A fabricante de papel e celulose Suzano / Fibria, melhor empresa do agronegócio desta edição de MELHORES E MAIORES, é fruto de uma série de uniões bem-sucedidas. A revelação foi feita na noite desta segunda-feira, durante cerimônia realizada na Sala São Paulo, na capital paulista. EXAME premia a empresa do ano desde 1974, na mais tradicional premiação do capitalismo brasileiro.
Há dez anos, a fabricante de celulose capixaba Aracruz uniu-se à paulista Votorantim Celulose e Papel, da família Ermírio de Moraes, para formar a Fibria, maior fabricante de celulose de eucalipto do mundo. Em 2018, a companhia teve receita de aproximadamente 3 bilhões de dólares, 114% superior à de 2017 e a maior desde sua criação. O lucro líquido, de 835 milhões, foi o triplo do ano anterior e também bateu recorde.
Mas 2018 marcou também um novo casamento para a Fibria. No início do ano, a empresa anunciou sua fusão com a concorrente Suzano Papel e Celulose, empresa controlada pela família Feffer e a segunda melhor do setor de madeira e celulose, com uma alta de 32% no faturamento do ano passado, para 3,4 bilhões de dólares, e um lucro líquido de 141 milhões.
A aprovação do negócio veio em novembro e as duas companhias começaram a operar juntas em janeiro de 2019, com dez fábricas, 1,3 milhão de florestas plantadas, três portos para exportação e participações em empresas de pesquisa em biotecnologia, agora sob o nome de Suzano S.A. “Estamos combinando duas empresas vencedoras”, diz Walter Schalka, presidente do grupo Suzano.
O foco da Suzano agora está na captura dos ganhos possíveis com a junção das operações. Eliminando a sobreposição de áreas, reorganizando o fornecimento de madeira para as unidades industriais, redistribuindo a produção de acordo com a proximidade dos clientes e negociando conjuntamente com fornecedores e compradores, a Suzano espera ter ganhos de até 900 milhões de reais por ano de 2019 a 2021. Mais 2 bilhões de reais também devem ser economizados em tributos com a associação.
As empresas que se juntaram na Suzano fabricaram em 2018 um total de 10 milhões de toneladas de celulose — 9% mais do que em 2017 — e 1,3 milhão de toneladas de papel — 9% acima do volume do ano anterior. Com isso, contribuíram com 46% da produção que faz do Brasil o sexto maior no ranking global de papel e celulose. O primeiro é a China, com 34% da produção mundial, ou 110 milhões de toneladas por ano; e o segundo, os Estados Unidos, com 17%. Mas a Suzano tem grandes vantagens em relação aos competidores chineses e americanos com os quais compete.
Seu custo de produção de celulose, de 697 dólares por tonelada, é o menor do mundo. A maioria dos produtos comercializados pela empresa brasileira, ligados a higiene pessoal, torna-se mais acessível e ganha novos mercados, especialmente na Ásia. Além dos papéis sanitários, a Suzano fabrica celulose do tipo fluff, usada na fabricação de absorventes higiênicos e fraldas descartáveis. Nas nações desenvolvidas, as compras de papel para imprimir têm caído por causa da digitalização, enquanto itens mais sofisticados, como o papel-toalha e os lenços umedecidos para limpar bebês e tirar maquiagem, vêm subindo. Ganha a Suzano.
O futuro da Suzano está sendo construído também com a diversificação do portfólio para além das áreas tradicionais. Novos usos para a fibra da celulose, como em tecidos, estão em estudo. Há ainda pesquisas sobre a nanocelulose cristalina, uma partícula que pode ser utilizada em curativos, acelerando a cicatrização de ferimentos, ou para deixar materiais de construção mais fortes. A lignina, substância extraída da parede celular das plantas, deve ser a base de um novo tipo de combustível. É assim que a companhia espera escrever novos capítulos de uma história centenária.
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