Presidente do Chile rechaça comentário de Bolsonaro sobre Bachelet e pai

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O presidente do Chile, Sebastián Piñera, rejeitou nesta quarta-feira (04) a menção feita por Jair Bolsonaro ao pai da ex-presidente chilena e alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, que morreu torturado em 1974 durante a ditadura de Augusto Pinochet.

“Não compartilho a alusão feita pelo presidente Bolsonaro a uma ex-presidente do Chile e, especialmente, num assunto tão doloroso quanto a morte de seu pai”, disse Piñera em comunicado público no Palácio do Governo.

O presidente chileno também afirmou que qualquer pessoa pode ter o “próprio julgamento histórico” sobre os governos do seu país nas décadas de 1970 e 1980, mas ressaltou que tais opiniões “devem demonstrar respeito às pessoas”.

Já em relação às declarações feitas por Bachelet por ocasião do primeiro aniversário da sua nomeação na ONU, nas quais alegou que “1.291 pessoas foram assassinadas pela polícia” apenas em São Paulo e Rio de Janeiro, Piñera afirmou que devem ser apresentadas evidências para respaldar as palavras.

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“As declarações dadas pela alta comissária devem ser devidamente justificadas com antecedentes e as evidências correspondentes, que não foram acompanhadas publicamente nesta ocasião”, afirmou o presidente chileno.

Ao mesmo tempo em que Piñera dava a entrevista coletiva, o Ministério das Relações Exteriores chileno emitiu uma declaração do chanceler Teodoro Ribera, que fará amanhã uma visita a Brasília já previamente agendada.

“Hoje, Michelle Bachelet exerce o cargo de alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, e suas declarações e decisões são um assunto próprio de tal organização e dos Estados aos quais ela se refere”, diz o comunicado.

O governo de Piñera é do campo da direita, mas já não havia endossado manifestações anteriores de Bolsonaro em favor do regime de Pinochet.

Bolsonaro havia afirmado nesta quarta-feira (04) que Bachelet se intromete na soberania e nos assuntos internos do Brasil após a ex-presidente do Chile apontar um aumento da violência policial e uma redução do “espaço cívico e democrático” no país.

Segundo Bolsonaro, Bachelet segue a mesma linha do presidente da França, Emmanuel Macron, com quem o brasileiro travou um embate sobre questões ambientais.

“Michelle Bachelet, comissária dos Direitos Humanos da ONU, seguindo a linha do Macron em se intrometer nos assuntos internos e na soberania brasileira, investe contra o Brasil na agenda de direitos humanos (de bandidos), atacando nossos valorosos policiais civis e militares”, escreveu Bolsonaro em publicação nas redes sociais.

“Diz ainda que o Brasil perde espaço democrático, mas se esquece que seu país só não é uma Cuba graças aos que tiveram a coragem de dar um basta à esquerda em 1973, entre esses comunistas o seu pai brigadeiro à época”, acrescentou Bolsonaro.

Foi uma referência ao ano de início da ditadura militar chilena de Pinochet. Alberto Bachelet, pai de Michelle, foi um brigadeiro-general chileno da Força Aérea do Chile que se opôs ao golpe. Ele foi preso e submetido a tortura por vários meses até sua morte por ataque cardíaco sob custódia.

Na manhã desta quarta-feira, ao sair do Palácio da Alvorada, Bolsonaro disse que Bachelet “defende direitos humanos de vagabundos” e se dirigiu a ela:

“Senhora Michelle Bachelet, se não fosse o pessoal do Pinochet derrotar a esquerda em 1973, entre eles o teu pai, hoje o Chile seria uma Cuba. Eu acho que não preciso falar mais nada para ela. Quando tem gente que não tem o que fazer, vai lá para a cadeira de Direitos Humanos da ONU”.

Bolsonaro tem um longo histórico de defesa da ditadura e da tortura ao longo da sua carreira política.

Em julho, atacou a memória do pai do presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, morto pela ditadura militar brasileira, com informações falsas.

As críticas a Bachelet também foram replicadas por Eduardo Bolsonaro, deputado federal e filho do presidente, indicado para a embaixada em Washington DC, considerado o principal posto da diplomacia brasileira. O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, disse que Bachelet está mal informada.

Bachelet foi presidente do Chile em duas oportunidades, de 2014 a 2018 e de 2006 a 2010. Ela assumiu o posto de alta comissária da ONU para os Direitos Humanos em setembro do ano passado.

Bolsonaro não é o primeiro líder latino-americano que ataca Bachelet recentemente. Em junho, a alta comissária foi para a Venezuela e denunciou violações de direitos humanos, incluindo torturas e esquadrões da morte, após entrevistas com dezenas de pessoas.

O relatório foi atacado pelo presidente venezuelano Nicolás Maduro, que o considerou “profundamente lesivo à dignidade do povo venezuelano”.



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