Brasília – O Supremo Tribunal Federal (STF) adiou para a quinta-feira o julgamento de um recurso que decidirá se de crimes corrupção e lavagem de dinheiro em casos relacionados a caixa dois de campanha eleitoral devem seguir para a Justiça Federal ou pela Justiça Eleitoral, com um sinal, a partir dos votos dados nesta quarta, de uma derrota futura para a operação Lava Jato.
O placar até agora do julgamento está em 2 votos — o relator Marco Aurélio Mello e o ministro Alexandre de Moraes — a favor da remessa de todas as investigações, eleitorais ou criminais, para a Justiça Eleitoral, e 1 voto — o de Edson Fachin, relator da Lava Jato no STF —, a favor de que a matéria exclusivamente de caixa dois siga para a Justiça Eleitoral, e os demais crimes para a Justiça Federal criminal.
A Força Tarefa do MPF da Lava Jato de Curitiba –a maior investigação de corrupção no país que completa 5 anos neste domingo– tem alertado para o risco de que, se o Supremo entender que cabe à Justiça Eleitoral todos os crimes, pode haver um impacto direto em investigações como a da operação e até o risco de haver anulação de investigações e ações em curso ou já concluídas por sentença, por não mais caber à Justiça Comum, Estadual ou Federal, analisar esses casos.
Uma definição da corte poderá ter impacto em investigações que envolvem, por exemplo, os ex-presidentes Michel Temer (MDB) e Dilma Rousseff (PT), e os ex-ministros do MDB Eliseu Padilha e Moreira Franco (MDB) e Guido Mantega (PT), além de parlamentares e ex-parlamentares de outras legendas. O assunto tem mobilizado também as redes sociais na qual uma hashtag #STFnaoMateALavaJato está entre as mais mencionadas no Twitter.
O plenário do STF analisou um caso que envolve o ex-prefeito do Rio de Janeiro Eduardo Paes (DEM) e o deputado federal Pedro Paulo (DEM-RJ) e que, após divergências entre as duas turmas da corte, servirá de base para a orientação futura de todo o Poder Judiciário.
Na sessão desta quarta, o voto de Moraes, a favor da remessa de toda a investigação para a Justiça Eleitoral, deve indicar uma derrota para a Lava Jato: isso porque, além do relator, já indicaram voto nesse sentido Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski, Celso de Mello, e o presidente do STF, Dias Toffoli.
DESAGRAVO
Antes da tomada de votos, Dias Toffoli fez um desagravo à Justiça Eleitoral dos ataques recebidos e anunciou uma representação ao Conselho Nacional do Ministério Público contra o procurador Diogo Castor, da força-tarefa da operação Lava Jato, por ter acusado, em artigo, manobra da corte ao transferir investigações de corrupção para a Justiça Eleitoral.
O julgamento será retomado na quinta-feira.