Risco do Fórum de Santiago, ou Prosul, é repetir os erros da Unasul

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Uma das peculiaridades da América Latina é a fragmentação política, em contraste com a insistência dos 35 governos na busca de um modelo de coordenação de processos integracionistas.

No conjunto, se percebe uma vontade de integração, e isso foi determinante na criação da Associação Latino-Americana de Integração (Aladi), nos anos 80, possibilitando o Mercosul, obra bem-sucedida da diplomacia do Brasil e da Argentina.

À margem escassas vitórias, tem-se a perenização de uma miríade de organismos, instrumentos e instâncias para integrações sub-regionais, regionais, pan-regionais e multilaterais sem nenhuma eficácia. E com padrão de custo operacional superior à escala da própria ineficiência.

O mais novo produto é o Fórum de Santiago, ou Prosul, criado pela burocracia da Colômbia e do Chile, inaugurado há duas semanas com respaldo de Brasil, Argentina, Equador, Paraguai, Peru e Guiana. É uma espécie de “clube” de governos que dizem cultuar “a plena vigência da democracia, das respectivas ordens constitucionais, do respeito aos princípios de separação dos poderes do Estado, da promoção, da proteção, do respeito e da garantia aos direitos humanos e às liberdades fundamentais”.

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Na prática, o Fórum de Santiago foi instituído por líderes, de centro e de direita, empenhados na desconstrução de marcas dos antecessores, de centro e de esquerda. O alvo foi a Unasul, principal projeto regional do governo Lula, apoiado pela Venezuela de Hugo Chávez e a Argentina de Néstor Kirchner.

O tempo mostrou que a preocupação de Lula, Chávez e Kirchner nunca foi a integração, apenas a fantasia da imposição de um contraponto à influência dos Estados Unidos na Organização dos Estados Americanos (OEA). A megalomania resultou na irresponsabilidade de um gasto de US$ 150 milhões com duas sedes, no Equador e na Bolívia. Seguiu-se um naufrágio na mais absoluta inoperância. A sede em Quito virou prédio-fantasma. A de Cochabamba é ocupada com cerimônias de casamentos e formaturas.

É idêntico o risco inerente ao Fórum de Santiago. Não basta mudar de marca ideológica e exibir a placa “sob nova direção”. Falta definir um caminho comum, pragmático, e um cronograma de ações viáveis para acelerar, de fato, a integração na América do Sul. A iniciativa para um “corredor bioceânico” Brasil-Chile é alentadora. Os signatários do novo acordo precisam agir rapidamente. Caso contrário, repetirão os antecessores na renovação de um monumento político ao nada, eventualmente a menor custo.



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