Portugal quer aumentar interesse de mulheres no mundo militar

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Lisboa — Portugal quer mais mulheres nas Forças Armadas e a estratégia para atingir essa meta passa por implantar escolas em quartéis e ter um conselheiro de gênero no Estado Maior, um ambicioso plano que não admite mais demoras e é essencial, de acordo com especialistas, para representar a sociedade.

O projeto chega com os frequentes discursos cheios de boas intenções, em um documento guia para os militares, o “Plano Setorial para a Igualdade na Defesa Nacional 2019-2021”.

O texto foi apresentado em 8 de março, Dia Internacional da Mulher, e defende o recrutamento de mais mulheres como um “objetivo estratégico”.

Atualmente apenas 20% dos membros que compõem as Forças Armadas de Portugal são mulheres, entre civis e militares – no último caso o que mais tem carências, só 11% são mulheres.

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Aumentar essa quantidade é fundamental, segundo o Ministério da Defesa, não só para que ocorram menos desigualdades, como para que exista “uma participação mais representativa da sociedade portuguesa na Defesa Nacional”.

Ao todo, foram lançadas 30 medidas em três grupos: “igualdade”, “conciliação” e “formação”, entre os quais se destaca a “criação de estruturas de apoio à infância que contribuam para a conciliação entre a vida profissional, pessoal e familiar, como creches e jardins da infância” e “serviços de apoio à monoparentalidade, salas equipadas para crianças e ocupação do tempo livre”.

E tudo isto não é desejo. Essas são ordens a serem cumpridas já, segundo revelaram à Agência Efe fontes ligadas ao ministro da Defesa de Portugal, João Gomes Cravinho.

“Estes espaços estarão em toda a esfera da Defesa nacional, tanto no ministério quanto nas unidades militares e nos cursos de formação, em todos os organismos”, destacaram as fontes.

Não há previsão do impacto que o plano pode trazer, mas ele já está em fase de implementação, e Exército, Marinha e Aeronáutica buscam estas instalações para adaptar os espaços “com a ajuda de um grupo de igualdade”.

“A ideia é começar já em 2019, embora o cumprimento seja gradual até 2021”, enfatizou a fonte próxima ao ministro.

E as escolas não serão só para as militares.

“Apesar de a maternidade estar mais associada à mulher, esperamos que esta medida tenha impacto também nos homens, porque hoje em dia eles já perceberam os desafios da paternidade”, explicaram.

As Forças Armadas assumem, assim, que os homens militares têm uma responsabilidade inevitável nesta questão.

“Esperamos que também tenha impacto no desempenho profissional dos homens e que se promova a igualdade entre gêneros na Defesa nacional”, insistiram.

Outra iniciativa para atingir esse objetivo é a criação da posição do conselheiro de gênero no Estado Maior Geral das Forças Armadas e nos três corpos militares, a “promoção da paridade” em todos os níveis de comando e o projeto de divulgação “Militar por um Dia”, destinado às adolescentes.

“Para combater estereótipos e preconceitos culturais, os símbolos são da maior importância. Mudar a imagem e dar visibilidade às mulheres que diariamente atuam em áreas consideradas masculinas tem que ser parte dos nossos esforços”, disse o ministro da Defesa de Portugal ao apresentar o plano.

O governo de Portugal quer com isso que as profissionais que já fazem parte das Forças Armadas sejam mais vistas e sejam protagonistas “pilotando aviões, comandando navios, liderando forças em operações”.

“Mulheres generais, submarinistas e paraquedistas. Enfim, em todas as funções. Queremos uma Defesa que dê as condições para que as mulheres possam também sonhar com estas carreiras. Conseguir isso é, em primeiro lugar, uma contribuição para ter as Forças Armadas mais preparadas e mais competentes”, acrescentou o ministro.

Nada novo no discurso, mas agora parece que a mudança começa a se tornar realidade.



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