São Paulo teve duas manifestações contra as comemorações dos 55 anos do golpe militar. A maior manifestação ocorreu no Parque do Ibirapuera, no fim da tarde. Pelos cálculos de membros da Guarda Civil Municipal, entre 5 mil e 8 mil pessoas participaram. Muitas usavam preto – um dos pedidos que circularam pelas redes sociais – e uma caminhada em silêncio teve início rumo ao monumento em homenagem aos mortos e desaparecidos políticos, próximo ao portão 10 do parque.
No meio da tarde, o ponto de encontro foi a Avenida Paulista. Um grupo entre 100 e 200 pessoas se concentrou nas proximidades do Masp com bandeiras vermelhas do Partido da Causa Operária (PCO) e do PC do B, além de cartazes com os dizeres “Lula Livre”.
Muitas pessoas usando roupas pretas passavam pelos manifestantes dos dois partidos, mas não paravam. A manifestação, agendada para 16 horas, começou antes e durou cerca de duas horas. O discurso mais efusivo foi de Antonio Carlos Silva, dirigente do PCO, que encerrou o evento por volta de 16h30. Ele acusou a esquerda de não se dar conta do que está acontecendo.
– Sorte dele (Bolsonaro) é o azar do povo. Tem que fazer o que foi feito com Collor na década de 90, colocar para fora – afirmou Silva, fazendo referência ao impeachment do ex-presidente Fernando Collor de Mello.
Silva reconheceu que a manifestação na Paulista foi reduzida. Sem ser importunado por bolsonaristas, Silva disse que os “coxinhas”, que costumavam repelir os atos feitos pela esquerda no período pré-eleição, “agora sumiram”. Ao fim da manifestação, porém, um grupo de pessoas contra o golpe de 1964 trocou insultos e agressões com apoiadores da ditadura e de Bolsonaro em outro ponto da avenida, perto da sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo. Cabos de madeira foram usados na agressão. A Polícia Militar registrou o caso como “desentendimento” e informa que encaminhou participantes para o 78º Distrito Policial.