A economia americana, ao que tudo indica, está reagindo. A taxa de desemprego, que batera números não vistos há mais de 50 anos no mês passado, caiu de 14,7% para 13,3%. Em maio, os empregadores acrescentaram 2,5 milhões de postos de trabalho, um primeiro sinal de que o mercado está se recuperando da debacle ocasionada pela pandemia de coronavírus neste ano. Entre março e abril, quando os Estados Unidos tomaram medidas de restrição para evitar o contágio pela enfermidade, 22,1 milhões de empregos foram varridos — mais de 20 milhões só em abril. Vale ressaltar que, diferentemente do Brasil, os Estados Unidos têm leis trabalhistas flexíveis. Ou seja, se é mais fácil demitir, a recolocação também se dá de forma mais ágil. Existe um temor, no entanto, de que o desalento no país se estabilize diante do clima de incerteza política provocado pelos tumultos e saques a lojas durante a onda de protestos pela morte de George Floyd.
O número positivo surpreendeu o mercado. Esperava-se que a taxa de desemprego avançasse a 19,8% em maio, com o fechamento de mais 8 milhões de vagas. “Essas melhorias no mercado de trabalho refletiram uma retomada limitada da atividade econômica que foi reduzida em março e abril devido à pandemia de coronavírus e aos esforços para contê-la”, afirmou o Departamento de Trabalho em relatório divulgado nesta sexta-feira, 5. Empregadores de alguns setores, sobretudo aqueles que atendem ao público, afirmam que estão enfrentando dificuldades para repor as vagas eliminadas com a pandemia. As medidas de estímulo para desempregados no país fazem com que algumas pessoas preconizem ficar em casa, diante do alto contágio ainda registrado no país. Ao se recolocar no mercado de trabalho, os americanos precisam abrir mão dos benefícios do seguro-desemprego. A agência de pequisas Moody’s Analytics projeta que a taxa de desemprego cairá para 8,5% até o fim deste ano, com perda anual de 8 milhões de empregos. “A recessão da Covid-19 já acabou, barrando qualquer possibilidade de uma segunda onda mais severa à economia”, disse Mark Zandi, economista-chefe da Moody’s Analytics.
Outra evidência constata a franca recuperação do mercado de empregos americano: o indicador de pedidos de auxílio-desemprego tem caído paulatinamente. Na última semana, 1.877 pessoas entraram com a requisição — foi a nona semana de desaceleração do indicador. Nos sete dias anteriores à última divulgação, a quantidade de novos pedidos registrados foi de 2.126. Apesar disso, o montante segue várias vezes superior ao número médio de solicitações no período pré-pandemia. Ao todo, 42 milhões de pessoas deram entrada no seguro-desemprego nos Estados Unidos desde meados de março. Agora, a luta das empresas, além de conseguir repor os talentos perdidos com a pandemia, é oferecer equipamentos de proteção individual para proteger seus funcionários.
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Tão logo os números foram divulgados na manhã desta sexta, os rendimentos do tesouro e o mercado futuro das ações nas bolsas americanas saltaram. Além disso, o dólar rompeu uma sequência de desvalorização frente moedas estrangeiras e ensaiou uma recuperação. O presidente Donald Trump entornou o caldo do otimismo em seu perfil no Twitter. “Relatório de empregos foi realmente grandioso”, disse, em tradução livre. A bolsa de Nova York (Nyse), o indicador S&P 500 registram altas acima de 2% nesta manhã — Nasdaq sobe cerca de 1,5%. O clima otimista no exterior também deve contaminar a bolsa brasileira nesta sexta-feira de agenda local fraca e de calmaria no campo político. Por volta das 11h20, o principal índice da bolsa brasileira subia 2,01%, aos 95.712 pontos. No câmbio, o cenário também é de grande alívio, com a moeda americana caindo abaixo dos R$ 5 pela primeira vez desde maio, com recuo de 2,8%, aos R$ 4,989.
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