‘Sunday Service’: como foi a ‘missa de Páscoa’ de Kanye West no Coachella

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RIO — O mistério que intrigava os fãs de
Kanye West
desde o início do ano, quando
Kim Kardashian
começou a postar vídeos de uma espécie de pregação musical que o polêmico e talentoso rapper promovia na mansão do casal, chegou ao fim neste domingo.

Batizado de
“Sunday Service”
, o espetáculo teve sua primeira apresentação pública na manhã de Páscoa numa colina na área de camping do festival
Coachella
, com transmissão mundial ao vivo pelo YouTube — muito comentada, aliás, pelo uso de uma espécie de câmera olho de peixe, em que o espectador parecia estar assistindo pelo buraco da fechadura.

Desde as 9h (no horário local, 13h em Brasília), as redes sociais ficaram tomadas de mensagens ansiosas e intrigadas. Aos poucos, os muitos músicos e cantores do coral que acompanham Kanye na empreitada religiosa — no Brasil, comparada à “fase racional” de Tim Maia — marchavam em formação para a tal colina, numa espécie de ritual, com vestes em que se liam mensagens como “Espírito Santo” (vendidas a módicos U$ 225 dólares na loja do festival).

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Banda e coral de Kanye West no ‘Sunday Service’ Foto: Reprodução/YouTube

A apresentação em si só foi começar com quase meia hora de atraso, com longas e imersivas jams instrumentais do ótimo grupo — predominantemente negro — que Kanye arrebanhou, interpretando canções de Kool & The Gang (“Summer madness”), Stevie Wonder (“Do I do”) e The Gap Band (“Outstanding”) com clima jazzy, centradas no piano, na percussão e nos sopros.

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Na prática, Kanye & companhia promoveram uma grande pregação musical, com uma série de discursos e manifestações religiosas, baseada nas tantas canções com referências gospel que lançou em sua carreira — “Father strecht my hands pt. 1”, “Jesus walks” — e fazendo “versões para igreja” de outras, como “Fade”, “Power”, “All falls down” e “Otis”.

Por diversas vezes, como nas sequências “Ha ya” e “Lift him up” e “Follow me” e “Fade”, a entrada de synths e samples dava ao culto orgânico tons de house music e eletrônica — afinal, por que não? É uma missa pós-moderna.

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Chance the Rapper participou cantando ‘Ultralight beam’ Foto: Reprodução/YouTube

Kanye aproveitou para apresentar duas músicas novas, “We have everything we need” e “Water”, que devem fazer parte do disco resultante (“Yandhi”?) dessa fase ainda mais espiritural do rapper que já tinha lançado, em 2013, o álbum “Yeezus”.

O repertório de cerca de duas horas também contou com hinos gospel, como “Brighter day” (Kirk Franklin), “This is the day” (Fred Hammond) e “Oh Lord, how excellent” (Richard Smallwood), além de versões de “As” (Stevie Wonder) e “Back to life” (Soul II Soul).

Para os descrentes que achavam que o tal “Sunday Service” seria mais uma egotrip de um artista conhecida pela egolatria, Kanye provou que o conceito está muito mais para comunhão do que para o umbigo. Com seu cabelo pintado de roxo, ele quase não cantou, dando espaço para parceiros como a cantora Teyana Taylor (“Never would have made it”) e Chance the Rapper (“Ultralight beam”) brilharem.

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Kanye West se emociona no Coachella Foto: Reprodução/YouTube

A função de Kanye era muito mais a de uma espécie de mestre de cerimônia, ajudando a reger a banda e o coral, e incentivando a vibração dos músicos, que por vezes se infiltraram no meio do público. Kanye chegou a visivelmente se emocionar na apresentação, que contou ainda com a presença de Kim Kardashian e da pequena North West, de cinco anos.

Mesmo não sendo headliner (boatos dão conta de que o festival não conseguiu bancar a produção megalomaníaca pedida pelo artista), Kanye West causou o grande rebuliço do Coachella 2019, com sua missa/ritual pascal “Sunday Service” e a participação surpresa, na véspera, do show do parceiro Kid Cudi, com quem lançou o disco “Kids see ghosts” no ano passado.

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Multidão acompanhou a ‘missa’ de Kanye West no Coachella Foto: Reprodução/YouTube

Em tempos em que religião e juventude parecem se afastar cada dia mais, Kanye conseguiu por duas hora fazer os jovens do pagão Coachella (e tantos outros que assistiam em casa) ouvirem e cantarem a palavra. Não é pouco.



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