RIO – O leilão de 12 aeroportos, que rendeu R$ 2,37 bilhões ao governo, deve elevar os investimentos no país, na avaliação de empresas e analistas do setor aéreo. A portuguesa TAP, que tem no Brasil o seu maior mercado, pretende aumentar o número de rotas entre Rio e Lisboa. Hoje são dez voos por semana e dois para a cidade do Porto. A meta é aumentar as frequências em ao menos 50%.
Os planos da companhia aérea vão além do Rio. A empresa estuda a criação de novas rotas para duas cidades que tiveram seus aeroportos repassados à iniciativa privada na semana passada: Maceió e João Pessoa. O diretor-geral da TAP no Brasil, Mário Carvalho, avalia que a privatização dos terminais é o melhor caminho para o desenvolvimento do setor no Brasil.
— A privatização vai ajudar a atrair mais investimentos e permitir que as empresas aéreas ampliem suas atividades. Quando a TAP começou no Brasil, os aeroportos não eram internacionais, e isso trazia muita dificuldade. Para este ano estamos analisando criar rotas para João Pessoa e Maceió e vamos operar com um novo avião, o Airbus 321neo Long Range, de menor capacidade, mas com autonomia para atravessar o Oceano Atlântico — destacou Carvalho.
Impacto de ao menos R$ 7 bi
Para Claudio Frischtak, da Inter.B Consultoria, iniciativas como a da companhia tendem a aumentar após a privatização dos aeroportos:
— Um cálculo preliminar apenas do último leilão indica capacidade de investimento direto e indireto de R$ 7 bilhões como resultado da modernização dos aeroportos e do estímulo ao desenvolvimento regional.
O Nordeste tende a ser um dos pilares de crescimento da empresa. O executivo lembrou que a TAP acabou de assinar acordo de cooperação com os governos de Recife, Fortaleza, Salvador, Brasília e Rio de Janeiro. A parceria permite que turistas europeus permaneçam mais tempo em cidades do Brasil, ao acrescentar uma parada na passagem, sem pagamento adicional.
— Os governos locais vão fazer ações com o setor turístico, como hotéis e restaurantes. Essa plataforma deverá estar no ar no início do segundo semestre. Vamos assinar acordo de cooperação em breve com São Paulo — explicou Carvalho.
Um dos sócios da TAP, que foi privatizada em 2015, é o consórcio Atlantic Gateway, que reúne os empresários Humberto Pedrosa, do setor de transportes em Portugal, e David Neeleman, sócio-fundador da Azul. As duas companhias já têm parcerias comerciais, com a distribuição dos voos no Brasil. A Azul, inclusive, tem uma central de distribuição de voos em Recife. E pode aumentar sua presença no mercado caso sua proposta de compra das operações da Avianca seja bem-sucedida.
Com previsão de expansão de 15% este ano, Carvalho destaca que o Brasil é o mercado de maior peso para a TAP, com fatia da receita entre 23% e 25%, acima da de Portugal, de 20%.