Shopping centers se preparam para relaxamento da quarentena

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O som do saxofone não escondia que a quarta-feira, 22, seria uma data comemorativa para a cidade de Blumenau (SC). Enquanto a música Have You Ever Seen the Rain?, eternizada pela banda Creedence Clearwater Revival, tocava, um sem-número de consumidores ávidos invadia os corredores do shopping center Neumarkt. Ouviram, além da canção interpretada pelo saxofonista, uma salva de palmas dos funcionários do recinto, enquanto desfilavam sobre extensos tapetes vermelhos. Contudo, a aglomeração em clima de festa, que se deu pela reabertura do complexo comercial, é tudo o que autoridades da saúde não querem e recomendam neste momento. Com a disseminação do novo coronavírus pelo país, diversos estados estabeleceram decretos para o fechamento do comércio, a fim de evitar tumultos e estimular o contágio da enfermidade. Na segunda-feira 20, no entanto, o governador de Santa Catarina, Carlos Moisés (PSL), anunciou a liberação das atividades comerciais e religiosas no estado.

Segundo a Associação Brasileira de Shopping Centers, a Abrasce, 20 municípios em 10 estados já emitiram decretos para a reabertura parcial do comércio local – o que equivale a uma área com 62 complexos. A única federação a permitir a reabertura de forma massiva até o momento, no entanto, foi Santa Catarina. Mas, para voltarem a funcionar, os complexos precisam respeitar uma série de recomendações, como horário de funcionamento reduzido, restrição de pessoas por corredores, utilização de máscaras por parte de funcionários e consumidores e a higienização do local. “O ideal é ter um controle maior das pessoas que circulam nos corredores dos shoppings. Estamos estudando formas de fazer isso”, diz Glauco Humai, presidente da Abrasce. A despeito de decretos que permitem a reabertura dos estabelecimentos, o Ministério Público (MP) tem atuado em algumas cidades para prorrogar a quarentena. “Ainda estamos vivendo um momento de muita incerteza. Em Rondônia, por exemplo, tivemos um decreto para a abertura dos shoppings em Porto Velho, mas o MP cassou”, afirma.

Neste momento, a entidade estima que 15 shopping centers estejam funcionando – alguns deles com restrições de horário, outros com o funcionamento apenas de farmácias e supermercados. Humai explica que nem todas os estabelecimentos dos complexos devem voltar à atividade imediatamente – a reabertura de academias e cinemas, por exemplo, ficará para um segundo momento. “Entendemos que nesses estabelecimentos pode se ter mais aglomerações. A ideia é evitar isso num primeiro momento e ir reavaliando aos poucos”.

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Em São Paulo, estado que detém a maior parte de complexos comerciais do país (e também de casos de coronavírus), o governo sinaliza com uma reabertura gradual do comércio de rua a partir de 10 de maio – os shopping centers ainda não têm data prevista para a volta das atividades. “Esse é um entendimento que nós não concordamos, porque temos tanta ou mais segurança em shoppings do que nas lojas de rua. E o número de pessoas em shopping centers não se compara a uma aglomeração na rua 25 de Março”, opina. “Nós queremos isonomia entre shoppings e lojas de rua”.

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Para auxiliar os lojistas de shopping centers, a entidade afirma que a maioria dos 577 estabelecimentos espalhados pelo país efetuou medidas de isenção das taxas de fundo de promoção e propaganda e postergação do pagamento dos alugueis, o que teria gerado um fôlego de 1,5 bilhão de reais para os cofres dos lojistas. “O nosso interesse é manter o lojista lá. Nós veremos a situação dos alugueis que estão sendo postergados depois”, diz Humai. Com o afrouxamento das medidas restritivas pelo país, as empresas do comércio varejista listadas no Ibovespa, principal indicador do desempenho das ações negociadas na B3, ascenderam, puxando o índice de volta à marca dos 80.000 pontos na quarta-feira 22.





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