da temporada, perde a importância a cada ano, as demissões antes do fim dos torneios não param. Nesta década, em média, o primeiro treinador a sair no ano no Rio deixou o cargo com 60 dias de trabalho.

— É uma soma de fatores que leva a isso. Calendário ruim, a mentira de que o Estadual não vale nada, o pouco tempo para treinar, e a falta de planejamento de elenco — opina Cristóvão Borges, único a “inaugurar” as demissões por dois anos nos clubes do Rio. Em 2015 e 2017 ele iniciou o ano como treinador de Fluminense e Vasco, respectivamente, e foi dispensado em março nas duas oportunidades.

O recorde negativo é de Estevam Soares, também do Botafogo, demitido em 2010 no 25º dia do ano, ainda em janeiro, após uma goleada de 6 a 0 para o Vasco, o terceiro jogo do ano. Até Abel, Diniz, Valentim e Zé Ricardo resistirem bravamente por 101 dias em 2019, quem tinha chegado mais longe foram Valdir Espinosa (Fluminense), Zagallo (Flamengo), Joel Santana (Vasco) e Lazaroni (Botafogo) em 2001. O alvinegro foi demitido no 100º dia daquele ano, em 11 de abril.

Em 1993, a ordem básica do calendário brasileiro — campeonato estadual abrindo a temporada e Brasileiro dominando o segundo semestre — foi estabelecida e não mais alterada. E nunca os quatro times do Rio conseguiram chegar ao campeonato nacional com os quatro técnicos que começaram o ano. Sempre uma troca aconteceu pelo caminho, seja por mal resultado no Estadual, ou eliminações em competições internacionais ou na Copa do Brasil.

— Eu parei para adaptar o meu trabalho à essa realidade. Neste cenário, você tem que arrumar uma maneira de otimizar o tempo para definir modelo de jogo em um curto espaço. E desde que eu jogo isso se repete. Mas eu parei de reclamar e fui estudar a melhor maneira de trabalhar para desenvolver a equipe no menor tempo possível — conta Cristóvão, parado há dois anos, admitindo que deixou crenças para trás para, de forma pragmática, adaptar à realidade da qual discorda.

O último quarteto a resistir mais que o atual foi o de 1992, quando o ano começou com o Brasileiro e o Carioca foi disputado no segundo semestre. Na época, “Búfalo” Gil (Botafogo), Carlinhos (Flamengo), Nelsinho Rosa (Vasco) e Arthur Bernardes (Fluminense) disputaram todo o Brasileiro de janeiro a julho. A primeira demissão foi do técnico do Fluminense, só em agosto, no 214º dia do ano. Um recorde que o futebol carioca parece não ter forças para bater.



Fonte do Artigo

Anúncio