Nesta semana que antecede o eclipse solar total de abril, as sondas Solar Orbiter, da Agência Espacial Europeia (ESA) em parceria com a NASA, e Parker Solar Probe, um projeto exclusivo da agência americana, estão em aproximação máxima do Sol ao mesmo tempo pela primeira vez.
O que você vai ler aqui:
- A ESA e a NASA mantêm uma sonda para investigar o Sol desde 2020 chamada Solar Orbiter;
- Dois anos antes, a NASA lançou a sonda Solar Parker;
- Tanto uma quanto a outra fazem aproximações máximas periódicas ao astro;
- Durante esta semana, pela primeira vez, elas estão no periélio (ponto mais próximo do Sol) ao mesmo tempo;
- Os cientistas estão aproveitando a oportunidade para unir dados dos dois equipamentos no estudo do material ejetado pela estrela que flui pelo Sistema Solar – o chamado vento solar.
Ambas as espaçonaves têm órbitas muito excêntricas, voando perto do Sol para uma visão aproximada e, em seguida, recuando para longe, para dar à instrumentação a bordo a chance de se recuperar do calor intenso e da radiação.
Durante essa aproximação do Sol (chamada de periélio), tanto a sonda Solar Orbiter quanto a Parker estão em ângulos retos uma da outra enquanto olham para o Sol. Daniel Müller, cientista do equipamento europeu, explica por que esse posicionamento é especial. “Neste momento, temos uma configuração única, em que a Solar Orbiter tem seu conjunto completo de instrumentos apontados para a região do Sol onde o vento solar é produzido, que estará na mira da Parker Solar Probe algumas horas depois”.
Como será o trabalho conjunto das sondas da NASA e da ESA no estudo do vento solar
Como a Solar Orbiter está mais próxima do Sol, ela poderá observar a estrela com a mais alta resolução. A aproximação simultânea da Parker indica que pouco depois que as regiões de origem do vento solar forem fotografadas pela Solar Orbiter, o plasma desse material quase imaculado será amostrado no espaço por ela.
De acordo com um comunicado da ESA, isso permitirá que os cientistas entendam melhor a ligação entre o Sol e a heliosfera, a enorme bolha de plasma que ele sopra para o espaço.
No entanto, se durante a aproximação máxima a Solar Orbiter está a 45 milhões de km do Sol e a Parker Solar Probe a apenas 7,3 milhões de km de distância, como a primeira poderá observar algo que atingirá a segunda mais tarde?
Para responder a essa pergunta, precisamos analisar a diferença entre sensoriamento remoto e instrumentos in situ. Ambas as missões carregam os dois tipos de instrumentos a bordo, mas enquanto a Solar Orbiter contém mais instrumentos de sensoriamento remoto, a Parker tem principalmente instrumentos in situ (nenhuma tecnologia de câmera atual poderia olhar para o Sol de tão perto e sobreviver).
Os instrumentos de sensoriamento remoto funcionam como uma câmera ou como os nossos olhos. Eles detectam ondas de luz vindas do Sol em diferentes comprimentos. Como a luz viaja a 300 mil km/s, leva 2,5 minutos para chegar aos instrumentos da Solar Orbiter na maior aproximação.
Por sua vez, os instrumentos in situ da sonda Parker funcionam mais como nosso nariz ou papilas gustativas. Eles “saboreiam” diretamente as partículas e os campos nas imediações da espaçonave.
Sendo assim, a sonda Parker medirá partículas de vento solar que viajam para longe do Sol a velocidades de mais de um milhão de quilômetros por hora. Embora isso pareça muito rápido, é mais de 500 vezes mais lento do que a velocidade da luz.
“Em princípio, a Solar Orbiter sozinha pode usar os dois métodos”, afirma Andrei Zhukov, do Observatório Real da Bélgica, que está trabalhando nas observações conjuntas. “No entanto, a Parker se aproxima muito mais do Sol, então pode medir diretamente as propriedades do vento solar – como sua densidade e temperatura – mais perto de seu local de nascimento, antes que essas propriedades mudem em sua jornada para longe do Sol”.
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Os instrumentos da sonda Parker são projetados para coletar amostras da coroa do Sol (sua atmosfera externa), visando a região do espaço onde o plasma coronal se desprende para se tornar o vento solar. Isso dá aos cientistas evidências diretas sobre as condições do plasma naquela região e ajuda a identificar como ele é acelerado para fora em direção aos planetas.
Além de atingir seus próprios objetivos científicos, a sonda Solar Orbiter fornecerá informações contextuais para melhorar a compreensão das medições in situ da Parker. Ao trabalharem juntas dessa forma, as duas espaçonaves coletarão conjuntos de dados complementares, o que permitirá que mais ciência seja destilada das duas missões do que qualquer uma delas poderia conseguir sozinha.
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