Os casos de coronavírus seguem avançando no estado de São Paulo e podem levar a medidas de isolamento social mais rígidas. Em entrevista publicada nesta segunda-feira no jornal O Estado de S. Paulo, o governador João Doria (PSDB) afirmou que o lockdown, a medida mais rígida de isolamento, pode ser decretado no estado se o comitê estadual de saúde julgar necessário. “Em São Paulo vai prevalecer a decisão médica, da ciência e da saúde”, afirmou.
O governador afirmou ainda que em caso de lockdown só se desloca quem está em áreas de absoluta necessidade, como segurança pública, saúde, serviços básicos e abastecimento. Um dado decisivo para o estado chegar a essa decisão, explicou Doria, é o esgotamento de leitos de leitos de UTI. “É tudo que não desejamos”, afirmou.
Ainda no começo da manhã desta segunda (18), em entrevista à rádio CBN, o governador explicou que o lockdown é constantemente analisado, mas não será anunciado de uma hora para a outra.
“Esse protocolo [o lockdown] existe, está pronto faz tempo, mas ele não é iminente. Não há perspectivas de sua aplicação imediata. Esse protocolo só será colocado em prática se o comitê de saúde do estado assim determinar”, declarou o governador, que afirmou que o aviso será feito com antecedência.
“Todos os dias o comitê se reúne virtualmente, às 11h30 da manhã, para avaliar o lockdown”, acrescentou o governador, que explicou que o número de leitos de UTI disponíveis e a taxa de isolamento acima de 50% é que vão determinar se haverá o endurecimento da quarentena.
Doria também disse à CBN que na quarta-feira (20) fará um anúncio sobre a segunda fase da testagem em massa da população de São Paulo. “Nós compramos mais 2 milhões de testes, e eles já começaram a ser feitos, priorizando os profissionais de saúde e de segurança pública. Depois dessa fase, que deve terminar na quarta-feira, devemos iniciar a próxima”, disse.
Os índices de isolamento social seguem muito abaixo da meta de 70% determinada pela autoridades. No fim de semana o número de mortos por coronavírus no estado chegou a 4.688, superando a China. Se fosse um país, São Paulo seria o décimo terceiro em número de mortes. O número de casos passou de 62.000, o que seria suficiente para fazer de São Paulo o décima quarto país, logo atrás do Canadá e acima da Bélgica.
A capital do estado, sozinha, tem 2.760 mortos e mais de 3 mil casos suspeitos. Ontem, o prefeito, Bruno Covas, afirmou que a cidade está perto do colapso no sistema de saúde, com 90% ocupação de 90% nos leitos de UTI e de 76% nos leitos de enfermaria. Covas disse ainda que o lockdown na cidade depende de uma decisão do governo do estado, uma vez que ele não tem poder de polícia. Covas voltou a afirmar que a cidade precisa “desacelerar” para diminuir o ritmo de contágio.
Sem elevar níveis de isolamento social, a prefeitura de São Paulo anunciou neste domingo (17) o fim do rodízio ampliado. A circulação de carros na capital paulista volta ao normal, com a restrição de acordo com o número final da placa e o dia da semana.
No fim de semana o Brasil ultrapassou Espanha e Itália e agora é o quarto país com mais casos de coronavírus, atrás apenas de Estados Unidos, Rússia e Reino Unido. São 241.080 casos confirmados e 16.118 mortes. Nesta segunda-feira o Pará ampliou o lockdown para mais sete municípios. Cidades do Maranhão, Ceará e Rio de Janeiro também já decretaram regras mais rígidas de isolamento social.
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