Saúde pública digital: como enfrentar as barreiras ainda existentes

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Após a pandemia, a digitalização da saúde foi potencializada. Observamos um avanço quando começou-se a falar mais sobre esse tema, passamos a ter mais investimentos neste setor e uma maior procura por soluções específicas. Porém, em termos de saúde pública, a transformação digital ainda está engatinhando.

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A necessidade de acelerar a digitalização fez com que o sistema de saúde pública se deparasse com mais barreiras culturais e tecnológicas. Em termos de tecnologia, a infraestrutura dos municípios brasileiros é um dos pontos de atenção: enquanto algumas cidades estão preparadas, grande parte necessita de investimento nessa área, como as localidades rurais, que, por muitas vezes, não têm acesso à internet e, consequentemente, não podem usufruir dos sistemas digitais em saúde.

Já a barreira cultural é, por muitas vezes, mais aparente que a tecnológica. Quando a transformação digital é colocada em prática, alguns processos anteriores também são modificados. Os sistemas de saúde passam a ter rastreio, registro e processos mais controlados. Com isso, não há brechas para o famoso “jeitinho brasileiro” em furar grandes filas ou ser beneficiado de alguma forma. Sabe-se que essa cultura se dá também pelo sistema de saúde pública no Brasil ser bastante concorrido, com indisponibilidade de vagas, protelação de exames, consultas adiadas ou postergadas e por ser o único acesso de milhares de pessoas a um sistema de saúde.

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Busca por soluções

Para mudar esse cenário caótico, é essencial empoderar o cidadão e o estado com tecnologia. Existem aplicativos que possibilitam agendamento de consultas, exames ou procedimentos sem a necessidade de sair de casa, como o Personal Health. Tudo é feito pelo celular. A pessoa pode ter na palma da mão o seu histórico em instituições de saúde, os medicamentos ministrados, possíveis comorbidades, alergias, entre outros dados. Isso faz com que os processos fiquem menos custosos para os municípios. Um exame de raio-X, que costuma ter a validade de seis meses, pode ficar registrado no aplicativo e ser usado em uma nova consulta dentro deste período. Assim, não há necessidade de refazer o exame caso a pessoa vá a outra unidade de saúde, otimizando tempo e não gerando custos desnecessários ao município.

Em termos de tecnologia para o Estado, existe uma solução para coleta de todos esses tipos de dados: o Prontuário Eletrônico (PEP), que agrega as informações de atendimento, seja de exames citopatológicos, de diabetes, de primeira consulta para gestantes, entre outros, se tornando um documento completo a ser submetido ao Ministério da Saúde. É por meio desses dados (atendimentos, processos, exames, consultas) que a pasta define o montante dos recursos disponíveis para as unidades. Os gestores municipais, preocupados com as contas públicas, também estão começando a se profissionalizar nesse sentido. Tendo acesso aos dados integrados a um sistema, eles entendem que a saúde é cara e que demanda receita. Com isso, a tecnologia se torna uma aliada.

Por causa deste processo, quando uma solução de saúde pública é adotada em um município, ela vai completa, ou seja, não é possível contratá-la em partes – o que considero ótimo para a compatibilidade perfeita e o bom funcionamento de todos os sistemas da instituição.

Apesar de ter muito o que se fazer, acredito que esse movimento em prol do digital vai crescer vertiginosamente. Em 2022, houve um aumento de mais de 100% nos pedidos e no lançamento de editais.

Nós, da MV, temos recebido um grande número de chamados e identificamos que municípios – que antes não estavam preocupados com a digitalização – começaram a solicitar informações e orçamentos depois da pandemia. Ou seja, perceberam a necessidade de algo a mais do que as ferramentas que o SUS oferece.

Vandre Dall Agnol, diretor da Unidade de Negócios Saúde Pública da MV, multinacional focada na Transformação Digital da Saúde no Brasil e América Latina

Imagem destacada: Shutterstock/Ju Jae-young

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