Diante dos presidentes da Fifa e da Conmebol, Rogério Caboclo tomou posse nesta terça-feira do cargo de presidente da CBF, mandato que exercerá pelos próximos quatro anos. O dirigente substituiu o coronel Nunes, que ocupou a cadeira desde dezembro de 2017, por ocasião do afastamento de Marco Polo Del Nero.
Aos 46 anos, Caboclo toma conta de vez do poder da CBF, após exercer cargos de muita influência na entidade. Ele foi diretor financeiro, passou a ser diretor executivo de gestão (um CEO) e agora colhe os frutos da eleição vencida em abril do ano passado.
– Vivemos um momento decisivo, se queremos ter o melhor futebol do mundo. Precisamos acelerar a nossa evolução, dentro e fora do campo. Meu orgulho é do tamanho da responsabilidade que assumo hoje. Quem me conhece, sabe que sou inconformado. Acredito que podemos fazer mais e melhor. Sou bom ouvinte, capaz de acolher críticas e de envolver mais gente no processo de decisão. Essa será duas marcas da minha gestão – disse Caboclo.
Caboclo tem um pacote de medidas para os primeiros dias de novo governo. E nisso entram a troca no comando da arbitragem – entra Leonardo Gaciba – e a decisão de mexer no calendário, reduzindo as datas dos Estaduais (caindo de 18 para 16). A partir desta quarta-feira, a CBF irá colocar no ar o portal de governança, por meio do qual tornará público o estatuto da entidade.
– Nossa gestão será construída sob dois pilares: o da integridade e da eficiência. Não posso esconder o grau de consciência do desgaste de imagem que a CBF teve nos últimos anos. Vamos aumentar os controles de governança, risco e conformidade. Aplicaremos com toda energia o nosso código de ética. Não vou tolerar prática duvidosa ou desvio de conduta – disse o presidente empossado.
A lista de anúncios de Caboclo foi extensa. Uma das novidades é o conselho de craques que foi montado. Os membros são: Cafu, Ricardo Rocha, Muricy Ramalho, Jairzinho, Careca, Carlos Alberto Parreira, Zinho, Gilberto Silva, Juninho Paulista, Pretinha e Michael Jackson.
– O conselho de craques será órgão consultivo, técnico e independente. Vai analisar e repensar todas as áreas do futebol, com o objetivo de melhorar a prática e as normas – disse o dirigente, ressaltando que Juninho Paulista será o novo diretor de desenvolvimento da entidade.
Linha de sucessão
Rogério Caboclo tornou-se presidente da CBF por ter recebido a bênção de Del Nero na corrida presidencial. A articulação inviabilizou a candidatura de um opositor, neutralizando a iniciativa do presidente da Federação Paulista, Reinaldo Carneiro Bastos.
O novo mandatário do futebol brasileiro nunca foi conhecido pela habilidade na articulação política e também era visto com ressalvas pelos presidentes das federações estaduais, já que sempre foi metódico e dizia “nãos” a diversos pedidos – na maioria das vezes, eles envolviam dinheiro. Só que Caboclo tem investido mais no relacionamento político dentro do futebol – e em várias esferas.
Não por acaso, conseguiu achar espaço na agenda do presidente da Fifa, Gianni Infantino, para que estivesse no evento desta terça-feira, no Rio de Janeiro.
– É muito importante para o futebol mundial que a CBF seja uma associação forte, poderosa, profissional. Também na América do Sul e no mundo. Estou muito feliz de estar aqui hoje com meu amigo Rogério. É um dia especial, de orgulho. É um dia importante. Como a Conmebol, a Fifa vai estar ao lado da CBF e trabalhando com a CBF – disse Infantino.
Na Conmebol, Caboclo entrou de forma oficial no Conselho da entidade durante a manhã. O trânsito é bom também pelo fato de o dirigente estar à frente do Comitê Organizador da Copa América deste ano.