Natal — Animais atingidos pelo óleo e resgatados por voluntários e especialistas podem levar seis meses para ser descontaminados do poluente. E há o risco de não conseguirem voltar ao hábitat natural. O último levantamento do Ibama, de domingo, indicava que 39 animais foram afetados pela contaminação da costa brasileira — 19 tartarugas morreram e 11 foram resgatadas.
O professor Flávio José de Lima Silva, que coordena o Projeto Cetáceos da Costa Branca da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), responsável pelo resgate dos animais atingidos pelo óleo cru no Estado, descreve o caso como uma “catástrofe ambiental”. “É uma perda significativa, pois são animais em processo de extinção.”
Segundo ele, os animais são atingidos de forma intensa. “As tartarugas, quando sobem saindo da água para respirar, se deparam com uma mancha de óleo e acabam contaminadas em poucos instantes, o que pode levar à morte até imediata.”
Nas redes sociais, pessoas têm compartilhado vídeos que mostram os animais cobertos de óleo. Na maioria deles, a população tenta arrancar a sujeira do corpo dos bichos.
Apesar das tentativas humanas, o processo de recuperação dos animais é complexo e envolve até medicamentos. Por causa da complexidade, o especialista alerta que voluntários não devem devolver imediatamente ao mar os animais atingidos pelo óleo. “A gente oferece barreiras, que são protetores gástricos, renais e hepáticos, porque o animal pode estar se contaminando pela mucosa, pela corrente sanguínea.”
Após 24 horas desse procedimento, é iniciada a descontaminação. O excesso de óleo é retirado das mucosas e partes moles do corpo. Os animais são lavados com água, detergente neutro e outros produtos. Em seguida, são colocados em um tanque com água salgada para que sejam assistidos por veterinários e biólogos. “Serão analisados processos de natação, alimentação e excreção. Se ele está eliminando óleo pelas fezes ou não. Quando o animal para de eliminar óleo pelas fezes, é um sinal de que a substância já não está mais no trato gastrointestinal.”
Ao longo de 30 anos de docência e pesquisa, Silva diz que jamais presenciou um problema tão preocupante. “Nunca vi nada igual. As cenas são as mais chocantes que já vi na vida.”
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