A reclusão forçada, produto da pandemia da Covid-19, deixou claro como água algo que as pessoas intuíam, mas não pensavam a respeito: telecomunicações, muito além de tecnologia, é infraestrutura para lá de essencial. Com trabalho, educação e entretenimento concentrados dentro de casa, as teles estão assistindo a uma explosão no uso de suas redes.
Esse aumento, porém, muito provavelmente não será acompanhado de efeito equivalente nas receitas. As companhias, neste momento, estão totalmente dedicadas em manter tudo funcionando e não pararam para mensurar os efeitos quantitativos todos. Mas o clima é mais de preocupação com o cenário do que de otimismo.
“Na Espanha, o uso aumentou 50%. Aqui ainda não chegou nisso, mas está caminhando nessa direção”, afirmou à EXAME o presidente da Telefônica Brasil, Christian Gebara, destacando que o fato de a matriz estar na Espanha tem ajudado muito a antever as necessidades, já que a epidemia chegou antes por lá.
Apesar de as redes estarem operando lotadas, os líderes das empresas não parecem tão otimistas quando o tema é a conversão disso em resultado. “Em boa parte dos casos, as pessoas estão usando mais da capacidade que já têm contratada e isso não muda a receita que geram. Além disso, vários pontos de recarga de celular estão fechados pela quarentena, as lojas de venda de serviços e aparelhos também estão fechadas”, ponderou ele. Tudo isso pesa na mão contrária do aumento na demanda por serviços na nuvem das companhias e até mesmo de equipamentos.
Rodrigo Abreu, presidente da Oi, que também conversou com a EXAME, contou que percebeu um aumento nas contratações de serviços, até a semana passada, porém disse ainda não ser possível ver o efeito líquido da situação. “Muitas empresas pediram ampliação dos links dedicados. Mas ainda não dá para saber, dado que comércio e turismo estão parados.” Gebara já começa a questionar o efeito que toda a crise pode ter sobre a inadimplência: “tudo depende de quanto tempo a situação vai durar”.
Embora cientes de que receita e lucro não vão acompanhar o uso – já vai ser bom se não caírem – esse não é o maior foco de atenção dos executivos neste instante. O grande tema é o melhor desempenho possível da operação. As companhias sabem que o funcionamento do mundo está, agora, em suas costas.
“Estamos, neste momento, deixando a competição de lado. O importante é preservarmos a estabilidade das redes”, afirmou Abreu, presidente da Oi. “Qualquer um de nós [operadores de telecomunicações] que tiver problema nas redes, será de todo setor. Teremos de nos ajudar. Há uma grande engrenagem funcionando e estamos fazendo um esforço de coordenação para manutenção. Vivemos um cenário sem precedentes.”
Ambas as companhias montaram comitês de crise que acompanham e debatem a situação mais de uma vez ao dia. “Os assuntos variam desde a própria rede, até a gestão dos recursos humanos e segurança patrimonial”, explicou o presidente da Telefônica.
Centro das atenções
Mesmo vendo seus limites serem testados todos os dias, as teles encontraram um lado bom. “Estamos também nos sentindo valorizados pela primeira vez em muito tempo”, destacou Abreu.
Em conversa separada, Gebara, da Telefônica, descreveu o mesmo sentimento: “Agora ficou claro que somos um serviço essencial. Esse reconhecimento ainda não tinha vindo até agora. As pessoas vão perceber que a realidade digital veio para ficar.”
O setor de telecomunicações há anos aguarda a revisão de todo arcabouço regulatório para atualização das regras ao cenário competitivo que se desenvolveu no ambiente pós-privatização. Logo depois da cisão e venda do Sistema Telebrás, as operadoras tiveram metas agressivas de universalização de serviços e, desde então, não houve uma revisão completa dessas regras.
“A concessão, o famoso modelo de concessão, cumpriu o papel da universalização muito bem. Mas hoje se tornou uma obrigação que traz custos e obrigações que não agregam mais à população. O diálogo sobre isso já havia começado e nós esperamos que agora ganhe tração”, afirmou o executivo.
Depois de anos em debate no legislativo, a nova lei geral das teles foi sancionada em outubro do ano passado, mas ainda carece de regulamentação pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).
Abreu destacou que, nos Estados Unidos, o governo investe ao menos US$ 8 bilhões ao ano em subsídios, enquanto no Brasil o setor não faz uso de fundos que há anos se acumulam, como Fust (para universalização) e Fistel (de arrecadação com fiscalização). O saldo dessas contas está em nada menos do R$ 22,3 bilhões e R$ 93,6 bilhões, respectivamente.
Uso consciente
Gebara, da Telefônica, contou que, além da atuação coordenada das companhias do setor na questão das redes, á um esforço de conscientização para que não haja sobrecarga. Ele afirmou que é importante tentar ajustar uma rotina nas casas nas quais a infraestrutura fique livre nos horários comerciais para fins de trabalho e educação e que o entretenimento se concentre fora desse período.
Ele espera também as companhias de conteúdo façam sua parte. “Assim como nós retiramos franquia de diversos usos, as empresas de conteúdo podem ajudar de maneira muito importante”. Gebara chamou atenção para as decisões do Youtube e do Grupo Globo, por exemplo, que espontaneamente reduziram qualidade de transmissão para desafogar as redes. O executivo defende que diversas outras companhias poderiam acompanhar esse movimento durante a crise.
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